Ontem falou-se muito de impostos, de aumento de impostos, de mais impostos. Declarações de Vítor Constâncio, mais tarde contrariadas pelo primeiro-ministro, deram origem a diversas teorias da conspiração.
Teoria número um, de Tiago Moreira Ramalho no Corta-Fitas: “O que Vítor Constâncio fez foi, na realidade, duas coisas: em primeiro lugar, apalpou terreno a fim de se perceber como reagiria a população a uma subida de impostos; em segundo lugar, fez um enorme préstimo ao governo, tornando-se vilão num romance que já estava morto (o dos impostos) e tornando Teixeira dos Santos e José Sócrates os cavaleiros que salvam tudo no fim”.
Teoria número dois, a de João Miranda: “È oficial; impostos vão aumentar. Teixeira dos Santos rejeita subida de impostos sugerida por Constâncio, acha João Miranda que “O ministro das finanças acaba de iniciar o ritual que precede os aumentos de impostos em Portugal. Começam sempre pelo desmentido … O desmentido deve ser “categórico” e deve conter alusões aos compromissos eleitorais e ao programa de governo”
Noutro post, Miranda recorda o slogan de uma campanha contra a fuga ao fisco: “Se todos pagarem, você paga menos”. “Em teoria, os ganhos para o Estado do combate à evasão fiscal serviriam para baixar os impostos. Portanto, a pergunta aos crentes que foram na conversa do governo é: quando é que baixam os impostos?”
Já que falamos de impostos, registemos a surpresa de ver um socialista ao lado do CDS. Tomás Vasques escreve no seu blog: “Paulo Portas insiste, com razão, que o Estado devia pagar juros na devolução dos impostos cobrados a mais. Este é um exemplo, entre muitos outros, da prepotência do Estado contra os cidadãos. Temos assistido, nos últimos anos, na legislação fiscal, a uma desenfreada escalada contra os mais elementares direitos dos cidadãos. Tudo foi aceite em nome da luta contra a evasão fiscal. A cultura dominante insiste na ideia de que os cidadãos estão «ao serviço» do Estado; mas, em democracia, é bom não esquecer, o Estado deve estar ao serviço dos cidadãos”.
E tem com certeza razão. Na verdade, quando se fala de impostos e de cumprimento de promessas eleitorais, os blogues transformam-se numa espécie de bancada de estádio de futebol a pedir a cabeça do treinador. Num momento desses, lembro um post recente de André Abrantes Amaral no blog Observador. André ouve Mário Crespo na SIC Notícias perguntar “Do que é que os portugueses precisam?”. E decide responder: “Precisam de mudar a sua mentalidade. Encarar a vida em sociedade de forma diferente. Serem mais exigentes e, em virtude disso mesmo, oferecerem mais. Entregarem-se mais. Deixarem de ser colectivamente egoistas. Passarem a ser individualmente generosos. A saída da crise está no íntimo de cada um de nós. A resposta é muito simples e, naturalmente, bastante complicada”. Belas palavras. Aqui ficam.