A entrevista saiu no domingo, no jornal Público, mas as ondas de choque estendem-se já por dois dias. Falo de António Borges, essa eterna reserva do PSD para uma liderança sempre adiada, e das suas polémicas declarações. Vejamos, pela pena de Sofia Galvão, no blog Geração de 60, o que ele diz:
“Refere-se à oposição e ao PSD sem cerimónias. «A oposição – diz – não existe e está completamente descredibilizada». E continua: «o PSD atravessa uma fase muito má, que não é de agora». Sobre Luís Filipe Menezes, mais adiante, refere: «é um erro, um lapso do PSD. E julgo que não vai durar».
(...) No entanto, reserva ao Governo a parte mais letal e grave da sua entrevista. (...) Torna público o facto de o Ministro da Economia, Manuel Pinho, lhe ter comunicado a cessação imediata de todos os contratos com a Goldman Sachs, no dia seguinte ao fim-de-semana do Congresso do PSD (...), em que fora crítico das políticas governamentais”
Sofia Galvão acha que António Borges “confronta-nos com o país que somos. Um país entregue a um Governo autoritário, incapaz de perceber o sentido da liberdade e do seu exercício responsável, intolerante para com aqueles que perfilham uma visão diferente da realidade, implacável para com a opinião crítica”.
Ora bem, vamos ver outras opiniões, encontro Shark no blog Charquinho, com um titulo divertido para o post: “Banco Borges & Rescisão”, para dizer, sem surpresas: “como se fosse novidade o facto de que dita as regras quem mexe os cordelinhos e por isso a malta agarra-se tanto ao Poder, porque manda quem pode”.
Miguel Abrantes, blog Câmara Corporativa: “Borges é useiro e vezeiro nestas trapalhadas envolvendo a Goldman Sachs. Quando Santana Lopes era primeiro-ministro, denunciou que António Borges entrara pelo seu gabinete com o propósito de se oferecer para preparar a privatização da Águas de Portugal, dando a entender que este andaria na política para angariar negócios para a Goldman Sachs. Esta alegada confusão entre negócios & política acabou mal: a Goldman Sachs prescindiu dos serviços de António Borges e, agora, o presidente da Assembleia Municipal de Alter do Chão anda por aí a ver se alguém repara nele”
Luís Menezes Leitão no blog Lei e Ordem concorda com esta ideia e vai mais longe: ”Manuel Pinho desmentiu-o prontamente, como se esperaria, e qualificou-o apenas como um gestor de banca que se queixa de uma decisão do Governo, o que não é seguramente imagem que queira ter um candidato a líder do PSD. Se é esta a oposição a Luís Filipe Menezes, ele manifestamente pode dormir descansado”.
Já Paulo Pinto Mascarenhas, no Atlântico, prefere sublinhar que Borges é mais um candidato a líder do PSD, a juntar a José Pedro Aguiar-Branco, Pedro Passos Coelho e, claro, Marcelo Rebelo de Sousa. “Não há fome que não dê em fartura”, exclama ele. O problema, digo, é que eles falam todos muito, mas eu vejo mais blogues a pensar do que propriamente candidatos a líder do PSD a agir...