Quando se fala de futebol, como este fim-de-semana se falou, e se juntam blogues, eu começo sempre por ler Maradona, pseudónimo que assina o blog A causa Foi modificada. Escreveu ontem que o “futebol está esquisito” e remete para outro blog, Shakira Kurosawa, onde PM Ramires fala de Di Maria:
“Ao Di Maria alguns meus amigos chamam Di Magia. Durante meses discordei deles, mas com o acumular de situações em que consecutivamente decide mal, ou é magia ou bruxaria, burrice só não chega.
Observem bem o seu modo de actuação: quando embalado e com tudo para cruzar, saca uma mudança de direcção à Roberto Carlos; quando é isso que deve fazer, corre para a linha de fundo e fica rodeado por seis pernas; quando duas delas são do Pedro Silva, consegue entrar na área e, deslumbrado com a concretização de um objectivo que nunca tinha sido definido, absorve-o uma angústia que não consegue suportar e que o faz, imediatamente, libertar-se da bola — significando este libertar o simples chuto na bola em direcção aleatória, como uma menina quando joga com os rapazes. Di Maria não tem uma ideia, nem nunca teve, do que seja um jogo de equipa, quanto mais de um jogo de futebol. Sabe vagamente brincar com uma bola (...) e sabe correr. É o único jogador de futebol do mundo que quando erra não se pode comentar que um pequeno grão de areia estragou toda a engrenagem do seu pensamento; ele não tem uma filosofia de jogo, mas um tubo de escape para fugir dos problemas”.
Rio-me com a graça do blogger, e volto a Maradona para continuar a rir, quando diz que as jogadas “que exaltam dos pés do Di Maria mais não são que uma patetice foleira de sprintes metafisicamente furibundos mascarados de clausula de rescisão”.
E perguntam os meus ouvintes: por que raio o Di Maria toma conta da Janela hoje?
Por uma razão simples: porque é nestes blogues de cidadãos anónimos, que escrevem com talento sobre futebol, que se encontram as melhores ideias e textos sobre este mundo de bola e palavrão – e pelos vistos, o Di Maria foi o bombo da festa do Sporting-Benfica.
E trago outro exemplo que vem também do derby do fim de semana. Vasco lobo Xavier, blog Mar Salgado, sob o titulo “TREMEM VERMELHOS COMO VARAS VERDES”:
“Nos últimos anos, a escaramuça é sempre do mesmo tipo: nós vamos invariavelmente à frente desde o início e o único gozo é estar a verificar quantos pontos levamos de avanço e quanto cresce a vantagem ao longo das semanas até ao fim do campeonato. Depois, dissecar animadamente as desculpas dos derrotados no final (ou em Abril) e apreciar os seus sonhos para o ano seguinte.
No último quinquénio, esta coisa de andarmos a perseguir a cenoura é nova mas dá luta e também tem a sua piada. Até porque o inimigo se convence muito vaidosa e facilmente da sua imaginária invencibilidade e, quando equipas que julga menores o fazem tropeçar, voltam a angústia, o medo, a ansiedade e o desassossego, enfim: o cagaço habitual”.
Deixei o jogo de lado, preferi o talento e o humor de quem comenta. Estamos na ponte de um feriado e convém não fazer demasiado barulho...