Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009

Blog do Ano 2009: O Alfaiate Lisboeta

Ultimo dia do ano, dia certo para revelar a minha escolha, absolutamente individual, do melhor blog de 2009. Critérios para esta escolha: criatividade, manutenção, dedicação, interesse e relevância. Propositadamente, não usei a palavra originalidade – porquê? Bom, porque o meu blog do ano não é de todo original, nem pretende. O seu autor partiu de um blog inglês, o Sartorialist, e pensou: por que não replicar esta ideia em Portugal? Aliás, está lá escrito: “A ideia não é original. Talvez já nem venha a tempo de ser inovadora. Mas (...) as boas ideias não se têm apenas mas também se aproveitam”.

E o anónimo autor aproveitou a criou o Alfaiate Lisboeta, em oalfaiatelisboeta.blogspot.com, em Janeiro de 2009. É o meu blog do ano

A escolha resulta justamente deste novo patamar a que a blogoesfera chegou: a da replicação de boas ideias, ou quase uma espécie de franchising não-oficial. A ideia do Alfaiate Lisboeta é simples: procurar gosto e bom gosto, originalidade e arrojo, ousadia e urbanidade, na moda que se encontra na rua. Street wear, sem mais. “Nunca vos apeteceu fotografar alguém? A mim já. Não acham que há pessoas que têm o dom de vestir bem ou a audácia de o fazer de forma diferente? Eu acho”.

Assim nasce um portfólio diário, um verdadeiro mural de moda, com fotografias simples, mas bem tiradas, nas ruas de Lisboa ou de qualquer cidade por onde o autor do blog ande, com gente anónima. O Alfaiate Lisboeta aborda os seus fotografados, tenta perceber quem são, comenta-os e comenta o que vestem. O Alfaiate mistura muitíssimo bem moda, roupa, e tendência, modernidade.

Diz ele às tantas, num post, que a culpa é da avó: “A sério. Não há sítio onde vá que não meta conversa com x, interpele y ou faça sugestões a z. Fui buscar-lhe essa tara [não se preocupem com a minha avó, vai adorar que fale nela na mesma medida que adora chamar a si a responsabilidade de metade dos meus traços de personalidade; e, em abono da verdade, cabe-lhe a ela boa parte da responsabilidade de, algures na minha base genética ou experiência, ter encontrado motivos para iniciar este blogue]”.

Confessa que é mais extrovertido no estrangeiro do que nas ruas de Lisboa, mas basta ler o blog para perceber que é um espontâneo em qualquer parte. Já este mês de Dezembro fotografou a própria irmã e escreveu um texto notável em que explica a escolha: “A canadiana que a avó lhe deu. Era essa a desculpa. Não fosse essa seria outra qualquer. Porque eu não preciso de desculpas para falar da minha irmã. Por algum motivo é a primeira vez que me emociono a escrever um post. Por algum motivo, antes mesmo de me sentar aqui, já sabia que isto ia acabar assim. Esta merda não se explica. Nem tem que se explicar. É mesmo assim. E juro-vos, eu já sabia”.

O Alfaiate Lisboeta faz mais pela moda do que muitas revistas e jornais, é sociologia pura, e é também política na abordagem de estilos, raças, linguagens. Não é uma ideia original, mas é a aplicação com talento e sabedoria da ideia original, sem pretensões e sem manias. Tudo junto, eis a minha escolha para 2009. Amanhã, começa 2010.

publicado por PRD às 02:11
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2 comentários:
De diario de lisboa a 2 de Março de 2010 às 11:41
Sem dúvida uma escolha mesmo muito acertada e merecida.


De Como Criar um Blog a 4 de Abril de 2010 às 19:28
É um blog muito bom para tirar umas ideias. Apesar de vermos centenas de pessoas a passear na cidade ver fotos assim é diferente!


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Estes textos são escritos para serem “falados”, ou “lidos”, pelo que não só têm algumas marca de oralidade (evidentemente, propositadas...) como é meu hábito improvisar um pouco “em cima deles” no momento em que gravo a rubrica. Também é relevante dizer que, dado tratar-se de uma “revista de blog’s” – e uma vez que os blog’s não se preocupam com a oralidade ou com a eventual citação lida dos seus textos -, tomo a liberdade de editar minimamente os textos que selecciono. Faço-o apenas para que, em rádio, não se perca a ideia do blogger pelo facto de escrever frases longas e muito entrecortadas. Da mesma forma, não reproduzo palavrões nem frases pessoalmente ofensivas, assim como evito acusações cuja possibilidade de prova é diminuta ou inexistente. Sendo uma humilde crónica de rádio, tinha ainda assim de ter alguns princípios. São estes. Quem tiver razão de queixa, não hesite!

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