Sexta-feira, 30 de Maio de 2008

Blog da semana: Pastoral Portuguesa

 

Há uma guerra contra os anonimatos e os pseudónimos no mundo dos blogues – mas, sinceramente, se não estivermos no domínio da ofensa, do insulto, da difamação, não vejo qualquer problema em que se assuma uma outra identidade para assinar uma obra.

Por isso mesmo, e para demonstrar que nem todos os pseudónimos escondem difamadores, escolhi para Blog da Semana o Pastoral Portuguesa. É assinado entre aspas por Rogério Casanova, que desconfio não existir com esse nome. Percebe-se que o autor vive ou viveu na Grã-Bretanha e abriu o blog em 2006 confessando que o fazia porque tinha “Tempo livre a mais”.

Em boa hora o fez. Escreve muitíssimo bem, é dono de uma ironia e de um humor muito personalizados, tem na verdade uma identidade própria, marcada por um estilo singular. Ou seja, não é apenas o que escreve, mas também e muito como escreve. Vejam por exemplo como caracteriza a exposição televisiva de Manuel Ferreira Leite:

“maquilhada pela mesma equipa de profissionais que transformou Cate Blanchett em Bob Dylan, falou menos e fez mais sentido, recorrendo ao seu expediente retórico habitual: declarar um domínio insuficiente sobre este ou aquele dossier, para logo na frase seguinte, insinuar toda uma galáxia de conhecimentos apreendidos sobre o mesmo dossier”.

Vejam agora como Rogério Casanova coloca uma questão divertida que todos já vivemos:

“Queria aqui apresentar, nos termos mais inequívocos, o meu protesto contra a rapidez com que os cafés e restaurantes deste país estão a aderir às luzes com detector de movimento para apetrecharem as suas casas-de-banho. O propósito, segundo me explicaram, é poupar energia, intenção contra a qual nada me move. Mas eu tenho, por acaso, um amigo que gosta de se instalar com o Record ou o Economist (...) no cubículo e passar lá uns confortáveis minutos de leitura. (...) Custa-me que a dignidade do meu amigo - forçado a esbracejar como um lunático de 30 em 30 segundos para não ficar às escuras na retrete (...) - seja assim tão radicalmente relegada para segundo plano. Isto parece-me importante”.

O dia a dia, o futebol, a politica, mas também os mais puro dos pensamentos – Pastoral Portuguesa é um blog de primeira linha, que não perde nem ganha por ter um autor com pseudónimo. Mais esta pérola para fechar:

“Ontem, num comboio da Fertagus, um homem sentado ao meu lado foi aproximadamente vinte minutos a olhar para um puzzle sudoku recortado de um jornal. Só quase no fim da viagem me apercebi que ele estava a resolvê-lo - preenchendo os quadradinhos mentalmente, sem o auxílio de lápis. Um feito que não é assim tão extraordinário, sobretudo se comparado com o dos que jogam xadrês sem auxílio de tabuleiro (como Najdorf), futebol sem auxílio de bola (como a selecção Sueca no Mundial de 1994) ou política sem o auxílio de hipóteses (como Pedro Santana Lopes), mas ainda assim digno de realce. Eu próprio me tenho fartado de escrever aqui nas últimas semanas sem o auxílio de mim próprio; espero que tenham conseguido ler tudo sem o auxílio de letras”

Está em http://pastoralportuguesa.blogspot.com . É ir lá e conferir.

publicado por PRD às 18:34
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Quinta-feira, 29 de Maio de 2008

O ultimo combate

 

Vamos então olhar o mundo dos blogues em cima do mundo do PSD – ontem realizou-se o ultimo debate entre candidatos á liderança. Eu não vi na TV, o que torna mais interessante olhar hoje a blogoesfera e ver o rescaldo e os relatórios de contas... Parece que na SIC Noticias os comentadores de serviço deram a vitória a Santana Lopes e Patinha Antão, segunda conta Daniel Oliveira no Arrastão. Mas ele discorda, e não encontra um vencedor claro. Lá vai dizendo, no entanto: “continuo a achar que o ideal para o PSD era mesmo este líder vazio”, Passos Coelho: “Depois enche-se com alguma coisa”.

