Sexta-feira, 31 de Julho de 2009

Janela fechada para férias

Quando for para o ar o genérico que fecha esta Janela Indiscreta, podem ter uma certeza: não vou ler um único blog, a não ser talvez o meu, quando publicar textos e quiser ver se não ficaram erros ou gralhas penduradas, dizia, não vou ler um único blog, sejam jamais ou simplex, rua direita ou Santana Lopes, seja 31 da Armada ou Bicho carpinteiro, seja quem for, seja o que for.

Vou desligar por um mês, pela primeira vez desde que esta crónica começou, na primavera de 2006. É certo que vou de férias num mês que não vai ser tranquilo, nem sequer pacifico, no mundo dos blogues: a política está na ordem do dia, discutem-se governos, planos de crise, autarquias, partidos, maiorias relativas e absolutas. Por arrasto – ou por arrastão, para citar mais um nome de blog – debatem-se e confrontam-se as diferenças entre esquerda e direita, entre estado solidário e estado menos que zero, discutem-se os nomes dos candidatos, as carreiras, o que disseram, o que fizeram. Ajustam-se contas e fazem-se contas. José Sócrates disse esta semana, depois de um encontro com bloggers em Lisboa - de resto objecto de crónica aqui à Janela, - José Sócrates disse então que “os blogues constituem um novo espaço que se abre à democracia política e cívica”, reconhecendo a importância que há anos desvalorizou. A mudança diz algo sobre o que se está a passar: aos poucos, os bloggers ganham dimensão na influência que têm sobre os media clássicos, têm espaço de agenda, contribuem para a agenda dos noticiários. Nessa medida, mesmo que um blog seja lido diariamente por 500 pessoas, ele pode marcar a actualidade porque essas 500 pessoas fazem parte da elite que depois desmultiplica a informação e a opinião pelos canais que chegam a milhões de pessoas.

Este ano, mais do que nos últimos, a batalha dos votos passa pelos blogues.

A Janela vai fechar descansada, para voltar fresca em Setembro e acompanhar o mês mais quente – se querem um conselho, façam o que eu não vou fazer: naveguem pelos simplex e pelos complexes, pelos jamais e pelos toujours, andam na rua direita e na rua esquerda. Mas andem por aí, como o outro...

Porque, na verdade, quanto mais opiniões e factos soubermos, melhor decidiremos as opções que teremos de tomar. E a democracia, sendo o pior dos sistemas se exceptuarmos todos os outros, chama mesmo por nós neste ano de tantas decisões.

publicado por PRD às 00:45
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Quinta-feira, 30 de Julho de 2009

Desconfiança

Se houvesse um titulo para a crónica de hoje, esse titulo teria de incluir a palavra desconfiança. Porque é disso que se trata quando em Portugal se fala de justiça, de politica, de educação, agofa também de saúde: a desconfiança supera qualquer crédito ou convicçãO.

No caso dos doentes que ficaram cegos após uma intervenção no Hospital de Santa Maria, a O Ministério Público (MP) abriu um inquérito-crime. O processo foi distribuído à 6.ª secção do DIAP de Lisboa, que "é especializada na matéria", e que é chefiado pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado.

A noticia, o que provoca nos blogues que leio? Desconfiança. Escreve Rodrigo Moita de Deus sob o titulo “A Justiça é cega”: “Estou mais descansado. Vão ser 4 anos de investigação, oito manchetes a revelar perigosas conspirações com “os grandes laboratórios”, nove denúncias sobre "corrupção" dos médicos, 12 reportagens sobre "o submundo das farmácias" e 17 entrevistas da própria. No fim do julgamento, que vai durar outros 6 anos, não há condenações. É nessa altura que vamos descobrir que os doentes cegaram-se a si próprios”.

No mesmo sentido escreve o blog O penico: “quanto a inquéritos todos sabemos para que servem e a cegueira ninguém a tirar já a estes doentes. Haverá indemnizações? Para quando? Responsabilização, dificilmente. A culpa só não morre solteira neste Estado de Direito (?) se não envolver a arraia miúda. Sabemos”. No blog atributos adivinha o relatório final, “um acidente infeliz”.

