Quarta-feira, 30 de Abril de 2008

Notas soltas

Final de tarde de quarta-feira, meio-mundo a abandonar as grandes cidades para umas míni-férias de quatro dias. Portugal abranda o seu ritmo e eu, aqui à janela repesco ideias soltas, fora da actualidade, bons bocados que encontro enquanto navego de blog em blog.
Primeiro exemplo, de Pedro Mexia no blog Estado Civil: “Se o «cinema comercial» é um cinema que pode ser visto por toda a gente, que não tem grandes complexidades narrativas ou interpretativas, que não exige leituras ou conhecimentos especiais, que lida de modo directo com os anseios e os medos básicos, então não tenho absolutamente nada contra o cinema comercial (...). Se «cinema comercial» é aquele cinema feito para agradar ao maior número de pessoas, então não me interessa de todo. Não gosto de nada que seja feito para agradar «ao maior número de pessoas». De nada nem de ninguém”.
A ideia da unanimidade acaba por se ligar, por exemplo, e ainda, aos 34 anos da revolução. Luís Carmelo, no blog O Miniscente, apresenta uma longe reflexão de onde retiro este momento de ouro:
“É difícil a quem tem menos de trinta e cinco anos perceber a lógica de um paradoxo que colocava num dos lados da balança uma sociedade que dizia a si mesma que jamais mudaria. O nosso tempo é, com efeito, uma aventura sem precedentes, na medida em que alia a comunicação em rede (...) à disputa de princípios e valores plurais no quadro democrático. Com um grande senão: é que a democracia não decorre apenas da silhueta mais ou menos imóvel (...) das suas instituições. O que a realiza e o que a torna em garante da liberdade é a ilimitada polémica e o permanente contraditório do espaço público”.
O mundo dos blogues é disso um bom exemplo, por essa via chego ao dia de hoje, melhor, ao de amanhã. Descobri que há um blog dedicado ao 1º de Maio, ao dia do trabalhador, assinado por Diana Claro – “um projecto individual da disciplina de Laboratório de Imprensa, do Instituto Superior Miguel Torga”. O curso já deve ter terminado, o blog está parado há muito tempo, mas ainda por lá se encontram alguns trabalhos, textos, discursos relativos ao tema. Nomeadamente a história da data, que resulta de uma homenagem aos Mártires de Chicago – trabalhadores mortos e feridos durante uma manifestação “com o objectivo de lutar pela redução da jornada em 8 horas de trabalho”. Foi a 1 de Maio de 1886 e assim nasceu o Dia Mundial do Trabalhador. Um merecido feriado para quem trabalha.

publicado por PRD às 23:28
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Terça-feira, 29 de Abril de 2008

Ferreira Leite

Aí está a candidatura oficial de Manuela Ferreira Leite à liderança do PSD e, evidentemente, o olhar do mundo dos blogues sobre o tema. Comecemos por um socialista, Medeiros Ferreira, que vê com clareza a crise a perpetuar-se no partido rival:
“Está para lavar e durar. Por detrás de cada um dos candidatos perfila-se outro ou outros: detrás de Manuela Ferreira Leite espreita Rui Rio, na de Santana Lopes agita-se Alberto João Jardim, no apoio a Passos Coelho confluem todos aqueles que não se querem comprometer com nada”
Outro olhar, o de Inez Dentinho no blog Geração de 60:

“Vejo em Manuela Ferreira Leite uma oportunidade de discutir políticas com nível e de agregar pessoas parecidas. Temo a colagem com a imagem do Sócrates cobrador de impostos”.

David Diniz, no Insubmisso, reconhece que “Ferreira Leite lança-se no mais difícil palco político do país: ser candidata à liderança de um PSD feito em cacos”. Mas, diz, “pode, porém, ser o primeiro grande teste à qualidade da democracia portuguesa. Antes do mais, percebendo até que ponto uma mulher que defende políticas impopulares pode seguir essa defesa em público, ir a votos com essas mesmas ideias - dentro e fora do partido. Depois, e em caso positivo, tentar perceber se uns e outros (...) estão (...) preparados para a verdade, nua e crua, de um país que está longe dos melhores dias e que vai ter que sofrer para voltar a eles”.