Bruno Sena Martins, no Avatares de um Desejo, concorda com a ideia da vitória de Patinha Antão e Santana Lopes: “Do ponto de vista político (...), com o "ninguém vos ouve [no Parlamento]" Ferreira Leite deu uma oportunidade de ouro para que os deputados Santana Lopes e Patinha Antão pudessem aparecer com a honra a sangrar pela democracia parlamentar”
Eduardo Pita, no blog Da Literatura, acha que “Não vale a pena tapar o sol com a peneira: Santana Lopes demonstra um fair play e uma convicção que deixa a perder de vista os seus rivais à liderança do PSD. É ele a melhor escolha? Essa avaliação compete a quem vai votar no próximo sábado”.

Duas outras ideias, no sentido de outro candidato, que retiro do blog O Insubmisso: FT diz que Pedro Passos Coelho foi “afirmativo, distintivo e pouco reactivo. Por tudo isso, venceu”.  David Diniz concorda: “não se meteu na guerra de capelinhas do PSD e ganhou. Ferreira Leite fez como Cavaco no debate com Soares: não respondeu aos ataques e saiu por alto. O duelo parece a dois”.

No blog O Insurgente, André Azevedo Alves, no balanaço da campanha, destaca Passos Coelho pela “melhor estratégia de comunicação e a campanha mais profissional”, por contraste com Manuela Ferreira Leite, que terá tido “uma estratégia de campanha verdadeiramente desastrosa”. Pedro Santana Lopes é, na opinião de Azevedo Alves, “o melhor comunicador político entre os actuais candidatos mas uma candidatura fora de tempo”. Paulo Pinto Mascarenhas no blog Atlântico viu “Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes conseguiram recuperar terreno na SIC”, ainda que note que Manuela Ferreira Leite continua a ser o centro da campanha eleitoral.

No blog Câmara de Comuns, um dos mais entusiasmados com esta campanha, Carlos Manuel Castro foi o primeiro a analisar o debate de contem, que considerou “melhor do que o da TVI”, e coloca a questão da influência mediática nos resultados eleitorais: “Se Passos Coelho ganhar, (...) é bem provável que a prestação de Ferreira Leite na SIC tenha contribuído para isso”.

Por Fim, João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos, em síntese: “Pedro Santana Lopes "venceu" com uma frase essencial: "não quero mais quatro anos de Sócrates." Nem mais, mesmo que, muito provavelmente, não chegue”. Ou seja, a ver por esta amostra, há vitórias para todos os gostos e argumentos para todas as vitórias. Como distinguir ou perceber o julgamento mais acertado? Como numa conversa de café, acreditamos em quem confiamos. Esse é o princípio. Depois, bom, depois no sábado se decidirá quem realmente ganha – logo a seguir o mundo dos blogues começará o debate sobre o sucesso do novo líder.

publicado por PRD às 18:37
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Quarta-feira, 28 de Maio de 2008

"Programa" ou "Propaganda"

 

Aqui há dias, no jornal Expresso, Miguel Sousa Tavares contava a história de uma frase, sobre os professores, que ele jamais havia escrito ou dito mas tinha-se propagado e multiplicado pela Internet por causa de um blog. Uma forma de, uma vez mais, o jornalista meter todo o mundo dos blogues num saco muito feio.

Bom: o mundo dos blogues não é mais do que a reprodução, á escala de um computador, do nosso próprio mundo. Tem de tudo. Génio, talento, generosidade, maldade, inveja, amor, paixão, ódio, enfim...

Como tem tudo, tem também esses momentos menos felizes. Para que o Miguel não pense que é a única vitima desse fenómeno da má interpretação, do abuso ou mesmo de maldade, eis um caso desta semana passado com uma pessoa bem menos conhecida.

Falo de Luís Pedro Nunes, comentador do programa Eixo do Mal da SIC Noticias. Não sei onde começou a história, mas eu apanhei-a, se calhar já em andamento, no blog Mar Salgado e dizia assim, sob o irónico titulo “Um País sem Liberdade de Expressão”: “Luís Pedro Nunes, jornalista do Público, acaba de dizer o seguinte (no programa "Eixo do Mal" ): Quando as empresas portuguesas vão negociar ao estrangeiro, levam "um garoto de programa" que é o José Sócrates. É para correr no calçadão. Dizem assim: "Ó Zé, corre aí! " E ele corre.