Como se vê, do que falo é de um total descrédito nas instituições que investigam julgam, apuram factos. Até também no jornalismo, a ver pelo texto de JFD no blog Câmara de Comuns: “O Jornalismo em Portugal tem-me deixado bastante desiludido. (...) O que se passou? o que se passará? Não sei se o mal é meu, (...) mas parece-me que o que vejo e leio apenas é a transcrição do que alguém disse. Nada mais, nada menos. (...)  Onde está a investigação? Onde está a indignação?”.

No blog Lóbi do Chá, José Costa Silva inclina a desconfiança para o poder da indústria farmacêutica: “Qualquer chafarica, por mais insignificante que seja, vai fazer triliões de euros até este post estar concluído. Não custa assim tanto imaginar, portanto, que as lutas dentro da indústria, sobretudo em períodos de crise, podem resultar em gripes e sabotagens. É levemente conspirativo, bem sei, mas o negócio da droga não é para brincadeiras. E a gente não acredita em bruxas, mas…”

O exemplo de Santa Maria é um, o caso de Joana Amaral Dias deixou meio mundo a desconfiar do PS e do Bloco e de Louçã, e não resisto a deixar aqui um outro para fechar o dia. No fim-de-semana passado, Manuela Ferreira Leite faltou ao comício de Alberto João Jardim na Madeira alegando uma gripe – uma gripe das clássicas. Mas logo reapareceu em plena forma. Emídio Fernando, no correio preto, desconfia: “Manuela Ferreira Leite curou-se rapidamente da maleita que a apoquentava. Bastou terminar o comício do Chão da Lagoa. Nem a aspirina, da Bayer, é assim tão eficiente”.

E é neste clima de desconfiança por tudo e por nada, de tudo e de todos, que avançamos para Agosto, o tal mês que antigamente era de silly season...

publicado por PRD às 00:44
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Quarta-feira, 29 de Julho de 2009

Negócios da PT

O negócio da PT com a TVI foi o tema que mais tinta fez correr nestes dias, e o mundo dos blogues não lhe escapou. Entre mentiras e verdades de todos os tipos, parece óbvio que o Governo estava a par do que se ia passando na PT e terá at+é havido uma reunião na semana passada entre altos dirigentes da telefónica e o primeiro-ministro. Com graça, no blog Portugal Contemporâneo, Joaquim recorda uma anedota: “Um marido enganado perseguiu a mulher e o amante até um hotel. Viu-os entrar para um quarto e correu a espreitar à janela. Viu-os despirem-se, abraçarem-se e beijarem-se. Os dois amantes pareciam enlouquecidos pela paixão, saltaram para a cama, mas depois... apagaram a luz. Ó dúvida terrível! Pensou o marido enganado”

Há coisas, sobre este negócio, que na verdade nunca saberemos. VLX, no Mar Salgado, coloca o tema nestes termos:””

“Os accionistas da PT mandam coroas de flores a José Sócrates (…). Um departamento inteiro da PT tenta redigir a negação da instrumentalização como insulto, no verdadeiro sentido da palavra. O porta-voz do PS ensaia as palavras explicativas do facto do Estado se meter nos negócios privados apenas porque o Sr. José Sócrates critica uma cadeia de televisão privada. Pelo sim, pelo não, Silva Pereira é promovido a sempre-em-pé”.

No ToMar Partido, Jorge Ferreira é absolutamente claro: “Sobre o negócio PT/PRISA/TVI, das duas, uma: ou mente o Expresso ou mentiu Sócrates. O problema é que se instalou no país a ideia que aquilo que o Primeiro-Ministro diz tem um elevado grau de probabilidade de não ser verdade. Sócrates talvez ainda não tenha percebido, mas está submerso numa espiral de descredibilização”. Vitor Matos, no blog Elevador da Bica, concorda: “Sócrates entrou em plano inclinado. Não vejo que o consiga inverter. Vamos viver tempos interessantes durante os próximos meses”. E André Freire, no Ladrões de Bicicletas, inventa o verbo “desinsuflar” para dizer: “Sendo o Estado um accionista fundamental na PT, custa a crer que, num negócio desta envergadura, a adminstração tivesse avançado sem o agreement (ainda que informal) deste accionista”.

