João Cravinho deu uma entrevista e marcou a agenda: o tema da urgência no combate à corrupção voltou à ordem do dia. E voltou bem, não se desse o caso de Alberto Martins responder dizendo que O PS «não recebe lições de combate à corrupção» de Cravinho… Escreve Afonso Azevedo Neves no blog Grande Alface: “e também não recebe lições do PCP nem do BE, (...) não recebe lições de moral, lições de consciência, de ninguém!! Não recebe lições nem aprende nada. Um dia ainda chumba!”
No blog Natureza do Mal, Luís critica também a atitude do PS face às declarações de Cravinho: “Foi sempre assim na má política: é mais fácil desqualificar um opositor que perder meia hora com as suas razões”.
Henrique Raposo, no Atlântico, alarga o debate e escreve: “O PS não fica nada bem tratado. E o que faz o PSD? Não vi nada hoje, mas aposto que nada. E o CDS? Idem. O problema não é deste ou daquela partido. É do "sistema de partidos" em geral”. Com esta ideia concorda Paulo Ferreira no Câmara de Comuns: “todos os partidos políticos, todos os grupos de interesse na sociedade, todos os sectores de actividade, sabem do que se está a falar, de algo mau, grave (...) Juntem-se todos os actores interessados e com poder de intervenção, comunicação social e professores incluídos, haja um verdadeiro consenso neste combate”.
Consenso pode haver, acção é mais difícil – e José Carlos Guinote, no blog Pedra do Homem, tem razão quando lembra que “O PS não fez do combate à corrupção uma prioridade desta legislatura quando, com a maioria absoluta e com deputados como Cravinho, tinha todas as condições políticas para liderar esse combate e (...) promover uma efectiva mudança estrutural”. Luís Novais Tito, na Barbearia do Sr. Luís, nota que “em vez de serem levantados os processos de investigação, levantaram-se os processos de intenção. Não faltou quem lembrasse (a João Cravinho) que tinha deixado cair a luta travada em tempo e que agora não tinha moral para voltar à carga, como se na altura João Cravinho não tivesse feito tudo o que estava ao seu alcance e não o tivessem barrado. Entretanto, quanto à denúncia pública, ninguém agiu”. No mesmo sentido acaba por ir Paulo Gorjão no Vox Pop quando diz “Independentemente dos vícios e das virtudes do mensageiro, o que conta é a mensagem. A mensagem, se faz favor”. Então lembra: “Sobre a substância das afirmações de Cravinho, o PS não as refuta. A resposta assentou em dois eixos: por um lado retórica, pura e dura; por outro, um fortíssimo ataque ad hominem”. Ora, “João Cravinho não denunciou “apenas” que a grande corrupção está a aumentar, (...) fez denúncias muito concretas”. Mas lá está, sobre essas denuncias fala-se pouco – e com Agosto a chegar, o debate vai ficar certamente em águas de bacalhau. E é pena.