No blog Lóbi, JCS vê em Manuela Ferreira Leite uma outra versão de Cavaco Silva: “Daquele cavaquismo que governou Portugal durante uma década e não soube aproveitar (...) as condições que naquele tempo nos foram dadas. Ficámos parados a engordar o Estado e os bancos. Agora, a missão de Ferreira Leite é manter a linha”.
Luiz Carvalho, no Instante Fatal, não apoia a candidata e cita uma frase clássica para o exprimir: "Eu nunca pertenceria a um clube que me aceitasse como sócio". Neste caso, Manuela.
No blog Bico do Gás, Asensio recorda Marques Mendes e a forma como foi maltratado no PSD para dizer que, “Se o país sente a falta de um PSD forte e credível, Manuela Ferreira Leite é também responsável”.
Noto ainda que Paulo Gorjão, no Cachimbo de Magritte, defende que “Passos Coelho é o candidato que melhor se ajusta às necessidades do PSD”, ele acha que Ferreira Leite não acaba com a contestação no interior do PSD – ou seja, acha que não une o Partido. João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos, simpatiza com a candidata: “Manuela tocou "no ponto"? Tocou. (...) Mais uns tempos deste circo e o país passava, de facto, a ignorar o PSD.

Como referiu, nem sequer é certo que o país preste atenção a um PSD que não se dá ao respeito. Acontece que não é seguro que o circo tenha acabado ou que o ciclo da "falta de respeito" tenha chegado ao fim. O ressabiamento e o oportunismo têm forças que a razão desconhece”. Ou seja, não há aqui favas contadas...
A campanha mal começou, Manuela chegou ontem, mas já tem espaço próprio na Internet, algo a meio caminho entre um blog e um site, até agora só com noticias sobre a candidatura: vejam em www.ferreiraleite.com. O PSD vai ser o bombo da festa nas próximas semanas e eu cá estarei à Janela...

publicado por PRD às 23:36
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Segunda-feira, 28 de Abril de 2008

Ressaca de Abril

Fim-de-semana prolongado com um feriado especial – o 25 de Abril. A data acaba por ter reflexo na blogoesfera e no que se escreve, mas este ano o discurso de Cavaco Silva monopolizou as ideias. Vamos aos exemplos, Daniel Oliveira no blog Arrastão: “Como pode esperar que os jovens entendam a dignidade da democracia quem, sendo Chefe de Estado, se rebaixa perante um cacique local e se cala diante tantos atropelos às regras democráticas? Os jovens esqueceram-se do 25 de Abril? Não o esqueceu Cavaco Silva durante toda a semana que esteve na ilha da Madeira?” José Teófilo Duarte, no Blog operatório recupera a memória: “Cavaco Silva queixa-se da falta de informação dos jovens portugueses. Isto dito por quem se gabava de não ler jornais...”. Manuel Jorge Marmelo, no Teatro Anatómico, leva a memória mais longe: “Cavaco Silva (...) é a mesma pessoa que, enquanto foi primeiro-ministro, (...) afirmou que o seu programa de televisão favorito era o McGiver. A ignorância dos jovens de hoje tem, bem vistas as coisas, pelo menos um aspecto positivo. Eles não sabem o que aconteceu no 25 de Abril, mas também não sabem quem é o McGiver. Alguns nem devem saber que é o Cavaco Silva”. No blog Puxa Palavra, Joao Abel de Freitas vai pelos jovens: “A juventude quer ser livre e vê nas jotas dos partidos o que elas realmente são: uma agência de emprego e não quer alinhar nisso. Para quê então interessar-se pela política? Que interessa saber quantos deputados tem a AR e quem tem maioria absoluta. Provavelmente 50% dos jovens ente os 15 e os 17 anos nem sabe quem Cavaco Silva é? Será que em França ou em Itália sabem quem é Sarkozy ou Berlusconni?”. Também Sofia Loureiro dos Santos, no Defender o Quadrado, se põe do lado dos mais novos: “A juventude é ignorante em história, em política, em Matemática, em Português, mas sabe muito mais que nós algum dia saberemos de coisas que nem imaginamos que existem. A actuação política dos nossos representantes políticos, as suas mentiras, o seu alheamento da realidade, a nossa falta de interesse na leitura, na conversa, no pensar por nós próprios, no esforço de participar são algumas das explicações para o desinteresse dos nossos filhos pela causa pública. (...) A cidadania constrói-se todos os dias e dentro das nossas casas, para fazer parte da nossa vida, não em liturgias e avaliações cíclicas e anuais do estado a que isto chegou”.
Aqui chegado, decido alargar o debate com um bocadinho do post lúcido de Mouro na Linha do blog Womenage a Trois, e deixar assim fluir essa ideia de cidadania diária:

