Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008

Blog da semana: Corresponsal Oporto

Reedição da crónica de quarta-feira, que não foi para o ar.


Espanha entrou oficialmente em campanha eleitoral e aqui na vizinhança seguimos o debate Zapatero-Rajoy, que a TVE transmitiu e que muitos blogger seguiram em directo, sem esperar pelos resumos dos Telejornais Nacionais. Não tive oportunidade de me dedicar ao tema, mas acho relevante sublinhar aqui o que Pacheco Pereira escreveu no Abrupto depois de seguir o confronto:
“O debate transmite a dureza da vida política espanhola, mais radicalizada do que a portuguesa. Mas, no seu conjunto, mostra em ambos o esgotamento deste tipo de retórica política, deste teatro estudado ao milímetro, feito de acusações mútuas, que resulta cansativo e estéril. O que é que acontecia se aparecesse alguém a falar normalmente com dúvidas, reconhecendo erros, hesitações, com convicções mas sem tanta certeza, discutindo mais do que proclamando? Cada vez me parece mais que talvez, talvez, tivesse uma oportunidade”
Uma reflexão mais profunda, a que propõe Pacheco Pereira.
Fernando Martins, no blog Cachimbo de Magritte, acha que o debate “foi não só interessante como importante”. Porque, explica, “retomou uma prática interrompida durante várias legislaturas e usou uma metodologia de debate equilibrada entre a máxima liberdade e o controle mínimo” do moderador. Importante também para se perceber que “política e ideologicamente Zapatero e Rajoy têm um entendimento muito diferente daquilo que foi, é e deverá ser a Espanha. (...) Ou seja, em Espanha há posições claras e divergentes sobre os mais variados temas e tal facto (...) só enriquece uma sociedade e um sistema político democrático”.
Fernando Martins fala por comparação a Portugal, claro, onde essas diferenças são bem mais ténues entre PS e PSD.
Bom, mas se trouxe nesta sexta-feira a Espanha até à Janela Indiscreta foi para chegar à clássica escolha do blog da semana: Filinto Melo criou o Corresponsal Oporto, um blog apenas para cobrir integral e diariamente a campanha espanhola. O novo blog “pretende ser jornalístico, (...) em termos de seriedade, equidistância, tratamento correcto e o mais rigoroso possível (...) da informação”. Encontra-se em corresponsalenoporto.wordpress.com e inclui links para os sites mais relevantes, e notas claras sobre a campanha, a cobertura dos jornais, as questões que os eleitores espanhóis discutem este mês.
Vale a pena, por isso, para quem se interessa pelo tema, seguir as eleições da vizinhança num espaço alternativo aos media clássicos. Até ao dia 9 de Março, os dados estão lançados...

publicado por PRD às 21:31
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Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008

Menezes na TV

Deu uma entrevista à SIC Noticias, avançou com propostas avulso, e agora que se discutem se alguém as quiser discutir. Assim foi Luís Filipe Menezes esta semana. Das ideias que trouxe para o debate publico, a mais polémica é sem duvida a do fim da publicidade na RTP. Se Menezes for um dia primeiro-ministro, acaba a facturação no canal público de TV
“Menezes relança a discussão sobre a RTP sem que, mais uma vez, como sempre, toque no que é verdadeiramente essencial”, escreve Adolfo Mesquita Nunes, Arte da Fuga. Para ele, essencial é isto: “o problema que ali está não tem qualquer solução satisfatória que não seja, precisamente, a saída do Estado. Até lá, podem todos andar a discutir mais milhão ou menos milhão que a coisa continuará como dantes”.
No blog Jumento, o caminho da reflexão é outro: “O líder do PSD foi à SIC e aproveitou para piscar o olho a Pinto Balsemão prometendo que no seu governo (...) acabaria com a publicidade na RTP, a mesma RTP que há pouco tempo foi reestruturada por um governo do seu partido”.
Miguel Abrantes, no blog Câmara Corporativa, aproveita para recuperar declarações de Arons de Carvalho que esclarecem o líder do PSD: “Trata-se de um gesto simpático, sobretudo para os donos da SIC e da TVI, mas é uma medida que ia custar 60 milhões de euros por ano aos portugueses através dos impostos”, acrescentando que “a televisão sem publicidade é um luxo que só três países europeus tem”.
João Pedro Henriques, no Glória Fácil, recorda o estado do país: num momento de profunda crise, “tudo o que o líder do maior partido da oposição tem para dizer é que vai tirar a publicidade da RTP? Se Menezes queria dar esta prendinha ao dr. Balsemão, não podia tê-lo num tête-à-tête privado? Será que ele, como Sócrates, também vive noutro país que não este que se chama Portugal?”
No mesmo sentido vai Eduardo Saraiva, no blog O Andarilho, quando pergunta:

