E num só dia, a educação voltou a dominar a agenda nacional, os rankings voltaram à ordem do dia, mas o que mais mexeu com o mundo dos blogues foi mesmo os resultados dos exames do 9º ano de Matemática, que de um ano para o outro se tornaram um caso de sucesso: 97 por cento das escolas obteviveram uma classificação positiva. No ano passado, apenas 66 por cento tinha conseguido tal obra.
“O facilitismo colhe resultados... estatísticos!”, comenta António de Almeida no blog Direito de Opinião, que classifica as provas como “básicas” e sugere que para o ano “permitam cábulas e coloquem um explicador ao lado de cada aluno, talvez possam alcançar a excelência, 100% de resultados positivos, o eduques está imparável”.
JRV, no Activismo de Sofá, adapta o provérbio popular: “Quando os resultados são grandes, o povo desconfia”. E acrescenta: “Como já se tornou de senso comum, os exames parecem ter sido feitos para “facilitar um pouco mais” (...). Não vejo que tal represente uma qualquer catástrofe uma vez que, nos anos anteriores, a proliferação de chumbos também não demonstrava mais do que uma perfeita desadequação entre o que é ensinado nas escolas e o que é sujeito a exame (...). O Ministério da Educação e a sua titular acabam, no entanto, por sair muito mal desta fotografia ao insistirem que esta melhoria é apenas o resultado de um maior esforço de alunos e docentes. Ó meus amigos, o povo é distraído, mas nem tanto…”. Nada distraído, Filipe Tourais, no blog Pais do Burro, é peremptório: “Sucesso total rumo ao analfabetismo certificado”: “A tutela insistiu que é consequência do maior esforço de alunos e docentes. Todos os professores que conheço queixam-se que uma grande maioria de alunos que chegam ao 12º ano lêem mal e escrevem ainda pior. Sobre os conhecimentos em matemática, nem falar”. Nuno Ramos de Almeida, no Cinco Dias, também tem nome para estes dados: chama-lhes “Estatística de Potemkin” e explica: “A verdadeira realidade é como o Natal: é aquilo que um ministro quiser. O encarregado das estatísticas é apenas uma espécie de rena do trenó. Por uma questão de facilidade e rigor histórico podem chamar ao doce quadrúpede de Potemkin.”. Rodrigo Moita de Deus segue o seu instinto e faz humor, reproduzindo um presumível Excerto do exame de Matemática do 9º ano: “Um magalhães mais um magalhães é igual a quantos magalhães?”.
No meio desta discussão, vem o Conselho Nacional da Educação propor ao governo o fim das reprovações no ensino básico. A noticia foi do Diário Económico e parecia a cereja em cima do bolo. Deixo uma amostra do nível dos comentários que li. Está no blog Geração Rasca e é assinado por Leonor Barros: “No futuro, insucesso será um conceito obsoleto no Ensino, mesmo que o povo não saiba ler uma letra do tamanho de um camião. Quanto mais ignorantes melhor. As ditaduras alimentam-se da ignorância”. O tema promete, isso podem ter a certeza...