Querendo então falar de Setúbal, e do Bairro da Bela Vista, voltei ao Blog Operatório de José Teófilo Duarte onde encontrei a “História concisa do Bairro”: “é vedeta dos noticiários televisivos. Provavelmente, os "artistas" que protagonizam a performance estão radiantes com o sucesso. A isto chama-se marginalidade pura. Existe em toda a parte. Em muitos lados com muito maior intensidade. Agora é ali que vive a moda da violência. Tentar fazer campanha contra o sistema, como o fez Jerónimo de Sousa, classificando o imbróglio como resultado das políticas governamentais, não é sério. Aliás, Jerónimo nunca é sério. O problema do Bairro da Bela Vista tem barbas. É uma espécie de tubo de ensaio de marginalidades várias. É, portanto, um caso de polícia. Esperemos então que seja a polícia a resolvê-lo. Já agora, recorda Teófilo: Nasci em Setúbal. Aindo durmo por lá. O bairro da Bela Vista era, na minha infância, um sítio onde os meus pais me levavam a ver as maravilhas setubalenses. Era lá que era engarrafada uma água de eleição, na altura famosa, que entretanto acabou - a "Água da Bela Vista". O sítio era fantástico. Agora é isto”.
Carlos Manuel Castro, no Câmara de Comuns, também nota o aproveitamento de um caso de policia para um caso de politica: “Para o partido de Portas, tudo se resume a criminosos. Para o partido de Louçã, são todos desprotegidos. (...) Tanto o radicalismo de esquerda, como o de direita, em matérias sociais e de segurança, não servem o bem-estar das populações. Basta equacionar o que cada um se traduziria na realidade. Com um lado a defender o bastão e o outro a indiferença”. No mesmo sentido escreve Rui Pedro Nascimento no blog eleitoral criado pelo jornal Público: “Num caso como o que está a ocorrer, o que é que um Governo BE faria? Pedia desculpa, a quem anda a roubar, pela acção das forças de segurança? (...) Uma vez mais, o facto do Bloco de Esquerda se recusar a fazer parte da solução (...) torna-o parte do problema. Dá cobertura política a casos destes. Nada de novo, portanto…”
Com alguma ironia, Paulo Pinto Mascarenhas acha “interessantes os nomes dos bairros sociais em que se criou um caldo de violência que já começou a explodir (...) é este o Portugal novo e a bela vista que nos restam ao fim de quase quatro anos de governo”.
José Simões, no blog Der Terrorist, é taxativo: “é um caso de polícia e não um caso social. Estamos a lidar com os netos da primeira leva de imigrantes das ex-colónias, que aportaram a Setúbal nos finais de 60 em busca de melhores condições de vida, e que largaram muito suor e lágrimas e a quem a cidade muito deve e de quem nunca se ouviu falar, pelas melhores e pelas piores razões”. Isso mesmo acaba por dizer João Miguel Gaspar no Cachimbo de Magritte, rematando bem um olhar do mundo dos blogues sobre este caso: “É certo que no Bairro da Bela Vista há graves problemas sociais, mas também há um conjunto de pessoas que não aceita a autoridade do Estado, nem aceita que a polícia lhes dificulte a vida se pretendem aligeirar o stock das ourivesarias ou as máquinas registadoras. Isso revolta-os. É uma maçada, uma chatice pegada”. Ah pois é...