Deu uma entrevista à SIC Noticias, avançou com propostas avulso, e agora que se discutem se alguém as quiser discutir. Assim foi Luís Filipe Menezes esta semana. Das ideias que trouxe para o debate publico, a mais polémica é sem duvida a do fim da publicidade na RTP. Se Menezes for um dia primeiro-ministro, acaba a facturação no canal público de TV
“Menezes relança a discussão sobre a RTP sem que, mais uma vez, como sempre, toque no que é verdadeiramente essencial”, escreve Adolfo Mesquita Nunes, Arte da Fuga. Para ele, essencial é isto: “o problema que ali está não tem qualquer solução satisfatória que não seja, precisamente, a saída do Estado. Até lá, podem todos andar a discutir mais milhão ou menos milhão que a coisa continuará como dantes”.
No blog Jumento, o caminho da reflexão é outro: “O líder do PSD foi à SIC e aproveitou para piscar o olho a Pinto Balsemão prometendo que no seu governo (...) acabaria com a publicidade na RTP, a mesma RTP que há pouco tempo foi reestruturada por um governo do seu partido”.
Miguel Abrantes, no blog Câmara Corporativa, aproveita para recuperar declarações de Arons de Carvalho que esclarecem o líder do PSD: “Trata-se de um gesto simpático, sobretudo para os donos da SIC e da TVI, mas é uma medida que ia custar 60 milhões de euros por ano aos portugueses através dos impostos”, acrescentando que “a televisão sem publicidade é um luxo que só três países europeus tem”.
João Pedro Henriques, no Glória Fácil, recorda o estado do país: num momento de profunda crise, “tudo o que o líder do maior partido da oposição tem para dizer é que vai tirar a publicidade da RTP? Se Menezes queria dar esta prendinha ao dr. Balsemão, não podia tê-lo num tête-à-tête privado? Será que ele, como Sócrates, também vive noutro país que não este que se chama Portugal?”
No mesmo sentido vai Eduardo Saraiva, no blog O Andarilho, quando pergunta:
“ No actual momento, a publicidade na RTP será uma das grandes preocupações dos portugueses? Na minha modesta opinião, 99% dos portugueses não estão nada, mesmo nada preocupados com este assunto”.
Daniel Marques, no blog com o seu nome, acha que o líder do PSD apenas pretendeu “piscar o olho aos grandes grupos de Comunicação Social, viabilizar a criação de um quinto canal nacional generalista e acalmar as gentes da SIC e da TVI. Assim, é levado ao colo até às eleições pelos grupos interessados pelo quinto canal e pelos actuais operadores privados, porque as preocupações com a captura de publicidade televisiva deixam de ser um problema e todos ficam a ganhar. Todos excepto os contribuintes, esses terão de sustentar a RTP a 100 por cento”.
No fim de contas, no entanto, parece-me que quem tem mesmo razão é JCS, no blog Lóbi, quando chama a este momento televisivo o “Paradoxo de Menezes” e escreve:
“Ao dizer que acaba, se for primeiro-ministro, com a publicidade na RTP, Luís Filipe Menezes deu garantias à RTP de que não ficará sem publicidade”.