“ No actual momento, a publicidade na RTP será uma das grandes preocupações dos portugueses? Na minha modesta opinião, 99% dos portugueses não estão nada, mesmo nada preocupados com este assunto”.
Daniel Marques, no blog com o seu nome, acha que o líder do PSD apenas pretendeu “piscar o olho aos grandes grupos de Comunicação Social, viabilizar a criação de um quinto canal nacional generalista e acalmar as gentes da SIC e da TVI. Assim, é levado ao colo até às eleições pelos grupos interessados pelo quinto canal e pelos actuais operadores privados, porque as preocupações com a captura de publicidade televisiva deixam de ser um problema e todos ficam a ganhar. Todos excepto os contribuintes, esses terão de sustentar a RTP a 100 por cento”.
No fim de contas, no entanto, parece-me que quem tem mesmo razão é JCS, no blog Lóbi, quando chama a este momento televisivo o “Paradoxo de Menezes” e escreve:
“Ao dizer que acaba, se for primeiro-ministro, com a publicidade na RTP, Luís Filipe Menezes deu garantias à RTP de que não ficará sem publicidade”.

publicado por PRD às 21:29
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Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008

Espanha a caminho dos votos

Espanha entrou oficialmente em campanha eleitoral e aqui na vizinhança seguimos o debate Zapatero-Rajoy, que a TVE transmitiu e que muitos blogger seguiram em directo, sem esperar pelos resumos dos Telejornais Nacionais.
Pacheco Pereira, por exemplo, seguiu o confronto e escreveu no Abrupto:

