Quando há falta de assunto, há sempre um assunto que sobra: Hugo Chavez, o Alberto João Jardim da Venezuela. Não há dia em que o homem não acrescenta um sorriso – ou um grito de raiva – à nossa existência. A ultima vez tinha sido há 3 ou 4 dias, num discurso em que o presidente anunciou, no âmbito de medidas sobre energia, que “Quem diminuir a média de consumo (de electricidade) não pagará o recibo, mas quem aumentar pagará o dobro e se repetir o comportamento no mês seguinte, ficará sem luz”. Recomendou mesmo que os venezuelanos evitassem acender a luz quando acordam de noite para ir à casa de banho. Isso mereceu de LA, no Insurgente, o comentário “se vai à sanita, leve lanterna”: “Na verdade, escrevia LA; nada disto é cómico; é mesmo bastante trágico. Infelizmente, é previsível que o futuro traga males maiores aos venezuelanos. Gostava era que todos os toinos que em Portugal e mundo fora andam há anos a louvar a revolução socialista de Hugo Chavez experimentassem limpar... bom, limpar aquilo que todos sabemos, enquanto seguram uma lanterna”...
Porém, ontem Hugo Chavez voltou a inovar – há uma nova ameaça à revolução socialista da Venezuela e ela chama-se obesidade. «Há muitas pessoas gordas», disse o presidente venezuelano num discurso televisivo citado pelo jornal britânico «The Guardian». Chávez convocou os venezuelanos para uma batalha contra a gordura, dizendo que a revolução precisa deles fortes e em forma. E deu a receita: «Fazer exercícios abdominais e comer bem. É preciso aprender a comer». Nuno Gouveia, no 31 da Armada, lembra que Hugo Chavez “não será propriamente um exemplo de elegância” e acrescenta: “O presidente da Venezuela, herói de alguma esquerda, já nos habituou às suas patetices, e por isso já ninguém estranha este tipo de declarações. Mas causa-me admiração o silêncio de alguns dos seus amigos portugueses. O que será que Mário Soares pensa disto? Será que ainda considera Chavez um exemplo para a esquerda?”.
Na noticia sobre este discurso, nota-se no final uma referência especial às mulheres: Chávez teve o cuidado de não enfrentar as mulheres e referiu-se mais aos «gordos» que às «gordas». «Não estou a falar das mulheres, porque elas nunca ficam gordas... às vezes encorpam», disse ele. No seu blog na revista Veja online, Augusto Nunes chama-lhe, por via das duvidas, “maridão cauteloso”.
De passagem, recordo que Hugo Chavez está na posição 67 na lista dos mais poderosos do mundo da revista Forbes. Tem um português à sua frente, António Guterres, alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, na posição 64.
Ou seja, patético ou não, ele existe, manda num país, ameaça jornalistas, e é elogiado por certa esquerda que alimenta o folclore da revolução. Um espectáculo, sem dúvida.