Há quem vá mais à frente e veja neste caso o velório deste governo, notando um “Enterro à Vista”, como lhe chama Nuno Dias da Silva no Civilização do Espectáculo: “O «Expresso» noticia que o Governo já conhecia o negócio TVI/PT, entretanto abortado, desde o início do ano. Contabilize-se mais uma «peta» de Sócrates aos portugueses e mais um no «caixão» do executivo socialista. Desconhece-se, apenas, a data e o local do «funeral». As sondagens já indiciam a viragem”.

Paulo Pinto Mascarenhas acha que, se Sócrates terá dado o dito por não dito., é “extraordinário” “que tudo isto não tenha quaisquer consequências”. E entretanto os dias avançam, os partidos aproveitam tudo para se queimarem mutuamente, e os negócios esperam melhores dias. Rodrigo Moita de Deus aproveita para se antecipar: “A PT diz que não avança. Mas garante que continua a precisar de uma televisão.Com a TVI de fora, ficamos todos à espera que, nos próximos dias, apresentem uma OPA sobre a Impresa”. A brincar a brincar, pode ter razão: o mundos dos media anda em alvoroço e o mundo da politica não brinca em serviço.

 

publicado por PRD às 00:42
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Sexta-feira, 24 de Julho de 2009

Blog da Semana: Léxico Familiar

Às vezes esquecemo-nos de que um blog é um pouco como um quarto: individual, tem uma porta que abrimos a quem queremos, mas é exactamente à nossa medida, ao nosso gosto. E foi pensando nesta ideia mais individual, pessoal, de blog, que cheguei à minha escolha da semana. Ela reflecte efectivamente a personalidade do seu autor, que tanto é comentador sério de assuntos sérios na rádio e na televisão como depois é o verdadeiro militante do surf.

Falo-vos de Pedro Adão e Silva, professor universitário no Iscte, doutorado em ciência política no Instituto Universitário Europeu de Florença, cronista do Diário Económico, comentador da RTP-N. Adão e Silva é também um melómano inveterado e um surfista há mais de 20 anos. Escreve ainda sobre surf, mensalmente, na revista Surf Portugal. Publicou ha pouco tempo o livro “Sal na Terra”, onde reúne textos sobre surf: “textos que procuram (...) utilizar o sal como elemento de ligação do surf com o resto da vida, lançando um olhar para as coisas quotidianas que parte da experiência do surf. Ou seja, a um tempo, exploram o "tempero" que o surf acrescenta às vidas e olham para as coisas que não são necessariamente do surf, como se dele se tratassem. à terra”.

Pedro Adão e Silva, depois de colaborar em inúmeros blogs, do Canhoto ao Quase Famosos, passando pelo país relativo e o Ondas, tem agora o seu espaço pessoal, Léxico Familiar, que fica em lexico-familiar.blogspot.com.

E ali temos um blog que é efectivamente o quarto pessoal do seu autor: aos vídeos musicais junta-se reflexão politica e económica, aqui e ali uma referência ao mar, ao surf, e tudo num registo absolutamente tranquilo, como se todas as vidas que há na vida de Pedro Adão e Silva convivessem sem confronto nem sobressalto.

E para vos deixar um pouco do seu talento, aqui fica um post recente que dá que pensar e que é politicamente incorrecto:

“Para quem investiu numa licenciatura, o desemprego ou um emprego desajustado às suas qualificações gere um sério problema de gestão de expectativas. Ainda assim, por muito que isso frustre as expectativas dos próprios, colectivamente temos a ganhar se mesmo profissões que tradicionalmente não requerem licenciaturas forem desempenhadas por licenciados. É uma situação difícil de gerir para quem a vive, mas, por exemplo, um taxista licenciado em direito desempenhará melhor a sua profissão do que um taxista com problemas de literacia ou incapacidade de falar línguas estrangeiras e ter uma licenciatura ajudará, certamente, a que tenha expectativas realistas de mobilidade profissional. O problema não é haver muitos juristas, é continuarmos a pensar que todos os juristas vão ser advogados ou juízes”.

