Terá sido uma noite longa para quem decidiu seguir a super-terça-feira nos Estados Unidos da América: democratas e republicanos elegeram 40% dos delegados às suas convenções. Mas os resultados são os que se conhecem, isto é, do lado democrata tudo ainda em aberto, do lado republicano ganha força John McCainn.
Nestas ocasiões não dispenso consultas regulares ao blog Margens de Erro, de Pedro Magalhães, que junta uma análise sensata com um profundo conhecimento sobre comportamentos eleitorais. Escreveu hoje:
“Se se confirmar (estudos e sondagens), o resumo da noite é que nem Hillary assegura a nomeação definitivamente nem Obama consegue transformar o "momentum" dos últimos dias numa viragem da campanha a seu favor. Teve várias vitórias que seriam impensáveis há algumas semanas, mas não conseguiu roubar os troféus decisivos a Clinton, que se sai melhor (...) nos maiores estados. Num certo sentido, as altíssimas expectativas criadas em torno de Obama nos últimos dias jogam um pouco contra si quando se tratar de dar o spin à noite de hoje”.
Pedro Magalhães tem razão. Quando se fala de Obama, a blogoesfera, pelo menos a portuguesa, entusiasma-se.
Pedro Norton, no blog Geração de 60, chegou mesmo a escrever: “Barack Obama (...) é um dos fenómenos mais fascinantes que apareceu no universo político nos últimos 20 ou 30 anos. (...) Tem conseguido resgatar, para a discussão e para os debates políticos, enormes franjas da população (...) que dela pareciam irremediavelmente afastadas. (...) Em certo sentido, Barack Obama já ganhou”.
Pacheco Pereira, no Abrupto, desfaz esta ideia: “Obama, comparado com Hillary Clinton ou com John McCain, tem pouco lá dentro. Nem saber, nem experiência, nem consistência. Pode vir a ganhar tudo isto, mas para já não tem. Mais um produto da fábrica de plástico, jovem, simpático, bom ar, bom falador, muito teatro de convicções, e politicamente correcto na cor, nem muito preto, nem muito branco”.
Os leitores de Pacheco reagiram: Bruno Sequeira disse “O Senador Obama (....) possui um discurso que cativa, (...) porque está em sintonia com os seus eleitores”. Já José Pedro Machado acha “Barack Obama (...) o candidato menos conveniente à Europa e ao Mundo em geral pois as suas posições são muito mais isolacionistas do que, pasme-se, as do McCain”.
As eleições americanas inspiram e motivam a blogoesfera, que as debate vivamente.
Vale a pena seguir aqui esta longa guerra que Nuno Mota Pinto, no blog Mar Salgado, calcule que não termine antes da Primavera no Texas. Escreve ele:
“Obama será mais elegível se se impuser a ideia de que as eleições serão disputadas ao centro e pela atracção de novos eleitores e independentes e Hillary caso as eleições se ganhem pela mobilização dos fiéis. De qualquer forma, os democratas mobilizaram mais do dobro de votantes do que os republicanos, o que dá bem conta do entusiasmo e mobilização da esquerda americana”. Apesar de, como diz Bruno Alves no Desesperada Esperança, a campanha democrata se resumir “a uma discussão racista e sexista (qual a melhor raça para ganhar? Qual o melhor género para ganhar?)”, ela é, ainda assim o tema central. O folhetim continua dentro de momentos...