Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007

Eles hadem, diz Berardo

Onde anda Joe Berardo, já se sabe o que se encontra: polémica em dose generosa. Ontem à noite cumpriu-se a premissa em mais uma edição do Prós e Contras, desta vez sobre a proposta de fusão do BPI com o Millenium BCP.
De um lado, Fernando Ulrich, do outro o comendador Berardo, e pode dizer-se que por aqui ficou o programa. A blogoesfera concorda, a ver pelos posts que encontro sobre o tema:
JCS, no blog Lobi, mete-se com a forma de falar de Berardo:
“Se você quer pôr toda a gente a falar espanhol na ibéria... - disse Joe Berardo a Fernando Ulrich, aludindo aos accionistas espanhóis presentes no capital do BPI. Até estamos com Berardo neste receio. Mas o que sugere o Joe? Que se fale aquela sua mescla de português, inglês, baba e degustação de amendoins?”
Igualmente forte, o post de Saulus Lúpus no blog Bujardas Negras:
“O tempo verbal hadem, do verbo hader, foi criado pelo Sir Joe Berardo, (...) durante a sua participação no debate do "Prós e Contras" (...). Pequenos detalhes da nossa história que o Bujardas tem o prazer de vos transmitir. Não se esqueçam: "Hadem". Muito dinheiro - pouco cérebro, é a receita ideal para fazer progredir este nosso linguajar, que em tempos foi chamado de "Língua de Camões".
Num olhar mais sério e interessado, encontro Helder no blog Insurgente:
“Não tenho um mínimo de respeito por qualquer empresário que se sirva do estado. Há dezasseis anos que sou cliente do BCP, há dez que sou accionista (...), mas se a opinião do Joe Berardo valer alguma coisa, salto fora. Não quero fazer parte de nenhum clube que tenha como sócio tal gente”.
Já Gabriel, no blog Blasfémias, pede explicações:
“O BPI e o BCP são entidades privadas. José Berardo é um accionista do BCP. O que é que estão a fazer na televisão? O que é que há ali para «peixeirar» que não tenha de ser resolvido no interior de uma administração ou de uma assembleia geral? Que interesse tem aquilo? Quem quer ver aqueles momentos de conversa de tão mau gosto? Às vezes ainda se entende que quem tem de viver da praça pública tenha de fazer e suportar certas coisas em público. Agora, Fernando Ulrich, está ali a fazer o quê?”
João Villalobos, no blog Corta Fitas, tinha adivinhado tudo umas horas antes:
“Se os senhores se portarem bem, daqui a meia-hora não há ninguém acordado ou sintonizado na RTP1. Se os senhores se portarem mal, há peixeirada de envergonhar as veteranas da Ribeira e audiências superiores às do «Casamento de Sonho». Ganhar, só ganham juízo. E mesmo assim a ver vamos.”Quando o programa chegou ao fim, parece-me que ficou a meio caminho: entre o sono e a peixeirada, ou melhor, entre o nada e o coisa nenhuma.
publicado por PRD às 01:03
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Segunda-feira, 29 de Outubro de 2007