É assim Pedro Adão e Silva, o seu Léxico Familiar é o meu blog da semana.

publicado por PRD às 17:22
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Quinta-feira, 23 de Julho de 2009

A injusta justiça

Estava a ver a noticia da inauguração do novo Campus da Justiça e a estranhar o protesto de alguns magistrados. Num país onde todos se queixam da justiça, um novo espaço de trabalho tinha tudo para ser bom. Mas parece que não... Acabo por encontrar no 31 da Armada um post de Francisco Proença de Carvalho que estranha o mesmo que eu estranhei: “Antes queixavam-se que os Tribunais estavam decrépitos, não reuniam as mínimas condições, eram inseguros… Feita a mudança para um local à beira rio novinho em folha (...), as antigas instalações passaram a ser fantásticas, cheias de carisma e de memória que urge preservar e, pois claro, as novas são péssimas, perigosas, fora de mão, com um ar condicionado barato, etc. etc. etc. Em Portugal, nomeadamente para as corporações instaladas e sindicatos, a palavra mudança (...) é intolerável… Parece que está entranhado no nosso sangue um permanente sentimento de anti-mudança e de inadaptação”.

É então de mudança que falamos. E continuando á beira-rio, mudo de agulha porque também tudo mudou agora quando se fala do terminal de Contentores de Alcântara. Num relatório de auditoria à Concessão, os juízes do Tribunal de Contas consideram que o Estado e o Porto de Lisboa alteraram as condições assinadas no memorando de entendimento sempre em prejuízo do sector público. E que, num altura de crise no mercado, acabaram por assumir os maiores riscos na montagem do projecto financeiro. Nuno Gouveia nota a mudança no 31 da Armada: “O ministro Lino (...) ofereceu ainda clausulas interessantes para o grupo privado. Segundo percebi, se as coisas não correrem tão bem como o esperado, o Estado compensa a Mota-Engil. Se, pelo contrário, as coisas correrem melhor que o previsto, muito dificilmente o Estado receberá mais dinheiro. Uma questão importante: Lino ainda é ministro?”. João Carvalho, no Delito de Opinião, prefere gritar a plenos pulmões: “chamem a policia”: “O insólito contrato recontratado de concessão do terminal de Alcântara cheirava a esturro desde o primeiro momento em que pôs a cabeça de fora. Longe ainda de se conhecer muita coisa sobre ele. (...) Querem o contribuinte a pagar, se aquele obscuro e suspeito contrato não for muito favorável aos favorecidos? Que pague o Mota, o Engil, o Coelho, o Jamé, sei lá. Alguém que pague. Pela minha parte, ficam a saber: chamem a polícia, que eu não pago”.

Ou muito me engano ou este é um caso que vai parar á justiça, a tal que tem o novo campus. Para fechar como comecei, passo belo blog de Pedro Claro, que estranha o protesto dos juízes sobre o novo espaço da justiça: “não sabia que um juíz também era versado em urbanismo e arquitectura. Veremos se o tempo lhes dá razão. Para quem estava no Tribunal de Boa Hora e se queixava das faltas de condições há algum tempo atrás é de estranhar estas afirmações. (...) Se realmente querem ficar no Tribunal da Boa Hora ou noutro qualquer falem condignamente. Não acho que a melhor abordagem seja a de birrice”.

E lá está: de Alcântara ao Parque das Nações, hoje a Janela esteve sempre à beira-rio, entre a justiça e as mudanças que a justiça vai observar..

 

publicado por PRD às 18:20
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Quarta-feira, 22 de Julho de 2009

A bola é redonda e voltou

Com o jogo de ontem entre Benfica e Real Madrid, estão apresentados os três grandes e não tarda começa a época. João Távora, no blog Risco Continuo, fala do que vê na TV, começando pelo Benfica, “uma vez mais o campeão da pré-época, titulo a que já nos vem habituando. O povo exulta. Depois dos especialistas escalpelizarem interminavelmente o auspicioso momento do “Clube da Luz”, ainda sobrou uns minutos para um comentário ao inevitável Futebol Clube do Porto (...), e para invectivarem sobre o passado do Sporting, que este ano não tem casos para grandes manchetes e vender jornais.  Ao fim de uns anos (...), quem tiver memória apercebe-se facilmente como estes debates e considerações são completamente fortuitos e irrelevantes. Ainda não percebi porque é que esta tropa de comentadores desportivos não fazem como eu e metem umas semanitas de férias para arejar a cabeça”.