“Portugal vive melhor hoje porque o mundo (pelo menos a parte do mundo em que Portugal se insere) vive melhor hoje do que há 34 anos. Se o mundo tivesse “piorado” entretanto, Portugal teria piorado com ele. E nenhum 25 de Abril nos salvaria. Dito isto, lembremo-lo (ao 25 de Abril). Não pelo que fez de nós, mas pelo que mostrou de nós. Pelo que representou de coragem de uns e cobardia de outros, pelo que ensina da política, da guerra, da história, da condição humana. Quanto mais não seja (...) os que o fizeram merecem-no”.

publicado por PRD às 23:39
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Quinta-feira, 24 de Abril de 2008

PSD, o folhetim continua

Eu bem tentei ontem fugir ao tema, mas nada a fazer: o mundos dos blogs vibra com a crise no PSD, com Alberto João Jardim, Santana, Ferreira Leite. De uma forma sempre séria, Pacheco Pereira, no Abrupto, faz um ponto de situação:
“Sem se "consertar" primeiro o PSD, restituindo-lhe um mínimo de credibilidade, o que significa mudar estilos, linguagem, processos e pessoas, não adianta avançar com grandes arroubos programáticos porque pura e simplesmente ninguém os percebe, nem os ouve, nem os faz. Qualquer outra proposta pode ser muito bonita no papel, mas é profundamente irrealista, e serve os "maus", ou é mera retórica”.
Dito isto, do outro lado da barreira pode estar Daniel Oliveira no Arrastão: “Vejo a televisão. Desfilam personagens como Mendes Bota, Ribau Esteves, Patinha Antão, Marco António, Hugo Velosa, Santana Lopes, Alberto João Jardim… E pergunto-me: o que aconteceu ao PSD para que os cromos se tenham transformado nas figuras?”
No mesmo sentido vai Sofia Loureiro dos Santos no Defender o Quadrado: “Há um bocado passou um filme de terror na televisão (...). De uma assentada desfilaram Patinha Antão, Mendes Bota, Ribau Esteves, alguns discorrendo sobre a maravilha de uma hipotética candidatura de Alberto João Jardim à liderança do PSD. (...) Estou meio zonza, até um pouco nauseada”.
Pedro Sales, no Zero de Conduta, prefere ver o tema pelo lado do negócio: “Depois da SIC ter investido uma pequena fortuna para contratar os gato Fedorento, Alberto João Jardim anuncia que está disponível para ser líder do PSD (...). Isto não é coisa que se faça...mais a mais ao militante n.º 1 do PSD”.
Laurinda Alves, em A substancia da vida, nota que Jardim “aterrou em Lisboa (...) entre duas nuvens: a nuvem de jornalistas e fotógrafos habitual e uma outra, mais nebulosa e rara, feita de um silêncio grandiloquente. Chegou muito caladinho, deve vir aí asneira”. Mas também há quem defenda o madeirense inimputável. João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos: “Jardim tem sido o único social-democrata a dar motivos de orgulho ao partido a que pertence. Tem um currículo político invejável, sufragado anos a fio pelos seus eleitores. É um governante com experiência, persistência e obra”. Pelo menos na blogoesfera que eu li, Gonçalves está sozinho. Mas nestas coisas do PSD e da politica, o que é verdade agora, não é daqui a nada. Nem por acaso, o dia nasce e parece que Jardim fica de fora e Santana pode ser candidato. Leio então Rui Castro no 31 da Armada: “A ausência de reacção deste blog às mais recentes notícias sobre o PSD explica-se pela ressaca com que ficámos após o pré-anúncio da candidatura do menino guerreiro à presidência daquele partido”. Ou seja: depois de Jardim, ainda vamos ouvir a blogoesfera voltar a Santana Lopes...É só esperar para ver...

