Há uma escola, um contentor, ciganos – e logo a seguir, polémica. Fala-se de racismo – mas logo chega a responsável, directora-regional de educação do Norte, Margarida Moreira, e até fala em discriminação positiva. Como eu, muitos bloguers se lembraram deste nome e de polémicas passadas. Tomás Vasques não resiste e escreve: “Não sei quem fala verdade, mas a D. Dren – aquela senhora que mal sabe escrever – só arranja encrencas. Mal sai de uma, entra logo noutra. É preciso ter faro”. No 31 da Armada, o dia começa também com ela: “A Senhora Directora (..) conseguiu explicar que manter crianças ciganas separadas em contentores é uma forma de discriminação positiva. Hoje, como noutros tempos, é preciso prevenir o bem estar das minorias evitando que se sintam intimidadas com a presença das maiorias. Isto foi hoje, às oito da manhã. É meio dia e a senhora
continua em funções”. A meio da tarde era já Afonso Azevedo Neves quem notava, “são 17:30, A tal Margarida Moreira ainda está em funções?”.
Daí para a frente, são opiniões: “Estou perfeitamente estupefacto com o facto de no meu país ser possível colocar crianças de uma etnia afastadas das outras crianças e colocadas num contentor”, escreve Luís Menezes Leitão no blog Lei e Ordem: “Só por humor negro se pode chamar a isto "um caso intermédio de integração”. (...)
Alguém deveria explicar aos apoiantes desta solução o que sente uma criança numa escola, quando vê os seus colegas colocados num edifício normal, e ela própria ser levada para dentro de um contentor, apenas por causa da etnia que tem. Mas pelos vistos a capacidade de indignação é algo que começa a escassear nos tempos que correm”.
A ver pelo mundo dos blogues, indignação não falta e um bom exemplo é o post de João Luís Pinto no Insurgente: “Só podemos mesmo pasmar e interrogarmo-nos: se o contentor fosse um luxuoso lounge e se as criancinhas fossem todas brancas, numa população escolar toda cigana, também seria “discriminação positiva”? Ou era “negativa”?
A autorização dos pais basta para sustentar a segregação, mas a sua decisão já não é valida para escolher a maneira como o seu filho é educado?
Tudo isto tresanda a hipocrisia, e testemunha o desnorte generalizado das mais variadas instâncias políticas, aos mais diversos níveis”.
No blog Pressa de Chegar, Jorge argumenta com o falso moralismo e sou tentado a concordar com ele: “Este assunto não é uma causa anti-socialista, não é uma questão de esquerda, não é uma cabala. É puro e simples chico-espertismo na resolução de uma situação incómoda. Daquelas que ninguém quer aturar. E é por isso que é discriminação pura. Aliás, tudo estaria na paz do senhor se ninguém tivesse dado com a língua nos dentes”. Faz sentido, neste quadro, o que escreve Daniel Santos no blog 2711: “não sei se o caso é de racismo ou não, mas que algo está podre e precisa de ser mudado, é uma certeza”.
Parece evidente que muitas coisas estão podres no nosso mundo social – e que em ano de eleições tudo, literalmente tudo, será aproveitado. Este é apenas um caso – muitos por aí virão no mesmo caminho.