Ora aqui está um bom começo de conversa, a que acrescento agora o humor do benfiquista Rodrigo Moita de Deus: “Luís Filipe Vieira poupou os 4,5 milhões de Falcão para comprar outro jogador. Poupou os 6,5 milhões de Reyes para comprar outro jogador. No fim gastou 7 para comprar o Javi Garcia”. E Bernardo Pires de Lima, no União de Facto, titula mesmo um post com um “Halla. Benfica”: “reparo que o onze do Benfica para esta época é na esmagadora maioria composto por talentos de língua castelhana e certamente benfiquistas desde pequenos. É um pouco como o tipo que lança o pássaro antes dos jogos, espanhol e certamente benfiquista desde pequeno”.

No Blog Mesa Redonda, onde há autores para todas as cores, o Sporting é observado por João Niza, a quem parece inadmissível que, a dias de “um dos jogos mais importantes da época ainda não tenha o plantel definido. Se é Caicedo ou outro jogador, não importa. Tem é de ser uma mais valia para a equipa e não apenas mais um. Agora, claro que venha quem vier não vai estar em condições de jogar a Pré-eliminatória”.

Marco Copeto concorda: “Será que os dirigentes ainda não se aperceberam que a continuação da mesma equipa não vai trazer bons resultados? Será que ainda não viram que o Sporting precisa de renovar muitos sectores da equipa?”.

Falta olhar o Futebol Clube do Porto, que deixo ao cuidado de Nelson carvalho no blog Reflexão Portista: “Paira no ar um sentimento de orfandade, de vazio. Nada que tenha directamente a ver com a exibição Portista em si, mas pela ausência de três Reis Magos que compuseram o filão azul e branco nos últimos anos, Lucho, Lisandro e Pedro Emanuel. É no retorno ao estádio, no principiar de cada época, que verdadeiramente processamos as cíclicas perdas das nossas estrelas”. Ainda assim, Nelson remata: “Sem grandes espalhafatos e chinfrins tão típicos da 2ª Circular, Jesualdo vai moldando a sua equipa em conformidade com as suas ideias. As peças vão encaixando harmoniosamente (...). O caminho está traçado, com o mesmo objectivo de sempre, rumo à vitória!”

Rumo à vitória vão todos, embora o primeiro lugar seja só para um. Daqui a um ano lá chegaremos, porque a bola é redonda como a Terra, e não vai parar de rodar...

 

publicado por PRD às 00:19
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Terça-feira, 21 de Julho de 2009

Efemérides

Vivemos o tempo de todas as efemérides – ontem, os 40 anos da chegada do homem à luz foram overdose de informação e comentários. Nem eu escapei à fúria...

Na verdade, às vezes umas efemérides abafam outras e foi assim que passou despercebida uma data que diz muito a Pedro Santana Lopes. Por isso ele não a esqueceu e no seu blog deixou a devida nota: “Dia 19 de Julho, completaram -se 75 anos sobre a data de nascimento de Francisco de Sá Carneiro. Já faria 75 anos. O tempo passa. A 19 de Julho, também, mas de 1987, o PPD/PSD, com Aníbal Cavaco Silva, conquistou a sua primeira maioria absoluta. E, muito menos importante, nesse mesmo dia fui eleito Deputado ao Parlamento Europeu. (...) Já lá vão 22 anos”.

Santana nunca deixa de dar o ponto e o nó. Pelo meu lado, o post dele inspira-me a seguir esta ideia de passado, e de como o passado determinaria outro presente se as coisas corressem de modo diferente. Esta semana, a Alemanha homenageia um grupo de militares alemães que há 65 anos tentaram assassinar Adolf Hitler. Escreve Nuno Gouveia no 31 da Armada: “Se a missão (...) tivesse tido sucesso, talvez a história da Europa fosse diferente. E evitadas milhões de mortes. Hoje na Alemanha homenageia-se aqueles que participaram neste atentado. Com toda a justiça. Estes pelos menos tentaram fazer alguma coisa...”

