O fim-de-semana na blogoesfera foi muito diversificado e repartido. Do cancelamento do Lisboa-Dakar à morte do escritor Luiz Pacheco, passando pelo arranque do processo eleitoral nos Estados Unidos, precisaria de várias Janelas para abarcar tantos tópicos.
Optei por outro dos mais falados destes dias: o anúncio do concurso para um novo canal de televisão em sistema aberto...
Carlos Abreu Amorim, no Blasfémias, acha curiosa a opinião de Pinto Balsemão, que critica a decisão do governo porque, diz,
“Vai prejudicar o mercado publicitário, vai ser uma televisão de enlatados, a qualidade vai descer... Este Balsemão de 2008, escreve o blogger, faz lembrar o Soares Louro dos anos 80 a jurar que Portugal nunca teria mercado para televisões privadas e que a sua abertura seria um enorme erro”.
Mas Balsemão não está sozinho. João Pinto e Castro no Blogexisto, interroga-se sobre o novo canal:
“Não é fácil entender-se as vantagens da autorização de um novo canal de televisão generalista. Perdem os canais existentes, porque terão que repartir receitas publicitárias (...). Perdem os anunciantes, porque a previsível baixa dos preços dos espaços publicitários não deverá compensar a maior fragmentação das audiências. Perdem os telespectadores porque (...) a intensificação da concorrência (...) acelerará a degradação da qualidade da programação”.
Pedro Sales, no blog Zero de Conduta, também está contra:
”Uma comunicação social sem recursos e em permanente guerra para captar audiências e anunciantes não deveria interessar a ninguém, jornalistas incluídos. Conduz à degradação da informação. Ao fim do jornalismo de investigação. À diluição da autonomia dos seus profissionais. À diminuição da independência face ao poder politico e económico”.
Daniel Oliveira, no Arrastão, vai mais longe: chama-lhe “uma péssima ideia”: “Na televisão, as coisas vão apenas piorar mais um pouco. Com o cabo e a Net a ganhar espaço nos segmentos com maior poder de compra, continuará a guerra para captar o máximo de público com o mínimo de custos. (...) Quando os interesses são cada vez mais diferenciados, a televisão generalista, a única acessível aos mais pobres, limita-se a procurar o mínimo denominador comum: o que afugenta menos pessoas”.
Com muita graça, ao ler este post, André Azevedo Alves, no blog Insurgente, nota:” O Bloco de Esquerda alinhado com o grande capital”, “Daniel Oliveira concorda com Francisco Pinto Balsemão”.
Entrando no domínio da teoria da conspiração, João Villalobos no Corta-fitas avança: “Alguém me disse que o 5ª Canal generalista, a atribuir no ano eleitoral de 2009, vai funcionar como uma cenoura para manter os grupos de comunicação social concorrentes bem comportadinhos, a ver se a licença cai para o seu lado”.
O socialista José Medeiros Ferreira não desmente, no Bicho-carpinteiro, e pergunta:
“O concurso para a abertura de um quinto canal (...) vai manter muito boa gente em respeito, não vai?”
E com esta pergunta sem resposta me calo por hoje...