publicado por PRD às 23:06
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Quarta-feira, 23 de Abril de 2008

Dias de...

O mundo dos blogs continua entusiasmado com o PSD e o momento de mudança que vive - mas confesso que, ao terceiro dia, me apetece mudar de assunto.

Vou pelos dias de...
Há dias para todos e para tudo – ontem foi o dia da Terra e achei interessante o relato de Carlota, no blog Geração Rasca, sobre o que recentemente fez pela terra..
Conta: “deixei de comprar água engarrafada para beber. Substituí as garrafas de Spa pela Brita , o que diminuiu significativamente o volume semanal do meu caixote de plástico para reciclar. E ainda teve a vantagem de me proporcionar menos peso para carregar do super-mercado para casa. Deixei de comprar garrafões de água destilada e substituí-os pela garrafa de AQua+ , que tem uma duração média de quatro anos. Basta atestar com água da torneira, esperar quinze minutos e já se pode encher o ferro de engomar. Ainda menos volume para o caixote do plástico! Agora quanto às garrafas do leite, só se puser uma vaca no jardim... Tem a vantagem acrescida de poupar a electricidade do cortador de relva e de diminuir as quantidades de lixo verde. Mas a ideia do outro lixo, que vem por acréscimo, faz-me seriamente hesitar quanto à aquisição do animal... “
Gostei do relato e da preocupação – noto aliás que no mundo dos blogs o ambiente é uma preocupação constante e nunca é demais sublinhar tal facto.
Mas se ontem foi o dia da terra, hoje é o Dia Mundial do Livro. No mesmo blog, outra autora, Cristina, escreve que lhe pareceu “um dia apropriado para cumprir algumas tarefas em atraso...”
Expliquemos, então.
Nos blogs há muito estes jogos de corrente em que alguém lança um desafio e todos vão atrás. Neste caso o desafio era reproduzir a quinta frase completa da página 161 do livro que se anda a ler... Cristina cumpre e reproduz: “Aos dezanove anos tinha feito dois retratos num estúdio fotográfico de Genebra, um deles vestida como um jovem árabe, outro de marinheiro, com uma boina que ostentava, como nome do hipotético barco, a palavra «Vingança»”. E depois esclarece: “O livro chama-se «Histórias de Mulheres» e é uma compilação de biografias de mulheres [Agatha Christie, Simone de Beauvoir, (...) Frida Kahlo, etc] que Rosa Montero apresenta de foma muito pessoal”.
Bom, neste dia mundial do livro fica então uma sugestão de leitura que fui buscar a um blog e uma lembrança também: hoje chega às bancas a renovada revista Ler, em cujo blog se conta que Manuel Alberto Valente, ex-editor da Asa, que abandonou depois do grupo Leya a juntar ao seu portfólio de editoras, será o editor da área de literatura, ficção nacional e estrangeira, da Porto editora. Uma boa noticia para o mercado, que precisa de gente talentosa em acção, e novos caminhos abertos diariamente.
E assim deixo a Janela aberta, com livros e editores no dia mundial do Livro.
publicado por PRD às 23:03
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Terça-feira, 22 de Abril de 2008

PSD, dia dois...