“O debate transmite a dureza da vida política espanhola, mais radicalizada do que a portuguesa. Mas, no seu conjunto, mostra em ambos o esgotamento deste tipo de retórica política, deste teatro estudado ao milímetro, feito de acusações mútuas, que resulta cansativo e estéril. O que é que acontecia se aparecesse alguém a falar normalmente com dúvidas, reconhecendo erros, hesitações, com convicções mas sem tanta certeza, discutindo mais do que proclamando? Cada vez me parece mais que talvez, talvez, tivesse uma oportunidade”
Uma reflexão mais profunda, a que propõe Pacheco Pereira. Paulo Pinto Mascarenhas, no blog da Atlântico, achou que “o líder do Partido Popular espanhol marcou alguns pontos e fixou esta frase de Rajot: “O senhor esqueceu-se de dar corda à economia e a economia parou”.
Já Manuel Alberto Valente, no blog Origem das Espécies, recorre às sondagens que deram a vitória a Zapatero para dizer que, ainda assim, “a grande notícia do dia foi sem dúvida a posição tomada por Vargas Llosa. Apesar de apoiar agora o UPyD (União, Progresso e Democracia, o novo partido), a sua declaração enfraquece o PP e cai como uma luva na estratégia do PSOE”.
Carlos Loureiro no Blasfémias, acho que “Foi bom o primeiro debate do século em Espanha. (...) Tarefa difícil para Rajoy, a de contestar os dados macroeconómicos apresentados por Zapatero (...). A expectativa em Espanha era hoje elevada quanto ao impacto do debate nos resultados eleitorais. Discute-se agora quem venceu o debate. Para os leitores do El Mundo, foi Rajoy. Para os do El País, foi Zapatero”.
Fernando Martins no blog Cachimbo de Magritte acha que o debate “foi não só interessante como importante”. Porque, explica, “retomou uma prática interrompida durante várias legislaturas e usou uma metodologia de debate equilibrada entre a máxima liberdade e o controle mínimo” do moderador. Importante também para se perceber que “política e ideologicamente Zapatero e Rajoy têm um entendimento muito diferente daquilo que foi, é e deverá ser a Espanha. (...) Ou seja, em Espanha há posições claras e divergentes sobre os mais variados temas e tal facto (...) só enriquece uma sociedade e um sistema político democrático”.
Fernando Martins fala por comparação a Portugal, claro, onde essas diferenças são bem mais ténues entre PS e PSD.
Por fim, uma nota que vale a pena reter: Filinto Melo criou um blog, o Corresponsal Oporto, apenas para cobrir integral e diariamente a campanha espanhola. O novo blog “pretende ser jornalístico, (...) em termos de seriedade, equidistância, tratamento correcto e o mais rigoroso possível (...) da informação”. Vale a pena, por isso, para quem se interessa pelo tema, seguir as eleições da vizinhança num espaço alternativo aos media clássicos. Até ao dia 9 de Março, os dados estão lançados...


 

PS - Por engano, escrevi a crónica para hoje - quando hoje a Antena 1 tinha emissão especial de futebol e não houve Janela Indiscreta. Vou reeditar este texto para sexta-feira...

publicado por PRD às 18:27
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Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008

Na ressaca da noitada

E ao final da madrugada ficou completa a lista – temos Óscares, uma escolha da Academia que nunca é consensual. Há opiniões para todos os gostos, uma voltinha pela blogoesfera, comecemos com Adolfo Mesquita Nunes no blog Arte da Fuga:
“Nada tenho contra a escolha da Academia, sobretudo porque as minhas esperanças eram reduzidas, mas confesso que estou a ficar farto de ver a Laura Linney ser preterida na corrida. Espero não ter que vê-la esperar o mesmo tempo que perdi à espera que o Scorcese finalmente fosse buscar aquilo que lhe era devido”.

José Teófilo Duarte, no Blog Operatório, acha que, “Com a quantidade de fitas fantásticas produzidas esta temporada, estou-me nas tintas que ganhe xis ou ípsilon. (...)  Mas como o "chefe" Ratatui já levou um boneco para casa, já posso ir dormir descansado. Até pode levar o de melhor actor. Para rato é do melhor que tenho visto. Já é tempo de o Mickey ser mandado para o buraco”.
No mesmo sentido escreve a Pipoca Mais Doce no blog com o mesmo nome: “Foi mesmo fixe, senhores da Academia. A sério que sim. Ainda bem que fiquei acordada até às cinco da manhã para ver o No Country For Old Men, (...) sacar os prémios principais. Se não fosse o Ratatui a ganhar o filme de animação (...) e isto tinha sido a miséria total. Já não há factor surpresa, já não entradas em palco delirantes, já não há discursos daqueles de arrepiar. Uma tristeza. Não me voltem a convidar, que se é para isto não vale a pena”

É claro que mulher que se preze aprecia nos Óscares as roupas em exibição. A mesma Pipoca mais doce diz que as “farpelas das estrelas (...) estiveram ao mesmo nível da cerimónia. Fraquinhas. Digo desde já que, ao contrário do outro ano, nesta gala não houve nenhum vestido que me tirasse a respiração, que me fizesse guinchar "eu quero, eu quero".

