Terceiro e ultimo dia que dedico à blogoesfera e ao olhar que ao longo de todo o ano de 2007 lhe deitei diariamente, à procura de novidades, de comentários à actualidade, de polémicas e ideias, até mesmo noticias.
Ainda que, há pouco mais de um ano, pudéssemos ouvir vozes aparentemente sábias, como as de José Sócrates ou Miguel Sousa Tavares, tratar os blogues como se reunissem um generoso numero de crápulas e mesmo criminosos da pátria, parece evidente que assim não pensam hoje os consumidores, que cada vez mais consultam e lêem blogues, como assim não pensa quem, nos jornais, nas revistas, vai renovando o stock de colunistas e cronistas neste momento praticamente só com base na blogoesfera .
Foi nos blogues que nasceu Alberto Gonçalves, o sociólogo com residência fixa na revista Sábado, foi à blogoesfera que o Correio da Manhã foi resgatar Medeiros Ferreira, que o Diário de Noticias tinha dispensado, foi na blogoesfera que nasceram para o mundo dos media Rita Barata Silvério e Carla Hilário Quevedo, ambas colunistas regulares de imprensa. A blogoesfera firmou nome já existentes, como o de Rodrigo Moita de Deus, recuperou nomes que corriam o risco de desaparecer, como o do excelente João Gonçalves. E há mais nomes, muitos mais, que especialmente neste ultimo ano e meio ganharam fama, e porventura um novo curso para os seus percursos, com os blogues que criaram e alimentaram.
Este é talvez o mais forte sinal que a blogoesfera trouxe ao universo da comunicação: o de que é finalmente possível nascer, crescer e existir à margem da ditadura da audiência e da democracia musculada dos grupos de comunicação. Hoje, quem tem alguma coisa a dizer, pode dizer. Pode existir no espaço publico. E uma vez mais a soma feliz da persistência com o talento vai encarregar-se do resto. O meu balanço final é pois um sinal para 2008, e um conselho aos ouvintes da Janela Indiscreta. Não se queixem entre quatro paredes – abram a janela, ou melhor, abram o vosso blog e queixem-se para os quatro cantos do mundo.
Eu volto em 2008, com mais ideias do mundo de lá, definitivamente a ocupar o mundo de cá…