Segundo dia em que dedico o olhar à Janela sobre o PSD, o que não admira, dado que continua a ser o tema do momento. Razão tem Nuno Costa Santos no blog Sinusite Crónica quando escreve: “Basta passar pelos salões de chá e pelas tascas do país: gozar com o PSD (este PSD)  tornou-se o prato favorito da Nação. E, sabemo-lo, a culpa é, sobretudo, deste PSD. Um partido que, para simplificar os termos, não se tem dado ao respeito. Todo o PSD se transformou num imenso Santana Lopes, o bombo da festa do comentário político de esquina. Corrijo: a culpa não é apenas deste PSD. Também é do outro - aquele que, alegadamente mais preparado e com maior sanidade mental, deixou que o estado de coma se instalasse na sua própria casa. Os "barões" e os "intelectuais" do partido pouco fizeram para evitar os efeitos Santana e Menezes”.
Ora, do lado dos barões Manuela Ferreira Leita chega-se à frente e é candidata. Comenta Eduardo Pitta no blog Da Literatura: “Manuela Ferreira Leite decidiu avançar (...), apresentando como vices Rui Rio, António Borges e Morais Sarmento. OK. Em caso de vitória, nenhum dos quatro espera que Pedro Santana Lopes, que é deputado (...), lhes faça a vida fácil. É justamente este nó que não entendo: por que razão não avança Santana lui-même...? (...) Manuela Ferreira Leite pode ser a preferida das elites, dos blogues e dos comentadores, mas o maralhal que vota nas directas rege-se por outros parâmetros. A senhora arrisca um desaire estrondoso”.
Tiago Geraldo, no 31 da armada, não concorda: “A candidatura de Manuela Ferreira Leite, (...) acaba à nascença com (...) Pedro Passos Coelho: uma criatura capaz de articular duas frases com sentido mas não substancialmente diferente do indivíduo Ribau. Em segundo lugar, recupera essa característica quase perversa pelos padrões actuais que é ser líder da oposição com um historial político minimamente coerente. Por último, vendo com muita dificuldade Manuela Ferreira Leite a atrair um voto que seja do centro-esquerda (...), estou convicto que, mesmo perdendo, o poderemos fazer com dignidade”
Ora, sobre coerência e Manuela Ferreira Leite interroga-se Carlos Manuel Castro, no Câmara de Comuns. E nota: “há sempre um lado interessante, caso (seja) o próximo líder laranja (...). A ex-Ministra das Finanças sempre pode explicar como é que tendo empregue tantas forças para combater o défice, este, em vez de baixar, aumentou”.
Desanimada está Sofia Galvão, no geração de 60, mesmo antes de ver o nome de Ferreira Leite na corrida: “Oxalá me engane, mas não tenho esperança. Nada de sério será possível. Nada de novo para além desta crise”.
Fica a duvida: o desanimo de tanta gente próxima do PSD tem a ver com esta crise, ou será que André Azevedo Alves tem razão quando, no blog O insurgente, deixa um comentário seco, fatal, certeiro. Diz só isto: “O maior drama deste PSD é que o melhor líder para um partido social-democrata em Portugal nos dias que correm é, muito provavelmente, José Sócrates”. E com este pensamento fecho a Janela até amanhã...

publicado por PRD às 19:16
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Segunda-feira, 21 de Abril de 2008

Crise no PSD

PSD, PSD, PSD – aí está o mundo dos blogues ao rubro, analisando o presente, explicando o passado, antecipando o futuro. Opto, desta vez, pelo humor, pela ironia, e recolho aqui um conjunto de comentários que me fizeram, pelo menos, sorrir...
João Pinto e Castro, no Blog existo, manifesta-se contra os monopólios e escreve:

“Abandonando Menezes o espaço público que tão galhardamente ocupava, ficará Rui Santos sem concorrência. Ora, como os monopólios são nocivos para o bem-estar colectivo, espero que os militantes do PSD tenham em conta este problema ao escolherem o seu futuro líder”.