Um dia depois, aterro no Blogexisto de João Pinto e Castro e leio o seguinte:

“Ontem, citei aqui uma declaração atribuída pelo Mar Salgado a Luís Pedro Nunes. Hoje, o próprio corrigiu as afirmações que lhe foram imputadas num mail que me enviou: (...) Disse "garoto propaganda" e não de "programa", como foi escrito
Parece-me que faz toda a diferença, não? A ter sido assim (...) é claro que faz toda a diferença, pelo que lamento ter reproduzido palavras que afinal não terão sido ditas”.

Bom, no blog Mar Salgado já lá estava um comentário que chamava a Luís Pedro Nunes “jornaleiro de programa”. Ao mesmo tempo, vou lendo noutros blogues a mesma expressão que o jornalista, na verdade, não disse. O mesmo sucedeu com Daniel Oliveira, que no seu Arrastão disse: “Eu sei que há aí muita gente a confundir programa com propaganda, mas são coisas diferentes. E com esta pequena alteração a frase ganhou todo um outro significado. Essa malícia, essa malícia”...

Sejamos claros: nesta amplificação que o mundo dos blogues sempre inspira, uma frase citada pode repentinamente tornar-se um monstro. Como dizia no começo, Miguel Sousa Tavares queixou-se disso mesmo, até porque já sofreu na pele outros momentos no passado. Agora, uma expressão – garoto de propaganda – passa a garoto de programa, e com essa mudança tudo muda.

Deixo a história, deixo também o recado: como no mundo real, como na conversa de vizinhas ou na noticia de jornal, convém alimentar a mesma ideia: não acreditar em tudo o que nos dizem. Ou, como me ensinou um dos muitos bons chefes que tive no jornalismo: “a notícia de uma morte deve sempre ser confirmada pelo assassino e pela vitima. Se a vitima não puder confirmar, a noticia está correcta...”

publicado por PRD às 18:45
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Terça-feira, 27 de Maio de 2008

Flores benfiquistas...

 

O nome presta-se a trocadilhos e piadas, a carreira não diz muito, por isso, nesta fase, vale tudo quando se fala de Quique Flores, o novo treinador do Benfica. Vale por exemplo estas quatro frases de Bruno Santos no blog Baixa Autoridade: “Primeiro foi o traje cor de rosa. Agora um maestro chamado Flores. Para o ano ainda vamos vê-los a jogar de saias.
Que ao menos ponham uma rosa no cabelo”.

Mais sério, Filipe Nunes Vicente no Mar Salgado: “Prometeram a Quique Flores "quatro nomes de primeiro plano". Quando o caldo entornar, o sr. Vieira dirá que não paga as promessas de Rui Costa. E muito bem. Esses "nomes de primeiro plano" acabarão por ser os primeiros brasileiros do Ipatinga ou os segundos urugaios do Defensor Central que se chegarem à frente na fotografia da praxe. Não deve ser bem isso que Flores deseja. Flores pôs o Valência a jogar muito bem. (...) Difícil é pôr a jogar bem o Cardozo e o Di Maria; impossível é pôr a jogar (bem ou mal) o Luís Filipe, o Luisão e o Nélson. O Mantorras não precisa que o ensinem”.

Pedro Vieira, no irmão Lúcia: “enquanto mordisco um croissant no snack-bar deguimbra, à rua de são josé, oiço um dos cegos profissionais do metropolitano a vibrar com anúncio da chegada de quique flores (...). penso: como é que o homem se empolga tanto com o benfica se nem sequer consegue ver os golos do Nuno Gomes? pensando melhor, nós também não”.