Carla Hilário Quevedo no blog Bomba Inteligente escolhe de caras “o vestido da noite”, “o Jean Paul Gaultier da extraordinária Marion Cottilard”.
Voltando aos filmes propriamente ditos, sublinho Pedro Correia, no Corta-Fitas, quando escreve aquilo a que chama “a faceta de Hollywood que mais aprecio: reconhecer que cada personalidade é um elo de uma cadeia que vem de longe e que cada filme memorável não se deve ao talento de um só, mas ao talento de muitos”.
Um especialista, João Lopes, no blog Sound and Vision, confronta os irmãos Coen com Paul Thomas Anderson e escreve: “o formalismo dos primeiros sobrepôs-se à dimensão épica do segundo”. Mas ressalva: “Estou, então, "contra" os Oscars? Bem pelo contrário: foi um espectáculo magnífico, espelho ambivalente do presente — cinematográfico, tecnológico e político — e genuína celebração de Hollywood com todas as suas diferenças e contradições”.
Outro apaixonado do cinema, Nuno Markl, no blog Há Vida em Markl: “A noite dos Óscares trouxe um punhado de coisas muito agradáveis. A começar pelo humor do Jon Stewart que fez muito com pouco: pode não ter havido um daqueles vídeos épicos de abertura, mas o grande Stewart foi disparando boas piadas, (...) e quanto à distribuição das estatuetas, pareceu-me bem”.
Enfim, sem ter visto a emissão acabei por ficar com uma imagem muito completa do que se passou. Lá está, uma Janela bem indiscreta...

publicado por PRD às 23:25
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Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008

O CDS e a memória de Lucas Pires

Eu até já sabia qual era a paisagem que hoje ia olhar a partir desta Janela Indiscreta, quando dei com Pedro Marques Lopes no blog da Atlântico. Escrevia assim:
“O actual estado do CDS faz lembrar uma cena da Vida de Brian onde estão reunidos uns activistas de um movimento. Nesse encontro clandestino vão vociferando contra o invasor romano mas de quem eles não gostam mesmo é dos membros dos outros grupos que teoricamente também lutam contra os mesmos romanos. Claro que acabam por lutar apenas entre eles. (...) O CDS cada vez mais se parece com os partidos de extrema-esquerda em 1975. A grande diferença é que estes aprenderam com os erros e conseguiram-se fundir no Bloco de Esquerda. (...) O CDS está a fazer o caminho inverso e ameaça fragmentar-se em pequenos grupos”. No blog 31 da Armada, Paulo Pinto de Mascarenhas, depois de confessar que é do CDS “desde que me conheço politicamente - ou seja, praticamente desde o 25 de Abril”, lamente o estado do partido e adianta uma explicação: “o CDS talvez seja pequeno porque alguns dos seus militantes e dos seus dirigentes o querem assim. Pequenino. Um partido quase confessional, tipo clube, onde se encontram aos domingos depois da missa. Enquanto puder vou tentar que isto não seja verdade”.

É interessante a reflexão sobre o CDS no momento em que - lá está o tema a que me ía dedicar hoje... - Simão, Martinho, Rafael e Jacinto, os quatro filhos de Francisco Lucas Pires, abrem um blog para lembrar o seu pai, com textos, memórias, “palavras de esclarecer o ontem e iluminar o amanhã”. Um dos fundadores e líderes do CDS está, graças à blogoesfera, de novo sob o olhar publico.

Miguel Poiares Maduro, que o teve no seu júri de doutoramento, escreve no blog geração de 60 que “a forma de (Lucas Pires) pensar, profundamente original, provocadora e de rasgo ensaísta antecipa a energia intelectual dos blogs. Se os textos não tivessem data original e o nome do autor pensaríamos estar perante um dos blogs do momento! Através deles damo-nos conta que Francisco Lucas Pires foi um bloguista antes dos blogs!”