Seco, no 31 da armada, Rui Castro titula primeiro: “Menezes deu um pontapé na crise”. E logo depois: “Demitiu-se”.
Na mesma linha, Rodrigo Moita de Deus: “Esta demissão prova que Menezes sempre pensou no que era melhor para o partido e para o país”.
Na verdade, melhor ou pior, Menezes saiu e já há fila de candidatos ao lugar. No Tomar Partido, Jorge Ferreira nota que “O poder no PSD está barato. Patinha Antão confirma que também é candidato. Os motoristas e as secretárias estão em reflexão. Não é de excluir uma candidatura do pessoal da S. Caetano à Lapa”. Sobre outro candidato escreve João Miranda no Blasfémias: "Aguiar Branco é um homem com sorte. Tem mais uma oportunidade para quase se candidatar à liderança do PSD."
Um olhar diferente, o de JCS no blog Lóbi: “Menezes quis ser Sarkozy. Santana Lopes acha que é Berlusconi. Ferreira Leite ainda quer ser Thatcher. Acho que temos de cortar a televisão por satélite. Os políticos portugueses andam a ver muitos filmes”.
Um pouco a ajudar a Janela Indiscreta, Pedro Correia, no Corta-Fitas, fez um PSD “visto dos blogues” e encontrou boas frases para este apanhado, destaco duas:

José Gomes André, no Bem Pelo Contrário: "Nunca desprezem a capacidade do PSD para se autodestruir."
Luís Novaes Tito, na A Barbearia do Senhor Luís: "Veremos se agora os que andaram a afixar setas flácidas se atrevem a pô-las erectas."
Por fim encontro João Gonçalves já a ver Marcelo Rebelo de Sousa ontem na RTP: “Marcelo presume que vai aparecer alguém que preencha os "mínimos". Traduzido em "marcelês", isto quer dizer alguém que perca com "dignidade", em 2009, para um Sócrates sem maioria.

Aí, e perante uma legislatura de horizontes precários, talvez surja uma "obrigação moral". Entre os "mínimos" anunciados, o PSD afunda-se mansamente. Quer maior "obrigação moral" do que esta?”
Outra pergunte, de “Mera curiosidade”, deixa Henrique Burnay no 31 da Armada: “Aquilo que move os candidatos a sucessores de Menezes é uma objecção quanto ao estilo ou uma diferença sobre a substância?”
E mais uma pergunta para fechar, mas na versão ironia ácida, no Blog dos Marretas:

“Agora que está de saída, Menezes irá para que Conselho de Administração?”

publicado por PRD às 22:12
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Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

Blog da semana: Blogkiosk

Chama-se Blogkiosk e promete ser «La crème de la crème» da imprensa internacional. Não sei se será ou não, mas é seguramente um dos mais úteis blog’s de informação internacional e de jornalismo também.
Aberto há poucos meses, á assinado por Patrícia Fonseca, jornalista, que se apresenta: “Hoje escrevo na Visão. Fui também fundadora e grande-repórter da Focus e produtora editorial da Egoísta. Como se nota, gosto de revistas. (Tanto que me dei ao trabalho de escrever uma tese académica sobre elas). Gosto ainda mais de partir. (...) Por uma boa história, sou capaz de largar tudo”.
O blog é então um riquíssimo repositório da links e reflexões sobre o jornalismo puro e duro que se pratica um pouco por todo o mundo, com especial atenção para reportagem, para a fotoreportagem, e para a actualidade politica e para cenários de conflito. A jornalista não esconde o seu fascínio pelo médio-oriente e por causas como a do Tibete.