Numa linha igualmente pouco optimista, Estevão, no blog Lapso de Escrita, lança a primeira farpa: “Até quando Quique Flores vai permanecer ao serviço do Benfica”. E deixa quatro hipóteses:
”a) Até à derrota na Luz com o recém-promovido Trofense;
b) Quando Vieira deixar de o chamar "Quiquin" Flores;
c) Até ao primeiro jantar com José Antonio Camacho;
d) Depois da viagem ao Turquemenistão, para o primeiro jogo da Taça UEFA”.

No blog Catedral das Palavras, Tiago acha que a vontade de ganhar do treinador espanhol não chega: “Há que ressuscitar os adeptos , reestruturar o futebol, rodear o benfica de benfiquistas, blindar e acarinhar o balneário , comprar pouco mas bem, dispensar os maus profissionais que andam a ganhar dinheiro às custas do Benfica e impor uma filosofia vencedora.(...) Está na hora dos benfiquistas acordarem o gigante que muitos querem morto mas que todos sabemos que está louco e sedento de vitórias, títulos e novas conquistas”. E remata com uma piada inocente: “Quem qué flô ?”

A propósito de flores, a Papoila, no blog Tragédias da Rua das Flores, afirma que analisou o "doce Quique Flores":
”Um homem que é sobrinho de Lola Flores, sobrinho de Gento, afilhado de Si Stefano, que dança sevilhanas, que gosta de Coca-cola e é ainda meticuloso e perfeccionista, parece-me ideal para o Glorioso! Além disso faz pendant com Rui Costa, teremos, e nisto estou absolutamente segura, a dupla director / treinador mais bonita do campeonato e da Taça Uefa! Poderia ainda falar do percurso desportivo como jogador e como treinador, mas o que me interessa é que Don Quique ponha o Benfica a jogar bem e a ganhar e mais nada!”
Os benfiquistas estão, portanto, expectantes, entre o optimismo e o humor negro. Vamos esperar para ver que flores faz este Quique...

publicado por PRD às 18:49
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Segunda-feira, 26 de Maio de 2008

A semana final

 

Semana decisiva no PSD, sábado que vem elege-se um novo líder, sucedem-se os debates, as acções de campanha. E, claro está, os comentários na blogoesfera. Numa primeira imagem geral, sou tentado a usar o texto de Rui Ramos do Publico, que encontro no blog Atlântico: “O actual concurso para a liderança do PSD não é fácil de seguir. É uma história de caciques de província e velhas disputas de família, a lembrar a política oligárquica do século XIX”. Uma imagem que João Luís Pinto, do blog Insurgente, completa e alarga num post que escreveu a convite do Corta-fitas: “Os geralmente designados "partidos de poder" (...) enfermam de um pecado original que tem designado o curso da sua vida: a total ausência de um mínimo de ideologia, e a partilha alternada das rédeas do estado e das instituições na sua esfera (...). Essencialmente uma partilha entre iguais".

Lá está, o problema das diferenças que os candidatos a líderes do PSD tanto tentam encontrar, entre si e entre o PSD e o PS...

Besugo, no Bloga-me Mucho, por exemplo, sente-se nauseado com “a sintonia entre Ferreira Leite e Passos Coelho. (...)  e também não acredita em Santana Lopes: “não seria de esperar nada de diferente (...): "um nim relativamente adversativo, um todavia, contudo".

No Câmara de Comuns, Paulo Ferreira observa o debate televisivo dos candidatos e é lapidar: “Melhor que os Malucos do Riso e quase tão bom como os Gato Fedorento”. Já o advogado José Maria Martins, no blog com o seu nome, diz que Ferreira Leite é “a coveira” de um PSD que, diz, “está nas lonas. (...) O PSD está um partido carreirista”. O advogado votaria, se pudesse, em Alberto João Jardim...
Opinião bem diferente tem Ricardo Cândido no blog Ainda há Lodo no cais: “Neste momento considero que temos dois candidatos que podem levar o PSD à vitória: Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho, ambos com formas e conteúdos diferentes, é um facto, mas detentores de um capital de confiança junto da sociedade civil que nenhum dos últimos três líderes teve, nem soube alcançar”. Manuel Falcão, na Esquina do Rio, é mais peremptório ainda: “Se Pedro Passos Coelho for o próximo líder do PSD estou disposto a filiar-me no partido”.