João Gonçalves, no blog Portugal dos Pequeninos, descreve-o como “um intelectual inteiro, um homem justo e bom que faz falta a esta democracia descerebrada. Esta homenagem talvez ajude as gerações mais novas a entenderem que a política pós-25 nem sempre foi um local mal frequentado”.

Basta ir ao blog, que está em http:// franciscolucaspires.blogspot.com, e tudo fica claro.

Ideias inovadoras, reflexões inteligentes, pistas para o futuro.
Num momento em que o CDS/PP parece mesmo não saber que rumo levar, ou que lhe resta no quadro politico, lembrar Lucas Pires, fundador do Partido e um homem de bem num mundo sinuoso e pouco claro, parece uma coincidência daquelas que, dizia a escritora, não existem mesmo...

E que falta nos faz este homem nos dias cinzentos que vivemos...

publicado por PRD às 19:10
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Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2008

Blog da Semana: 2008

“Todos os dias uma história. Por vezes, uma fotografia. Escrever é não estar sozinho” – é assim que abre 2008, o blog da jornalista Patrícia Reis, que se apresenta simplesmente “editora da revista Egoísta, escritora, casada, mãe de dois rapazes”.
A Patricia é tudo isto e muito mais – e o mais que ela é acaba por estar reflectido neste blog sensível, delicado, elegante, onde junta todos os dias bocadinhos da sua ficção, da sua imaginação, também certamente da sua realidade.
O blog, a que se acede pelo endereço http://vaocombate.blogspot.com, é recente, não fez ainda um mês, mas como Patrícia escreve e publica todos os dias, na verdade tem já uma personalidade vincada, marcada por textos como este:
“Dizem que desapareceste há mais de três meses.
A polícia não tem pistas e abandonou a teoria de rapto.
Sinto-me tão confiante que até já vou trabalhar.
Depois de te ter morto tirei-te esta fotografia e coloquei-a, amorosamente, como fundo da minha mala preta.
Estou de luto por ti, compreendes?
Na mala enfio ainda um casaco, por causa do frio, um pequeno frasco de perfume, um baton rosa sem graça e a minha carteira.
Sinto-me uma mulher rica.
A mala preta é um reflexo do que tenho de melhor:
a tua morte”.
Há escrita mais poética, mais fantástica, cartas e frases. Como se de um caderno de apontamentos se tratasse, uns dias mais apressado do que noutros. Mais um exemplo:
“Ontem à noite em Lisboa uma fadista deslocou-se na sala escura.
Pela sala o seu corpo em trajes pretos.
Houve um momento de silêncio e a voz soltou-se.
Uma voz a preto e branco, a saber a antigo, um ligeiro arrepio, coisas inúteis que deixaram de nos ocupar para viajar dentro do fado, da voz da mulher de preto.
Por breves momentos houve uma magia com guitarras e contrabaixo.
Era de noite em Lisboa e estava-se menos só”.
Patrícia Reis, a jornalista, a escritora, inédita e diária no seu blog, que é o meu blog da semana.

publicado por PRD às 18:48
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Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008

Por água abaixo

A notícia é por demais conhecida, mas os comentários na blogoesfera tardaram, talvez porque estes três últimos dias foram fartos em informação ou em matéria para reflexão e análise. Mas vamos então pôr em dia o que se disse na blogoesfera sobre o chumbo do tribunal de Contas ao empréstimo à Câmara de Lisboa.
Mais do que o chumbo, interessa perceber o que se segue ou o que se pensa que se pode seguir... Daniel Oliveira, no Arrastão, não tem dúvidas: é “uma péssima notícia para a cidade de Lisboa e para os muitos pequenos fornecedores da Câmara. O preço da passagem de Santana Lopes e Carmona Rodrigues pela Câmara de Lisboa será muito alto. Mas também não deixa de ser irónico que seja a lei das Finanças Locais, de que Costa é um dos autores, a impedi-lo de dirigir a autarquia. Esperemos que PSD e Carmona tenham a decência de assumir as suas responsabilidades”
Adolfo Mesquita Nunes, no blog Arte da Fuga, prefere olhar para o futuro e vê-lo como um desafio: “Agora (...) é tempo de vermos (...) se António Costa é ou não um bom Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Como qualquer dona de casa que tem apenas de gerir o que tem, António Costa terá de largar os amanhãs que prometiam cantar com o dinheiro jorrando do empréstimo para, verdadeiramente, governar. E isso faz-se elencando prioridades e hierarquizando problemas. É nesse momento, nessa hora de escolher, com o pouco que se tem, o que deve ser feito, que se vê a fibra e a capacidade de um político. É por isso hora de saber se os concursos de ideias e as mudanças de logótipos e outras coisas que tais se vão manter na agenda da Câmara ou se, pelo contrário, são os lisboetas que vêm em primeiro lugar”.