Crónicas em papel e em blog

A pergunta é legítima: será que ao disponibilizarem, gratuitamente, nos seus blogues, os artigos que publicam nos jornais, os cronistas não estão a esvaziar a imprensa tradicional do seu valor de mercado?
Na verdade, de Pacheco Pereira a João Miranda, passando por João Pereira Coutinho ou António Sousa Homem, cada vez mais há colunistas de imprensa que, poucas horas depois de publicarem em jornais, colocam nos blogues os textos publicados.
Ora, se eu compro, por exemplo, o Público, ao sábado, apenas para ler Pacheco Pereira, posso deixar de gastar 1,25 euros e basta-me para isso esperar umas horas até que a sua crónica apareça no blogue “Abrupto”, onde a poderei ler e guardar em papel sem gastar um cêntimo...
Esta é, naturalmente, uma reflexão que jornais e autores podem vir a fazer.
Outra, bem diferente, é aquela que vira do avesso a lógica da leitura. Exemplo: como todos os sábados, comprei o Expresso e li, ao longo do fim-de-semana, o que mais me chamou a atenção ou me interessou. Provavelmente hoje, segunda-feira, o jornal iniciaria o seu processo de falência e morte natural. Mas eis que, por causa de um blogue, 2 artigos que provavelmente me passariam ao lado, são repentinamente alvo da minha atenção.
João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos, acordou-me para os dois textos:
“O suplemento "cultural" do Expresso, escreveu ele, vale apenas porque intermitentemente insere bons artigos, coisas para pensar. O resto é sempre pequenas prosas por pequenos tartufos. Esta semana valem os textos de Nuno Crato sobre o ensino da matemática no "básico" (não adianta andar a distribuir computadores quando o sistema prepara mentecaptos através de facilitismos estéreis espelhados em regulamentos que querem dizer nada) e de Joaquim Manuel Magalhães sobre o regime, o "socratismo" da felicidade que espreita à esquina. (...) Ficam "algumas palavras" do Joaquim, de uma crónica terrivelmente intitulada "Derrocada": «(...) Destroem a classe média, precisamente aquela de onde, quando não sujeita às extremas pressões das insuficiências, quase sempre vi irromper as aberturas civilizacionais mais consistentes. Esta, não tendo para onde se voltar (já experimentou todos os partidos desta democracia), aceitará um dia politicamente o quê? Se é o espaço fundamental das conquistas democráticas, rapidamente também se torna o espaço da derrocada das próprias democracias. O nosso sistema político não estará já perigosamente em causa?»
Li o post e fui a correr recuperar o suplemento Actual do Expresso para ler os dois artigos, que são realmente relevantes e marcam os dias que passam. Poucas horas depois, no mesmo blog, eram disponibilizados na íntegra os textos originais.
O que resulta daqui?
Duas ideias: primeira, a de que a blogoesfera, quando tem credibilidade e inspira confiança, nos pode devolver aos jornais e forçar a olhar de novo para eles; segunda, a de que é essencial reflectir com precisão e rigor sobre esta relação entre jornais e blogues. Nalguns casos, por causa de um blog não lemos um jornal. Noutros, exactamente o contrário. Veremos o que o futuro nos reserva.
publicado por PRD às 18:39
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Sábado, 27 de Outubro de 2007

Domingo no rádio

No próximo domingo, entre as 11 e as 12:00, Na Antena Um, converso com Pedro Lauret, capitão de mar e guerra, membro da Associação 25 de Abril, editor do blog "Avenida da Liberdade" (http://www.avenidadaliberdade.org).
publicado por PRD às 18:00
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Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007

Blog da Semana: "Da Literatura"

Chama-se Da Literatura e tudo indicaria que se trata de um blog dedicado aos livros, às letras. Redondo engano – e talvez por isso, uma escolha da semana.
“Da Literatura”, então. Poeta, ficcionista, ensaísta e crítico literário, actualmente ligado ao jornal Público, Eduardo Pitta é o autor deste blog, ainda que por lá apareça também o nome de João Paulo Sousa.
Bom, quem o alimenta é mesmo o poeta, assumo portanto que o blog é dele. Por que o integro na escolha do meu blog da semana? Bom, porque é um blog alargado na perspectiva, no horizonte, e que revela muito do seu autor. Quem goste de ler a poesia de Eduardo Pitta, ou quem acompanhe o seu percurso no jornalismo, tem aqui uma espécie de visita guiada à casa do autor. Sendo certo que é um homem com múltiplos interesses. Apesar do nome “Da Literatura”, o que lé se encontra são bons textos para ler. Seja sobre politica – ainda esta semana chamou "watergatezito" ao desabafo de Pinto Monteiro sobre as escutas telefónicas – mas também sobre o mundo internacional, a arte, o cinema, os livros, a vida.
Vale a pena, por exemplo, recuperar e ler a série de textos sobre Roma vista por Eduardo Pitta: uma cidade para lá da capital turística, uma cidade com pessoas e bairros e graffitis nas paredes e gente simpática e bonita e afável:
“Para o melhor e para o pior, a capital italiana é uma cidade do século XIX. Seria longo explicar porquê. Quem conhece, sabe do que falo. Quem não conhece, devia ir conhecer”. E entretanto ler a reportagem em partes do poeta e escritor. Fiquei com vontade de voltar a Roma…
No blog de Eduardo Pitta há espaço para o desabafo particular, o ensaio aprofundado, a reflexão ou o apontamento critico, como este que me levou a querer confirmar no cinema se faz sentido ou não:
“Jodie Foster, escreve Pitta, deu no goto à bem-pensânsia. Há muitos anos que cada novo filme seu chega envolto em tese. O mais recente, The Brave One, que entre nós se chama A Estranha em Mim, nem como telefilme da série B se safa. (…) Com boas intenções nunca se fez arte. É mesmo como cinema que a história de Erica Bain é um flop.”
“Da Literatura” se chama então este meu blog da semana – um diário, um jornal, tudo isso e um pouco mais no universo de gostos e interesses de um poeta e escritor. Vale a pena conhecer.
publicado por PRD às 20:04
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Preto e branco

