Num dia como o de hoje, Natal pleno, era óbvia a escolha de um blog da semana. O olhar recaiu soibre “Religionline”, um blog que explora, diz-se logo em subtítulo, “O sentido da vida, a dimensão religiosa e a cultura”. E vem de longe este blog de Manuel Pinto. 26 de Setembro de 2002, em rigor, e lá se encontra o post inicial: “Inicio hoje este blog, no qual referirei aspectos, impressões, interrogações e notas sobre a experiência religiosa. Situo-me no quadro do cristianismo, procurando manter no horizonte o vasto e plural universo das experiências religiosas e do diálogo (…) entre elas. Mas consciente de que a busca de sentido extravasa em muito a dimensão religiosa-confessional. Um diálogo cultivado e exigente, sem preocupações proselitistas - eis o que procurarei manter (…). Desejo igualmente fazer deste blog um espaço colectivo, onde outros companheiros de jornada participem, quer como membros, quer como comentadores”.
Foi disso que se fez este “Religionline”, em religionline.blogspot.com, que entretanto ganhou dimensão, expressão, e nas ultimas semanas apostou no natal com um notável Calendário do Advento sempre acompanhado de poemas alusivos à quadra e à religião… Num dos últimos li, sobre “Os mitos de um maravilhoso nascimento”, citava o padre Joaquim Carreira das Neves,: “Jesus não nasceu a 25 de Dezembro, não foi dado à luz numa gruta, não havia burro ou vaca a assistir, os magos não eram reis nem eram três, não houve pastores a adorá-lo, não fugiu para o Egipto. As histórias de Natal estão cheias de pormenores que têm apenas uma intencionalidade teológica. Apenas? Não fossem essas histórias e onde estaria a dimensão do maravilhoso no Natal?” E segue-se um trecho de uma carta apostólica de João Paulo II: “No cristianismo, o ponto de partida está na encarnação do Verbo. Aqui, não é apenas o homem a procurar Deus, mas é Deus que vem em pessoa falar de si ao homem e mostrar-lhe o caminho por onde é possível atingi-lo.”
Poemas, encontro de Rui Cinatti a Torga, à escolha do freguês.
E explicações simples, como esta que esclarece um dos mitos do Natal: “O Natal é festejado a 25 de Dezembro porque era nessa ocasião que, em Roma, se festejava o dies natalis, o nascimento do Sol depois do solstício de Inverno. A adopção desse dia foi uma tentativa de cristianizar a festa pagã e no século IV já a festa era assinalada. Os dados indicados por Lucas no seu evangelho, apresentados como históricos, só aumentam a confusão em relação à data e ao ano do nascimento de Jesus, diz Charles Perrot (no livro Jesus e a História).”
Aproximação à realidade actual, também ali se encontra, por exemplo, numa citação de Anselmo Borges no DN: “No meio da vertigem das compras e das prendas, do consumismo, não sei quantas pessoas se lembrarão ainda de que a festa do Natal está referida ao nascimento de Jesus Cristo. (...) A partir desta experiência radical […], deriva toda a mensagem de Jesus, para quem o decisivo não era a religião, mas a humanidade”. E que melhor sinal ou mensagem posso hoje deixar do que esta?