No mesmo sentido escreve JCD no Blasfémias. Depois de elencar uma série de problemas que custam dinheiro mas talvez não devessem ser suportados financeiramente pela Câmara – das SRU à Egeac, da Gebalis à Casa da América Latina -, enfim, escreve: “Por aqui se vê a fibra de um político. Temos homem na autarquia ou vamos apenas assistir à choraminguice do costume e à habitual distribuição de culpas?”
No blog Nortadas, Carlos Furtado vê o chumbo como uma lição: “é um sério alerta para todos aqueles que acreditam que a melhor política camarária é endividar sem critério e "chutar" depois o problema para a frente”.

A duvida, de momento, é mesmo saber como vai António Costa dar a volta à crise que a sua própria lei criou – e que o levou a dizer que as leis são filhas dos políticos mas depois ganham vida própria – por isso resta-nos sorrir para fecha o dia com o Arcebispo de Cantuária que conta no seu blog:
“Ontem fui a Lisboa. Notei um certo abatimento na cidade. Até o empréstimo da Câmara foi por água abaixo”.

Por água abaixo, sim. Literalmente.

publicado por PRD às 23:45
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Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2008

Dois temas, dois posts

Dividido que estou entre dois temas, prefiro uma opção radical: para cada um, o melhor texto que encontrei, a melhor ideia.
Primeiro tema, directo ao assunto: PSD e Somague condenados num caso de financiamento ilegal de Partido Politico. É a primeira condenação em Portugal para um crime mil vezes repetido. Excelente titulo, o de Vital Moreira no blog Causa Nossa: Ecologia Política. E no post, o essencial: 
“Se não ficar como espécie única, esta inédita decisão pode bem constituir um enorme avanço na regeneração da vida política nacional. O financiamento ilícito é um dos cancros que mina a credibilidade dos partidos e das instituições. Tudo o que possa combatê-lo é bem-vindo”.
O outro tema do dia: Cuba, Fidel Castro abandona doce e suavemente o poder. Notável, o texto de Ana de Amsterdam no blog com o mesmo nome. Aqui vai, na íntegra:

“Quando se reformou do banco a primeira viagem que o meu tio Alberto fez foi a Cuba. Veio de lá maravilhado. Não eram só as praias, as mulatas, os mojitos e a música. Gabava sobretudo as maravilhas de um socialismo consolidado: o nível de instrução da população, os cuidados médicos, as escolas, o espírito solidário das pessoas. Quando me atrevi a falar-lhe da miséria do povo cubano, tratou de me olhar com a displicência própria da sua geração - que, como não se cansa de lembrar, fez o 25 de Abril - e logo a imputou ao embargo americano. A verdade é que a esquerda nunca escondeu a sua admiração pelo regime cubano. Atribuiu ao seu líder carisma e fez dele um herói da luta anti-americana. Assobiou, vergonhosamente, para o lado cada vez que apareceram notícias sobre os presos políticos, a censura, sobre os ataques à liberdade de expressão, sobre o sistemático desrespeito pelos direitos humanos. Os povos oprimidos só merecem a solidariedade da esquerda se a sua desgraça puder, de alguma forma, ser atribuída aos americanos. Os outros povos esquecem-se. A esquerda é perita em gerir solidariedades e apoios. Veja-se o caso do nosso José Saramago, homem tristemente preso no seu redil, incapaz de apertar a mão ao presidente Cavaco, mas tão fiel ao amigo Fidel. Só descobriu que Cuba era uma ditadura quando o regime não conseguiu esconder a execução sumária de três homens que procuraram na incerteza do oceano a liberdade que não podiam encontrar no seu país. Esta esquerda, bacoca e senil, sente hoje uma mágoa, um aperto no peito, um não-sei-quê de sincera ternura, perante a anunciada retirada de Fidel Castro da chefia do Estado e das Forças Armadas de Cuba. E continua a gritar “Socialismo ou morte! Hasta siempre comandante!" É estranho. E profundamente triste”.
Excelente crónica. Qualquer jornal a quereria ter. Nada mais a dizer por hoje.

publicado por PRD às 18:24
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Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2008

Sócrates na SIC

As cheias na zona de Lisboa deram que falar, no dia de ontem, mas rapidamente foram ultrapassadas pela entrevista de José Sócrates à SIC, assinalando 3 anos de governação e num momento difícil de desgaste politico e publico.
Vamos à ronda, Paulo Pinto Mascarenhas no blog Atlântico escreve apenas: “Acabei de ver e ouvir o primeiro-ministro tentar hipnotizar dois jornalistas e o país inteiro. Acho que se hipnotizou a si mesmo para acreditar no que foi dizendo”.
Rui Costa Pinto, no Mais Actual, chamou à entrevista “um passeio alegre cheio de fantasia”. João Miranda, no Blasfémias, prefere escolher um momento da emissão: “Ricardo Costa teve hoje a oportunidade de perguntar a José Sócrates de forma directa e sem hipótese de escapatória a pergunta seguinte: Foi o Sr Primeiro-Ministro que fez mesmo os projectos ou limitou-se a assumir a responsabilidade e a autoria? Em vez disso, fez uma pergunta que permitiu que Sócrates voltasse a responder que assume a responsabilidade e a autoria. (...) Foi uma oportunidade perdida”.
Já Luiz Carvalho, no blog Instante Fatal, concorda com Zita Seabra do PSD e lamenta que “no meio de uma sessão de marketing político televisivo, onde Sócrates é na verdade bom, não tenha havido uma palavra para com os portugueses que sofreram perdas e danos com a noite do temporal”.

Joana Amaral Dias, no blog Bicho Carpinteiro, reconhece o talento do primeiro-ministro: “Sócrates não é engenheiro. É professor. Cada questão, três pontinhos sistematizados. Só faltava o power point. Foi esse o tom adoptado na entrevista, e que lhe permitiu passar entre os pingos da chuva. Literalmente. Muitas perguntas, poucas respostas directas. Muito comício, poucas explicações”.
Um elogio mesmo, o de Paulo Querido no blog Mas Certamente que Sim: “A prestação de José Sócrates (...) foi boa. Numa escala de 0 a 20, nota 16. Mais do que dominar linguagem da televisão, que domina, o Primeiro Ministro esteve genericamente bem, conseguindo mesmo a surpresa de se safar no impopular sector da Saúde. E teve uma vitória: onde se esperava arrogância, Sócrates saiu-se com educação”.
Uma nota final para o apontamento de Paulo Guinote no blog Educação do Meu Umbigo, que olhou para o final da entrevista, quando o primeiro-ministro abandona o estúdio e é de novo entrevistado por um jornalista da SIC-Noticias para comentar a sua própria prestação e dos entrevistadores. Chama-lhe “um novo método de comentário político” e comenta: “José Sócrates faz uma hilariante imitação do Ricardo Araújo Pereira a imitar José Sócrates”.