De passado em passado, encontro um post inspirador de Henrique Raposo no blog Clube das republicas mortas, sob o titulo “Que belos tempos”: “No telejornal, um velho jornalista da RTP dizia que, no tempo dele, era a TV a seguir os jornais, e não o inverso. Belos tempos. Era a imagem a seguir a palavra, e não a pós-modernice de hoje com a palavra a ser escrava da imagem, com os jornais a funcionar como apêndices da TV”.

Por acaso esta ideia é, no mínimo, polémica, pois quem lê jornais e vê Televisão verifica muitas vezes que os telejornais são na esmagadora maioria dos casos construídos a partir da agenda que os jornais em papel lançam pela manhã. Enfim, adiante, hoje ando a saltitar pelo passado e pela memória e acabo no blog de Helena Sacadura Cabral, Fio de Prumo, onde a jornalista e economista se espanta como eu próprio me espantei: “O caso D. Branca foi detalhadamente contado nos jornais da época e até deu origem a um filme. Não nos podemos queixar, assim, de falta de informação. Acabo de ler nos jornais de hoje - não queria acreditar - que proliferam mais casos idênticos.  Um, cujo responsável tem nome, (...) em Almada, na loja 12. O outro, (...) na Estrada de Benfica”.

Helena pasma: “O que, de facto, é surpreendente, direi mesmo chocante, é que depois da D. Branca ou dos jogos de Pirâmide, estes negócios continuem a existir na maior impunidade. Mas se assistimos aos casos rocambolescos dos BCP, BPN e BPP, como é que estes, tão simples e populares, não hão-de continuar a existir?”

Apetece-me fechar com Ines Dentinho, que no blog Geração de 60 tinha ontem uma daquelas frases que remate bem uma crónica em que andei sempre a saltar entre passado e presente: “Na maioria das nossas vidas, «o passado é um País estrangeiro». Acontece a quem evolui. N'outras, o presente é também um País estrangeiro”.

publicado por PRD às 00:19
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Segunda-feira, 20 de Julho de 2009

Na Lua

A Janela hoje vira-se para cima, não me interpretem mal, vira-se para a Lua. Literalmente. Há 40 anos o homem conseguiu essa proeza notável, admirável, de dar o tal pequeno passo que foi gigante para a humanidade. Um bom trabalho, no âmbito desta efeméride, é aquele que tem sido feito no blog Sound and Vision dos jornalistas João Lopes e Nuno Galopim. Ontem ainda recordava João Lopes: “Proezas do génio cinematográfico: um ano antes de Neil Armstrong e Buzz Aldrin caminharem sobre a superfície lunar... Stanley Kubrick já por lá andava! Aliás, a história ensina-nos que o cinema nunca foi um parente pobre nem das proezas da ciência nem das imaginações da literatura — 2001: Odisseia no Espaço (…) estreou-se em 1968 (…) e rapidamente entrou para essa galeria nobre onde figuram as obras capazes de cruzar o desconhecimento e o maravilhoso de forma (…) que se revela capaz de superar quaisquer tendências, géneros ou modas”.

O resto, incluindo alguns pormenores da rodagem, está lá no blog, que tem uma colecção de excelentes posts sobre este tema, incluindo aquele que faz ligação para o obituário do jornalista Walter Cronkite, que morreu há poucos dias. E que justamente cobriu para a CBS a chegada do homem à Lua. Ainda sobre o tema, o post curto de Shyznogud no Womenage a Trois: “…só para marcar os 40 anos da minha primeira recordação infantil consistente. Estava em Évora, em casa dos meus avós, lembro-me de olhar atentamente para a Lua à espera de ver um avião ou coisa semelhante a aproximar-se dela. Fiquei um bocadinho desapontada por não notar nenhuma alteração, confesso”. Uns dias antes, a Lua era outra no blog Geração Rasca por Nancy B, citando Camilo Castelo Branco: "Se querem que haja uma lua por força para os que casam, façamos umas poucas de luas:
Lua-de-mel; Lua de cicuta; Lua de láudano;
Lua de tártaro emético; Lua de mostarda inglesa;
Lua de óleo de rícino;
Lua de fel da terra;
Lua de salsaparrilha;
Lua de raspa de veado;
Lua de jalapa”