Como se vê, o mundo dos blogues está em brasa com esta eleição, e deixei aqui diferentes tipos de opinião e formas de a manifestar para se aferir do estado das coisas. Encontro, no entanto, no meio do caudal de ideias, duas teorias que se encontram e não apelam ao voto em qualquer candidato. No blog Nothing and all: “Enquanto no PSD ninguém se entende, Sócrates está no oásis, mesmo que ao redor só veja cactos”. E logo ao lado, no blog Pastoral portuguesa, Rogério Casanova: “Tendo em conta a curta mas sólida tradição dos militantes do PSD em escolherem o candidato (...) menos qualificado, um facto parece-me agora incontornável: o principal adversário do engenheiro Sócrates nas próximas eleições vai ser Manuela Moura Guedes”.

Esta semana vai ser a doer para o PSD. Até sábado, vale tudo...

publicado por PRD às 18:36
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Sexta-feira, 23 de Maio de 2008

Blog da semana: Pronome possessivo

 

Blog da semana, uma escolha que não pretende mais do que destacar blogues que escapam ao olhar diário que aqui faço mas que, ainda assim, merecem destaque, visita, impulso, uma palavra.

Não é a primeira vez que digo aqui que o mundo dos blogues é muito atraente e apetecível para os escritores... Aí temos mais um nome com espaço individual e próprio neste universo: Rita Ferro, a escritora de, entre outros, O Nó na Garganta, Uma Mulher não Chora, Os Filhos da Mãe – enfim, essa mesmo, que todos conhecem, abriu há oito dias o Pronome Possessivo, que diz ser “Blogue de natureza catártica que desafia todos os normais que reprimem a sua loucura e todos os loucos que conservam alguma educação”.

Não sei mesmo se não poderia adoptar esta definição do blog de Rita Ferro como uma alargada definição daquilo que é um blog pessoal. Neste caso, temos então a escritora e os seus interesses, paixões e manias: seja uma série de televisão ou um poema, seja uma história humana que encontra num jornal ou uma paixão repentina para um livro. Rita Ferro, como sempre, mostra-se por inteiro. Ela própria escreve: “Não sou pessoa que planeie nada, pelo que não planeei este blog. Acho que começou por uma (sã) inveja da Ana Vidal e do seu blog «Porta do Vento». Somos cúmplices desde há muitos anos. Escreve boa poesia, publicámos livros juntas, veste-se como gostaria de me vestir, e tem, perante a vida, uma atitude sóbria. Comecei por brincar com ela e com o tempo que dedicava ao seu blog. Depois, sem querer, fui participando no dela. Um ou dois posts foi quanto me bastou para tomar o gosto por estas coisas. Finalmente, fui ontem jantar a casa de uma (outra) amiga que percebe um pouco mais do que eu  destas andanças, e, sempre a brincar, criámos isto. Veremos o que acontece. Não sei do que vou falar, mas, seguramente, não me apetece transformar esta pequena tribuna numa extensão da Imprensa ou dos noticiários televisivos. Para já, gostava que cada estranho que aqui aterrasse se tornasse num futuro amigo. Portanto, já sabe. Deixe o seu comentário e o resto logo se vê. Até breve e poste-se bem!”

Quem conhece a Rita Ferro sabe que ela é mesmo isto: mulher frontal, terra a terra, diz o que tem a dizer. Ora, sendo um blog um meio de comunicação rápido, imediato, e nessa medida muito espontâneo e poderoso, acho que não me engano se disse que este Pronome Possessivo vai dar que falar. E que ler. É a minha escolha da semana e pode encontrá-lo em http://pronomepossessivo.blogs.sapo.pt
Este blog é como aquela mulher: não chora.

publicado por PRD às 18:27
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Quinta-feira, 22 de Maio de 2008

Ir à Luz

 

Hoje é feriado, um bom dia para reflectir, ou para pensar em algo diferente. Por exemplo, pensar no bem que podemos fazer aos outros se nos disponibilizarmos um bocadinho, se dermos um pouco do nosso tempo, um pouco de nós. Um blog pode inspirar esse gesto, esse passo, esse momento, e foi exactamente atrás do lado bom da vida que fui.