Implacável, a blogoesfera não demorou uma hora a dizer tudo isto. Só o começo – o resto debate-se nos dias que se seguem...

publicado por PRD às 19:02
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Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2008

Jackpot

Estava já lançada a polémica quando o semanário “Expresso” foi um pouco mais à frente e revelou as pressões e soluções da sociedade Estoril-Sol para que o Governo Santana oferecesse um Casino, o Casino Lisboa... Começamos a habituar-nos de tal forma a esta maneira airosa de estar na politica que até a blogesfera não chega a indignar-se. E até consigo começar por citar quem desculpabiliza o cenário traçado:
“Toda esta história de um casino que paga por um edifício para depois o devolver ao Estado, parece-me uma daquelas bizarrias só possíveis num país neo-socialista”, escreve Paulo Pinto Mascarenhas no blog da revista Atlântico, para acrescentar: “O Estado não deveria ser concessionário de casinos. (...) O problema não é do capitalismo, mas do socialismo constitucional em que vivemos”.
João Gonçalves, no blog Portugal dos Pequeninos, acha que “a "história" do casino passa por todos. Desde o governo de Lopes até ao amável dr. Sampaio que promulgou o diploma (...). O dr. Assis Ferreira conhece a venalidade do regime independentemente de quem está no poder. Não é por acaso que administra casinos. É amigo de todos e todos são amigos dele”.
Nesta busca por opiniões diversas encontro Tiago Barbosa Ribeiro no blog Contratempos, que afirma: “O governo de Santana Lopes mudou a lei do jogo a pedido da Estoril-Sol. Em carta enviada ao esquecível Telmo Correia, cujo zénite político foi a assinatura de 300 despachos quando já tinha sido despedido pelos portugueses, a empresa considerou que a alteração proposta seria «insusceptível de ser interpretada como relacionável com a clarificação da situação concreta». Isto, meus caros, podia dar um prémio de retórica. Saiu-lhes apenas um casino, coitados”.

João Severino, no blog Pau para toda a Obra, recorda outro casos para chegar ao mesmo ponto: “No caso que vier a suceder aos casos dos sobreiros, dos submarinos, dos todo-o-terreno militares, dos helicópteros, das fotocópias pela calada da noite, dos despachos pela calada da madrugada (...) e da Estoril-Sol... no caso que vier a suceder a esses e mais àqueles que devo estar a esquecer-me (...), assumam de frente a borrada que fizeram. Ao menos, digam só que não sabiam que era borrada”.
J. Ricardo, no blog Res Civita, afirma que só lhe ocorre a palavra falcatrua: “Esta palavra, de origem decerto popular, não implica necessariamente um significado que comporte uma ilegalidade declarada. Um sujeito falcatrueiro é um chico-esperto. Dois sujeitos falcatrueiros são dois chicos-espertos”.
Pois são. Dois ou mais. Esta história ainda vai no começo, mesmo que nunca chegue ao fim. Como tantas, não é?

publicado por PRD às 18:46
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Estes textos são escritos para serem “falados”, ou “lidos”, pelo que não só têm algumas marca de oralidade (evidentemente, propositadas...) como é meu hábito improvisar um pouco “em cima deles” no momento em que gravo a rubrica. Também é relevante dizer que, dado tratar-se de uma “revista de blog’s” – e uma vez que os blog’s não se preocupam com a oralidade ou com a eventual citação lida dos seus textos -, tomo a liberdade de editar minimamente os textos que selecciono. Faço-o apenas para que, em rádio, não se perca a ideia do blogger pelo facto de escrever frases longas e muito entrecortadas. Da mesma forma, não reproduzo palavrões nem frases pessoalmente ofensivas, assim como evito acusações cuja possibilidade de prova é diminuta ou inexistente. Sendo uma humilde crónica de rádio, tinha ainda assim de ter alguns princípios. São estes. Quem tiver razão de queixa, não hesite!

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