Muitas luas para o amor, e bem sabemos que a noite é dos amantes, o que me empurra para uma ideia feliz que este fim-de-semana animou muitas cidades portuguesas: um apagão deliberado para observar o céu e o brilho das estrelas. Astrónomos e curiosos juntaram-se para celebrar a Noite das Estrelas e para pedir legislação específica que proteja o direito ao céu nocturno. Até porque, diz-se, 40 por cento da iluminação pública é desperdiçada”. Encontro no blog Viver Seixal o post de Emanuel Oliveira Santo onde se diz que Portugal se apaga, sim…

“Portugal apaga-se... no meio de políticas económicas e sociais claramente erradas.
Portugal apaga-se... no meio de interesses pessoais.
(…) Portugal apaga-se... quando no meio da UE não tem qualquer voz activa.
Portugal apaga-se... quando existe dinheiro ou interesses em jogo.
Portugal apaga-se... quando o Cristiano não joga bem”

E vai por aí fora, na ladainha do país que se apaga. Sem luz. O que nos vale é que raramente nos falta a Lua – mesmo quando andamos aluados, ou talvez mais ainda nesses dias, ou melhor dito, nessas noites…

publicado por PRD às 00:18
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Sexta-feira, 17 de Julho de 2009

Blog da Semana : Gripe A

Já esperava que começasse esta outra febre ei-la na blogoesfera: a gripe A, informação, noticias, evoluções. Com graça, no blog que já aqui destaquei “Médico Explica Medicina a Intelectuais”, num post recente o autor perguntava: “Porquê este novo súbito interesse neste blogue?”. A resposta talvez esteja no próprio mote do blog: "Tanto dislate se ouve e lê, por vezes publicado inconscientemente, que decidi esclarecer quem me procurar, para que os jornalistas (e outros intelectuais!) sejam um meio para os 'media' fomentarem a literacia científica.".

Ora agora é que precisamos bem dela, em face de uma pandemia que não para de crescer. E da minha busca, bom, tanto quanto percebi, trago aqui o primeiro blog exclusivamente dedicado á Gripe A. Abriu no passado dia 6, diz pretender “ser um blog com informações actualizadas acerca da gripe A  e sua evolução no mundo, formas de contágio, cuidados, numero de casos”.

Tem alguns separadores para informação prática, destaco aqui, a titulo meramente preventivo, o separador dedicado aos sintomas da gripe A provocada pelo vírus H5N1. E são os seguites : Febres altas de inicio súbito, superiores a 38ºc; Tosse frequente e intensa; Cefaleias, Falta de apetite, Congestionamento nasal, Mal estar geral e dores na articulações, Vómitos ou diarreia. Neste caso, claro que o ideal é contactar a Linha Saúde 24 ou o seu médico.

Mas voltemos ao blog, que se encontra em gripea.blog.xoose.pt. Nesta fase inicial, parece mais um muro de informações e menos um blog. O ultimo post diz que “A Ministra da saúde anunciou mais 6 casos de Pessoas infectadas com o Vírús H5N1 responsável pela Gripe A levando a que Portugal ultrapasse a barreira dos 100 casos de gripe A. (...) Este vírus está imparável e atinge também os mais novos e adultos e não apenas Idosos debilitados por isso não se pense que só acontece aos outros. Portanto, caso suspeite de estar infectado seja consciente e não saia de casa contacte antes a Linha de sáude 24”.

Do ponto de vista do utilizador, é um blog pobre, sem grandes recursos, nem parece ainda devidamente pensado para abordar esta delicada, cada vez mais delicada temática.

Claro que não vão tardar mais iniciativas destas, porque a vontade de partilhar informação é grande, e o tema só pode vir a ganhar expressão nos próximos meses.

Para já, fica então o destaque e escolha da semana por ser o primeiro, este gripe A – o que não exclui, claro, uma visita regular ao site do ministério da saúde onde a informação é actualizada permanentemente. Dentro do sire www.min-saude.pt, há uma entrada especial para a gripe A que inclui os comunicados do Ministérios, os dados actualizados, as recomendações essenciais. 

Seguna-feira a Janela volta a abrir, evitando as correntes de ar que podem confundir uma constipação com o pior...

publicado por PRD às 00:16
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Quarta-feira, 15 de Julho de 2009

Afinal, o que é que ele quer?