Encontro no blog de Laurinda Alves, A Substancia da Vida, um texto intitulado “Às terças na Luz”.

Começa com uma fotografia de umas escadas. Escreve a Laurinda: “Estas são as escadas que subo e desço invariavelmente no Hospital da Luz  todas as terças à tarde. Sou voluntária no Piso 4, na Unidade de Cuidados Paliativos, e se mostro as escadas rolantes é só porque me são familiares e porque, como é óbvio, não faz sentido revelar aqui a intimidade dos quartos”. Depois, Laurinda conta como se aproximou daquele universo: “Percebi a importância de uma Unidade de Cuidados Paliativos quando estive à cabeceira de alguém muito querido, que morreu demasiado cedo. Realizei então a diferença abissal que existe no acolhimento e tratamento dos doentes terminais nos hospitais que têm e não têm equipas especializadas em Cuidados Paliativos. (...) Decidi tornar-me voluntária quando a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos fez o primeiro curso de voluntariado, no Verão passado. Não tive dúvidas de que queria fazer o curso, mas tive dúvidas sobre se seria capaz de estar semanalmente à cabeceira de doentes crónicos e terminais. Ao fim de oito meses posso dizer que não só sou capaz, como descobri que gosto e que esta forma de voluntariado dá muito mais vida à minha própria vida. Haja o que houver, aconteça o que acontecer, as tardes de terça passadas no hospital são sempre as tardes mais importantes da semana. De todas as semanas, quero dizer. Explicar aqui a essência da vida vivida naquela Unidade é uma impossibilidade física. É extraordinariamente difícil traduzir por palavras ditas ou escritas tudo o que se diz, tudo o que se cala e tudo o que se sente naquelas horas que passamos uns com os outros nos quartos e corredores do hospital. A mim basta-me o duplo sentido que dou à expressão "vou à Luz!". 

O texto da Laurinda, que aqui trago praticamente na íntegra, serve vários propósitos: é um exemplo para quem tem tempo livre pode dispor de algum desse tempo para ajudar os outros; é uma inspiração para quem lê, que fica com vontade de seguir os passos da Laurinda; e é um excelente pretexto para reflectir sobre o sentido e os sentidos da vida.

O Mundo dos blogues não é só critica, humor, opinião solta. Pode ser também, num dado momento, uma boa ideia para dar mais luz às vidas de cada um.

publicado por PRD às 22:24
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Quarta-feira, 21 de Maio de 2008

Sexo e futebol

 

“Quatro em cada cinco portugueses prefere praticar sexo a assistir a um jogo de futebol, o que torna os adeptos nacionais os mais activos da Europa, ao contrário dos ‘abstinentes’ espanhóis, que não abdicam do desporto rei” – esta é conclusão de um estudo europeu que animou ontem a blogoesfera: António Costa da Silva, no blog Alcáçovas, não hesitou em exclamar – “Só Agora Percebi Porque é Que os Estádios Portugueses não Enchem”!

Fátima, no Blog “Cicuta em doses lentas”, soube do estudo pela televisão: “Após descobrir numa reportagem de um canal privado que os portugueses gostam mais de sexo que de futebol (mais do que os espanhóis! ...), fiquei a saber que as mulheres estão mais emancipadas e independentes e que isso assusta os homens que procuram "relacionamentos sérios" (...). As mulheres portuguesas falam abertamente sobre sexo, aprendem a dança do varão, convidam os maridos para uma escapadinha ao motel sempre que o casamento ameaça ruir (...). Estou, pois, muito mais descansada e tranquila. (...) Sei que posso sempre contar com a televisão para me inundar de chorrilhos de disparates tendenciosos e pouco rigorosos que em quase nada reflectem a nossa realidade”.
No 31 da Armada, Rui Castro compara sexo e futebol em Portugal e Espanha – os espanhóis gostam mais de futebol... - para concluir que “está explicada a maior competitividade do campeonato espanhol”.