Para ser mesmo «La crème de la crème» falta-lhe apenas um olhar mais atento sobre as revistas de tendência, ou as tendências das revistas por esse mundo fora.
Ainda assim, é um excelente blog onde inclusivamente se faz ligação do mundo a Portugal. Exemplo desta semana: “No dia em que a Assembleia da República aprovou a nova lei do divórcio, é interessante ler o artigo publicado na edição desta semana da Newsweek sobre «a geração divórcio». Nos Estados Unidos, as separações «sem culpa», à semelhança das que agora passam a ser possíveis no nosso país, foram aprovadas há 40 anos... Precisamente no ano em que nasceu o jornalista David J. Jefferson, que escreve uma reportagem tocante, num registo pouco habitual entre nós, sobre a sua própria experiência, crescendo como filho de pais divorciados. Jefferson não estava sozinho. Nos anos 70, recorda, a taxa de divórcio atingiu recordes nos EUA e a maioria dos seus colegas de escola também teve de aprender a lidar com a separação dos seus progenitores. Por isso, além de descrever os conflitos da sua infância e juventude, o jornalista decidiu procurar os seus amigos de liceu (...), para saber de que forma se sentiram afectados pela desagregação das suas famílias, como convivem hoje, já quarentões, com os seus pais - e como gerem os afectos dos seus próprios casamentos”.
Ou seja, Patrícia não se limita a ler revistas e estabelecer ligações, ela faz pontes também para com a realidade portuguesa.
É então o meu blog da semana, fica em www.blogkiosk.blogspot.com. Quem gosta de imprensa, não o pode perder de vista.

publicado por PRD às 19:16
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Quinta-feira, 17 de Abril de 2008

Coração ao alto

Rodrigo Moita de Deus andou fugido da blogoesfera, por razões pessoais, mas voltou em forma no 31 da Armada – e pegou de frente na infeliz história do site do jornal Expresso que anunciou que “Pinto da Costa tinha tido um princípio de ataque de coração e estaria internado no hospital da Luz”. Escreve Rodrigo: “A notícia revelou-se “exagerada”. Pinto da Costa anunciou que ia processar o Expresso. Por difamação. Presume-se. O ataque de coração ainda vá que não vá. O internamento também. Mas ser tratado no Hospital da Luz é uma calúnia”.
Noutro post, Rodrigo vai mais longe: “Não quero gabar-me. Mas digo-vos que nunca acreditei na notícia do ataque de coração de Pinto da Costa. Qualquer benfiquista sabe que Pinto da Costa não tem coração”.
Claro que o tema merece humor, justamente depois do desmentido e do comunicado em que a direcção do jornal se retrata e pede desculpa. Nem por isso, no entanto, deixa de ser motivo de reflexão, como bem faz Luís Paixão Martins no blog com o seu nome: “Aquilo que me chocou, escreve, foi o peso dado às fontes envolvidas. Havia, de um lado, fonte oficial do Hospital da Luz e da Espírito Santo Saúde e fonte oficial do Futebol Clube do Porto – que negavam os factos. E havia, do outro lado, duas fontes anónimas que assim continuam – para minha surpresa. Se o jornalista e a edição em linha do Expresso valorizaram mais as duas fontes anónimas do que as fontes oficiais das duas instituições envolvidas (...) é porque essas duas fontes anónimas, apesar da designação, não são aquilo a que se chama de anónimos. (...) Tenho a convicção (...) que não eram exactamente anónimas as fontes anónimas. Porque a mesma informação circulou ao mesmo tempo e quase instantaneamente por várias redacções”. Paulo Gorjão no Cachimbo de Magritte concorda com Paixão Martins. Também não percebe “o que leva os jornalistas a dar o peito às balas, protegendo a identidade de fontes que manifestamente não os respeitam profissionalmente”.
Dito isto, a madrugada de hoje foi basicamente vivida com muitos ataques – de coração, ao coração, e com pouca razão – na sequência do jogo de ontem, entre Benfica e Sporting, que destinou justamente ao Porto uma final da taça com o Sporting. Oito golos mais tarde, dos comentários nos blogues acabo por ser parcial e deixar apenas o de Paulo Pinto Mascarenhas: “Optimista que sou - e um benfiquista tem de ser, por natureza, um optimista - consigo retirar uma simpática conclusão: como vale mais ganhar ao Benfica do que conquistar a taça, o Sporting salvou a época com aquele jogo. Para o ano, Paulo Bento vai continuar a ser o treinador. O que não acontecerá com Chalana”.