Manuel Alegre continua a brincar ao gato e ao rato com o PS. Depois de um artigo no Expresso em que desafiava o PS a acordar, volta a lançar avisos num artigo da revista Ops: "Recusaremos a reedição do Bloco Central ou de qualquer outra forma de aliança à direita", escreve Alegre. E Joshua, no blog Palavro-sau-rus Rex, está com o poeta: “Se há um PS digno, esse é ainda minoritário dentro da estrutura fraca e aclamatória montada. Com a Esquerda na boca e a Direita nas mãos. O PS residual que pensa o País para além do próprio estômago dos seus deve porventura existir. Muito dificilmente, porém, se dá por ele”.

Pelos vistos, dá-se mesmo por ele, como escreve António de Almeida no Direito de Opinião: “Manuel Alegre deixa implícita uma crítica ao papel de António Vitorino no PS, este por sua vez não se mostrou rogado e afirmou (...) na RTP o que venho afirmando, o histórico militante está mais interessado em promover a sua imagem de homem de esquerda, em torno duma união mais vasta que o próprio partido, com vista à candidatura presidencial”. Nuno Dias da Silva alinha pelo mesmo olhar: “Manuel Alegre apelou à eterna compagnon de route, Helena Roseta, para integrar a candidatura do PS à Câmara de Lisboa. Se o poeta Alegre falou, está falado. Serão cerca de 5 ou 6 por cento de votos que poderão ir direitinhos para a candidatura de Costa, dificultando a vida a Santana Lopes. Alegre, o agregador, já está em campanha para Belém, em 2011. Com ou sem Cavaco”.

No 31 da Armada, Nuno Gouveia usa a frase clássica "Agarrem-me que eu fujo", para definir o “mote de Manuel Alegre nesta brincadeira de crianças”: “Discorda mas vota a favor; queria dar uma lição ao PS, mas fica no partido; critica Sócrates e Vitorino, mas vota neles. Até se compreende que alguma direita olhe para o poeta com simpatia, visto que tem sido um embaraço evidente para este Partido Socialista. Mas se analisarmos o seu discurso, pouco ou nada se retira dali”. Critico também, o blog Atributos: “Manuel Alegre não larga os fundilhos do ainda nosso Primeiro, que não tem descanso, fora do partido onde é contestado por todos, e dentro do partido onde já é contestado por muitos. Os mais mediáticos são Costa e Alegre, para já. O homem dos versos não aceita ser candidato ao Parlamento, não aceita trabalhar para o programa do governo, não se cala, (...) e aguarda que o chefe do partido (...) o apoie incondicionalmente quando chegar a altura de ele (Alegre) se perfilar como candidato à Presidência da República”.

É interessante verificar que no mundo dos blogues abunda esta ideia feita de que Manuel Alegre não faz nada por acaso, tem sempre uma intenção escondida, uma carta na manga. No fundo, uma ideia que é recorrente sobre o universo da política mas que personalidades como Manuel Alegre pretendem desmentir. Pelos vistos, é pior a emenda do que o soneto: nem a classe política, em geral, se livra deste olhar desconfiado, nem os candidatos a provedores da política escapam à pergunta habitual: afinal, o que é que ele quer?

publicado por PRD às 00:14
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Estes textos são escritos para serem “falados”, ou “lidos”, pelo que não só têm algumas marca de oralidade (evidentemente, propositadas...) como é meu hábito improvisar um pouco “em cima deles” no momento em que gravo a rubrica. Também é relevante dizer que, dado tratar-se de uma “revista de blog’s” – e uma vez que os blog’s não se preocupam com a oralidade ou com a eventual citação lida dos seus textos -, tomo a liberdade de editar minimamente os textos que selecciono. Faço-o apenas para que, em rádio, não se perca a ideia do blogger pelo facto de escrever frases longas e muito entrecortadas. Da mesma forma, não reproduzo palavrões nem frases pessoalmente ofensivas, assim como evito acusações cuja possibilidade de prova é diminuta ou inexistente. Sendo uma humilde crónica de rádio, tinha ainda assim de ter alguns princípios. São estes. Quem tiver razão de queixa, não hesite!

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