Na comparação do estudo, Manolo Piriz, no blog Peão, diz mesmo que os “tugas” “marcam golaço”: “apenas 17% deles admitiram trocar sexo por um jogo de futebol”. E com graça comenta, a propósito do facto de 95% dos suecos não trocarem um desafio na TV por um momento de sexo: “Tudo bem que há quem acredite que a sensação de um golo é a mesma de um orgasmo. Mas assim é demais”.
O estudo também avaliou o comportamento dos espectadores europeus nos jogos de futebol onde os portugueses confessam ser os que mais facilmente choram com uma derrota: 80% já deixaram cair a lágrima por causa do jogo. Interroga-se ainda Manolo Piriz: “No caso português, será o fraco desempenho do Benfica nesta temporada o responsável por tantas lágrimas assim derramadas?”

Na verdade, este estudo, feito a propósito do europeu que aí vem, dá para todo o tipo de comentários e ideias. Aí ficou uma amostra...

publicado por PRD às 22:25
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Terça-feira, 20 de Maio de 2008

Combustão nos combustíveis...

Falemos então dos combustíveis e do preço a que são vendidos. “Há pouca concorrência no mercado dos combustíveis?”, pergunta João Pinto e Castro  no Blogexisto. “Em Portugal, responde ele, há pouca concorrência em quase tudo. Sabiam que quase todas as marcas de margarinas à venda nos nossos supermercados são produzidas pela mesma empresa?”.

O facto pode explicar algumas coisas, mas não tudo. Mudemos então o ponto de vista e vejamos o que escreve e pergunta Carlos Loureiro no Blasfémias:

“Alguém sabe explicar:

a) Quantos litros leva um barril de petróleo;

b) Quantos litros de gasóleo se produz a partir de um barril;

c) Quanto custa um litro de gasóleo, antes de impostos, à saída da refinaria”. Perguntas que ficam depois do programa da RTP que ontem debateu o tema.

À espera de resposta está também Rui Costa Pinto no Mais Actual. Sob o título “Já lá vão vinte” escreve apenas: “Aumentos de combustíveis. Não tarda nada o Primeiro-ministro deixa de poder sair à rua”.

No que respeita aos movimentos de massas, o mundo dos blogues funciona com base na convocatória, nas correntes de assinaturas, nas petições. Encontro um ensaio geral no blog “Loucuras na Estrada”, assinado por DYN:

“Não é que acredite muito neste tipo de iniciativa, até porque muitos dos portugueses são carro-dependentes (...). Em todo o caso, faço o apelo aqui no blog como me fizeram a mim”. E o apelo é:

“Devido ao consecutivo aumento dos preços dos combustíveis que nos afecta a todos, seria bom todos os Portugueses manifestarem a sua indignação. Para isso será necessário a colaboração de todos nós, na próxima semana de dia  19 (...) a 23 de Maio de 2008 (...), um boicote ás gasolineiras da GALP e da BP (...). Se durante uma semana deixarmos de abastecer os nosso carros nestes duas gasolineiras, iremos causar um prejuízo avultado e desta forma os preços necessariamente terão de baixar”.

Ideias populares provavelmente sem grande sentido e pouco informadas obrigam-me a ir procurar fontes bem informadas. Assim chego ao blog Visto da economia da jornalista Helena Garrido. E leio: ”A pressão que está a ser feita ao Governo para combater a subida do preço dos combustíveis é o melhor caminho para se fazerem disparates. Espero que não. Mas lembro o que fez António Guterres e Pina Moura nos combustíveis - mantiveram o preço, criaram um défice só porque se convenceram que a subida era transitória. (...) É preciso não cair na tentação de limitar a subida do preço dos combustíveis”.

Ou seja, e para concluir: parece evidente que estas subidas de preços não são tão óbvias quanto parecem – por isso merecem reflexões maiores do que a lógica imediata da blogoesfera. Assim sendo, talvez seja melhor esperar por melhores dias, no que toca a este tema...

 

publicado por PRD às 19:18
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Segunda-feira, 19 de Maio de 2008

Taça verde

 

Inevitável espreitar a final da Taça pelo olhar dos blogues nacionais, posso mesmo começar antes do jogo, quando Pedro Ribeiro escrevia no seu Dias Úteis: «Não tenho favorito para esta final, mas impressiona-me sempre a festa única que é a Final da Taça (...). Aqueles parques de estacionamento sem cancelas, aqueles acessos arcaicos, as roulottes com a míni e a bifana, o engarrafamento para entrar e sair do estádio, (...) o estádio Nacional tem uma mística única”.

