Não será certamente por acaso que no blog que se chama Civilização do espectáculo há um post com o titulo “American beauty”. E o texto de Nuno Dias da Silva é claro. Comentando uma primeira página do Liberation dedicada a Barack Obama, diz apenas: “A «Obamania» apodera-se da Europa. Nem os chauvinistas jornais franceses escapam à sedução de Obama”.
A Europa rendeu-se ao candidato americano e Daniel Oliveira nota: “A obamomania chegou à Europa (...) até antes de se instalar nos Estados Unidos. Mas as razões de tamanha multidão são talvez mais simples: muitos quiseram assistir a um momento histórico e Obama poderá vir a ser o presidente depois de Bush. E, para a maioria dos europeus, depois de Bush só pode ser melhor”. Sobre a visita propriamente dita, Daniel é pragmático: “é para consumo interno (...), os europeus não votam. Mas, apesar de tudo, podiam ser mais do que um cenário”.
Numa análise mais focada, Paulo Gorjão, no Vox Pop, precisa os locais por onde Obama passou: “Berlim, Paris e Londres. Eis o périplo europeu (..). A União Europeia ficou de fora, tal como ficaram de fora os restantes países europeus. Realpolitik, pura e dura. Um primeiro sinal, seguramente, da tal “viragem política” (...) anunciada por Mário Soares”.
No blog com o seu nome, Pedro Santana Lopes considera o discurso de Obama em Berlim “um momento muito especial. Mas, e o significado de toda aquela organização? Com muito de espontâneo, seguramente, mas com quanto trabalho prévio para que se certificassem de que seria um sucesso? Quanto tempo antes terá começado a preparação? E o significado político de ela ter lugar na Alemanha (...)? (...) Se fosse para o outro candidato, o que a esquerda não diria!...”
João Tunes no Água Lisa chama a esta viagem um “estágio presidencial” e interroga-se sobre o fenómeno de popularidade do candidato: Obama, escreve ele, “não só não entusiasma os anti-americanos de véspera (que diziam que não eram contra a América mas só contra Bush) como a frieza quanto às mudanças que ele pode ou vai operar, aumenta. Fenómeno estranho”. RFF, no Hipocrisias Indígenas, receia “que posteriormente ao efeito Obamania desponte uma desilusão à escala planetária. Mas, diz, esta sensação, mesmo que efémera, de vivermos num período em que estamos a libertar a humanidade de algo maléfico é muito, muito saborosa…”
A explicação para esta sensação pode ser aquela que encontro em André Abrantes Amaral no blog O Observador:
“O sucesso da visita (...) tem um significado: os povos europeus olham para a América desejosos por uma inspiração. Pedem-lhe esperança. Uma mensagem. Uma resposta. (...) A Europa está mortinha por ouvir um americano assim. Como no passado, vê nele a solução. Nele deposita o que de mais íntimo se pode oferecer: A fé. Um europeu faria tudo para ter um americano como Obama. Votava nele se pudesse”.
Descontado algum exagero, é isso que fica das imagens do candidato aqui no velho continente...