E hoje para algo diferente: às vezes, um blog também serve para termos noticias, ou sabermos por onde andam, o que fazem, o que escrevem pessoas que admiramos, conhecemos, respeitamos.
Exemplo: Manuel Jorge Marmelo é escritor, jornalista, obviamente do Porto. Já várias vezes o citei nesta Janela, dado ser também um bom observador do país e dos seus dramas e fatalidades.
Bom, ao ler hoje o blog dele, Teatro Anatómico, deixei-me embrenhar por um texto que começava assim:
“Pensamos com palavras e comunicamos com palavras. Talvez por isso, poucas coisas vendam tão bem uma cidade como uma frase de efeito. Nova Iorque é a que nunca dorme, Roma é a eterna e Paris a cidade-luz. Não há quem ignore que o Rio de Janeiro é maravilhoso mesmo sem lá ter ido jamais. Pois bem. Se tivesse o poder de escolher umas poucas de palavras que pudessem ajudar a vender o Porto, creio que copiaria uma que o catalão Enrique Vila-Matas escreveu no romance “A Viagem Vertical”: o Porto é diferente de tudo.
Vila-Matas, sabê-lo-ão vocês tão bem como eu, ou até melhor do que eu, é um exagerado. O Porto talvez não seja diferente de tudo, nem a Livraria Lello, da Rua das Carmelitas, a mais bonita do mundo. Será uma das mais fascinantes e belas livrarias do mundo, mas, para ser tão categórico como o catalão, teríamos que conhecer todas as livrarias do planeta, coisa que sinceramente não parece ser possível. E quando Mayol, o personagem barcelonês que vem ao Porto podendo ter escolhido ir a Paris, diz que só aqui viu o mar a sério, com as ondas avançando até à orla em “malévolos clarões”, “reluzentes como se fossem de vidro, tensas como cobras”, é absolutamente preciso que não nos deixemos ludibriar. É muito possível ver o mar a sério noutras cidades e noutras paragens — mas não, talvez, este mar grosso e batido pelo vento Norte, engolfando-se em ondas lentas que se vêm desfazer sob o deck que serve de esplanada na Praia dos Ingleses”.
Ponto primeiro: uma pessoa lê um texto assim e fica agarrado e vai até ao fim, precisava de mais 4 ou 5 minutos para acabar de o ler aqui.
Ponto segundo: uma pessoa lê um texto assim e sente orgulho em quem o escreveu e o publicou num blog.
Só que, lá está, a notícia é outra: este texto, na sua versão completa, saiu no suplemento de viagens do jornal espanhol El Pais e se não fosse o blog de Manuel Jorge Marmelo, autor, talvez nunca o conhecesse. E vale a pena ler. Quer se goste ou não do Porto.
É verdade que o tempo é de Verão – mas terei tempo para me dedicar a ele, hoje quis mostrar que para lá dos dias e das notícias e da actualidade, há também outros mundos neste mundo que vejo aqui da Janela, todos os dias...