Foi lá que tudo se passou, e noto com graça que João Severino, no blog Pau Para toda a Obra, fez uma crónica ficcionada por antecipação e acertou em cheio. Escreveu ele antes do jogo: “o Sporting venceu o Porto por duas bolas a zero num clima de euforia e de júbilo por parte dos lisboetas que à partida não eram nada favoritos...”. Severino deveria jogar no euromilhões... Deixada a sugestão, vamos aos comentários depois da taça: “Numa óbvia atitude de fair play, evitei o tema Olegário Benquerença”, escreve Bruno Sena Martins no Avatares de um desejo, apesar de reconhecer: “O Sporting jogou melhor e merecia ganhar”. Na origem das Espécies, Francisco José Viegas acha que “a fruteira é do Sporting” mas deixa a alfinetada: “Olegário Benquerença mostrou mais uma vez que é um predestinado: não por ter prejudicado o Porto e beneficiado o Sporting, mas porque, realmente, não se percebe. Claro que prejudicou e que as suas omissões são fatais”.

No Geração rasca, André Carvalho explica o que é, para ele, o Sporting: ”Esforço, Dedicação, Devoção e Glória (sem batota)”. O assumido treinador de sofá Tomás Vasques, no Hoje Há conquilhas, garante que o Sporting “jogou com mais garra e ofuscou os portistas”, e acha que Paulo Bento ganhou ontem “uma nova moratória”. Carlos Abreu Amorim, no Blasfémias, manda mensagens aos Portistas que só falam do árbitro:
”queixem-se mais da equipa que entrou desconcentrada e sem ambição; queixem-se do Jesualdo que, mais uma vez, inventou num jogo grande”. Seguem-se exemplos dos erros do treinador do Porto, ainda que Carlos reconheça por fim: “o Sporting jogou melhor em todos os domínios”.

Para fechar, dois comentários de mulheres neste mundo ainda muito masculino. Kiss Me no blog Beijo na Boca: “Eu juro que tentei torcer pelo Porto. O meu Benfica já não estava na corrida e afinal, o Porto é a minha segunda cidade (...). Mas quando o Sporting marcou foi cá uma felicidade!”. E Cristina, no blog “Um Dia Uma Estrela Disse”: “Queria que fosse o Sporting a ganhar a Taça de Portugal, o que acabou por acontecer. Mas depois de ver o Pedro Emanuel com aquela carinha de cachorrinho a olhar para a Taça, de longe, deu-me um aperto no coração e tive vontade de gritar "Moutinho, meu rapaz, dá lá o caneco ao sô capitão do Porto que, pobrezinho, está tão tristonho!". Alguém avise o Pedro Emanuel que lhe dou beijinhos para o dói-dói passar, se ele quiser!”

É o que eu sempre digo: no mundo dos blogues há de tudo, e vale tudo. Hoje foi assim, amanhã será diferente...

publicado por PRD às 16:20
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Estes textos são escritos para serem “falados”, ou “lidos”, pelo que não só têm algumas marca de oralidade (evidentemente, propositadas...) como é meu hábito improvisar um pouco “em cima deles” no momento em que gravo a rubrica. Também é relevante dizer que, dado tratar-se de uma “revista de blog’s” – e uma vez que os blog’s não se preocupam com a oralidade ou com a eventual citação lida dos seus textos -, tomo a liberdade de editar minimamente os textos que selecciono. Faço-o apenas para que, em rádio, não se perca a ideia do blogger pelo facto de escrever frases longas e muito entrecortadas. Da mesma forma, não reproduzo palavrões nem frases pessoalmente ofensivas, assim como evito acusações cuja possibilidade de prova é diminuta ou inexistente. Sendo uma humilde crónica de rádio, tinha ainda assim de ter alguns princípios. São estes. Quem tiver razão de queixa, não hesite!

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Declaração de voto

Seis anos já cá cantam.

Na melhor revolução cai a...

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