Não vou ser original, porque felizmente aqui na Antena Um, no excelente programa Visão Global, já passou uma reportagem – mas na verdade descobri o blog, que é diferente do facto.
O facto é: a Biblioteca Municipal de Proença-a-Nova criou um projecto, o Bibliomóvel, que não é mais do que uma pequena biblioteca ambulante que vai de aldeia em aldeia, com regularidade e o mesmo bibliotecário, levar livros, revistas, até mesmo DVD’s, aos potenciais leitores daquelas paragens recônditas.
Nuno Marçal, o bibliotecário, criou então um blog onde conta alguns episódios da sua actividade diária, mas essencialmente publica fotografias da relação entre livros e leitores, papel impresso e quem o devora. Fotografias com arte e engenho, que nos tocam pela simplicidade, pela sensibilidade, e por um olhar que chega a ter dons de jornalismo de cidadania. Imagine-se o que pode captar um fotógrafo que anda numa carrinha cheia de livros nas aldeias de Proença-à-Nova...
E quando toca às “Crónicas de um Bibliotecário-Ambulante”, a coisa é assim:
“Num tempo em constante devir, em que os mais novos desistiram de ouvir e falar com os mais velhos e sábios, a Bibliomóvel tem sido um ponto de encontro de gerações.
Foi agradável assistir à reunião de três gerações representadas por Avó, Mãe e Filha numa animada conversa em que o tema era os livros e a leitura.
Á chegada da Bibliomóvel estão sentados num velho banco de pedra os “habituais” que versam sobre o tempo, meteorológico e cronológico, ainda pouco habituados a uma presença estranha, procuram no olhar e nos gestos sinais de confiança que a pouco e pouco se vai conquistando.
Sentadas num vão de escadas de uma casa abandonada pelas gentes e pelo tempo, Mãe e Filha falam sobre a “Vida” tema invariavelmente frequente nas conversas de todos os dias...“
E não leio o resto: espero que os ouvintes desta Janela aproveitem o tempo de férias para descobrir também estas preciosidades que vos trago. No final da crónica, o bibliotecário ambulante escreve: “O manancial de histórias de vida vai assim fluindo ao ritmo da ribeira que ao lado corre desmesuradamente e que sem barragem para a conter se irá perder”. O resto está lá no blogue, em opapalagui.blogspot.com.