Venha então o Porto com o coração em forma...

publicado por PRD às 22:14
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Quarta-feira, 16 de Abril de 2008

Do Olimpo à blogoesfera

Hoje é dia de Sporting-Benfica, o país está nervoso com o futebol, vou contar-vos uma história actual, mas levezinha, para este final de tarde no mundo dos blogues. Uma história que me contaram por mail mas depois confirmei ser absolutamente verdadeira e que vale a pena trazer à antena.
E é assim: no âmbito de uma campanha de publicidade para a marca Zon, a agência de publicidade decidiu criar uns filmes de TV sobre a ideia de se ser iluminado – e eles mostram pessoas que tiveram ideias que os próprios consideram geniais. Foram iluminados, portanto. No meio dessas pequenas ficções publicitárias, aparece uma mulher com uma esfregona na mão a dizer ao mundo que era a Dona Íris, uma mulher-a-dias, sempre ligada à Internet, e que abriu um blogue chamado “eu é que limpo o Olimpo”. Blogspot.com, como é costume.
A referência passaria despercebida. Mas não passou. E a agência de publicidade, certamente antecipando o fenómeno, criou mesmo um blog com esse nome, onde a Dona Íris escreve coisas como estas:
“Quem o vê no Louvre, de mármore e sem os bracinhos, coitadinho, não imagina o trabalho que dá. Tinham que vê-lo a passear-se pelo Olimpo. Parece que é tudo dele. E como o convenceram de que põe e dispõe do Céu e da Terra como lhe apetecer, suja muito, não quer saber do ambiente. O senhor Zeus nunca foi muito arrumadinho das ideias. (...) O que mais me chateia é quando o senhor Zeus resolve dar jantares em casa e chamar a família toda. Só mulheres, coitadinhas, são a dona Hera, a dona Hebe e a dona Métis. E ainda há as que as revistas inventam, para não falar da própria irmã (...). E os filhos, diabo dos miúdos, que nunca mais acabam. Põem-me a cabeça em água. Desarrumam, sujam tudo, um inferno. (...) Vocês sabem lá a minha vida. Desculpem, meus queridos, mas tenho que ir andando. O senhor Zeus lembrou-se de reunir as divindades do Olimpo daqui a nada e ainda nem os biscoitinhos acabei de cozer. Estes dias de vento, aqui no Olimpo, são uma chatice, que o fogo não se aguenta um minuto. E só de pensar no que vou ter que limpar no fim… Aquelas barbas, aqueles cabelos enormes… Uma porcaria”.
O facto é este: desde que o anuncio entrou no ar, as buscas pelo blog levam a que se atinjam as 400 visitas diárias, há comentários para todos os gostos, e a Dona Íris ganhou vida própria, de tal forma que ontem escrevia assim: “Para ser franca, quando me meti nesta coisa dos blogs, não pensei que isto fosse dar trabalho. E muito menos fama, como os meus amores devem imaginar. Não podem, por isso, estranhar que não encontre tempo para responder a todas as vossas adoráveis palavras. Eu sou, como vocês dizem, uma "cota" simples. Eu não sei ser estrela, porque essas iluminam e eu sou apenas iluminada. Perceberam? É do anúncio".
Claro que é do anuncio: mas da ficção da publicidade na TV nasceu uma realidade virtual na blogoesfera. As voltas que este mundo dá, do Olimpo à realidade...

publicado por PRD às 19:50
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Estes textos são escritos para serem “falados”, ou “lidos”, pelo que não só têm algumas marca de oralidade (evidentemente, propositadas...) como é meu hábito improvisar um pouco “em cima deles” no momento em que gravo a rubrica. Também é relevante dizer que, dado tratar-se de uma “revista de blog’s” – e uma vez que os blog’s não se preocupam com a oralidade ou com a eventual citação lida dos seus textos -, tomo a liberdade de editar minimamente os textos que selecciono. Faço-o apenas para que, em rádio, não se perca a ideia do blogger pelo facto de escrever frases longas e muito entrecortadas. Da mesma forma, não reproduzo palavrões nem frases pessoalmente ofensivas, assim como evito acusações cuja possibilidade de prova é diminuta ou inexistente. Sendo uma humilde crónica de rádio, tinha ainda assim de ter alguns princípios. São estes. Quem tiver razão de queixa, não hesite!

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