A polémica começou quando o Prémio Nobel James Watson disse acreditar que os negros são menos inteligentes do que os brancos. O “Sunday Times” publicou as declarações e daí para a frente foi o disparate dos disparates, com toda a espécie de comentários. O senhor já pediu desculpa pelo que disse, mas a festa continua… Luis M. Jorge no blogue Vida Breve analisou os diversos tipos de reacção:
“A boutade do cientista James Watson, se teve algum mérito, foi o de nos revelar mais uma vez os fundamentos simbólicos da segmentação política: a desigualdade horroriza a esquerda, mesmo que provenha (principalmente quando provém) da natureza; já o outro, o estranho, o fraco, o estrangeiro, o muçulmano, o homossexual, o negro, fazem eriçar os instintos tribais de protecção que formam a perturbadora identidade da direita. De um lado a inveja, do outro o medo. Caminhamos em territórios familiares”.
Entretanto o cientista, além das humilhações publicas, viu canceladas conferências e de alguma forma limitadas as suas palavras.
Rui Ângelo Araújo, no blog Canhões de Navarone, vai atrás das sequelas do caso. Concorda que não se deve silenciar James Watson. Só que, escreve, “ninguém silenciou o homem. Cancelaram-se conferências, o que é um bocadinho diferente. (…) Não me ocorre proibir estudos sobre a inteligência dos pretos, das mulheres, dos gordos ou até dos níveos plumitivos portugueses. Mas, por favor, deixem-me pelo menos rir à vontade de quem propõe que a inteligência é negativamente afectada pela cor da pele, a vagina ou uns quilos a mais”
Pedro Sales, no blog Zero de Conduta recoloca a questão onde ela nasceu:
“James Watson, continuando o seu historial de proclamações polémicas na véspera do lançamento dos seus livros, tentou vender a banha da cobra. Escolheu uma polémica garantida. Não existe nenhum "tabu", como insinua José Manuel Fernandes (no jornal Publico), na conclusão científica de James Watson. O problema é que ela não é científica, mas vende a ciência para se legitimar e defender o mais profundo dos estigmas racistas”.
Sobre ciência, estudos e este tema, vale a pena dar um salto ao blog Cinco Dias, onde está um bem estruturado texto de Vasco Barreto, e outro de Sérgio Lavos, no blog Autoretrato – ambos demasiado complexos para em rádio os conseguir resumir.
Já num sentido oposto aparece o filósofo Desidério Murcho no blog Rerum Natura:“Watson, escreve, pode estar a ser vítima do “politicamente correcto”. Hoje é proibido pensar que as pessoas podem ser diferentes umas das outras em capacidades cognitivas, sendo tais diferenças correlativas às suas origens genéticas. Tal como é proibido dizer que o aquecimento global não é provocado pelos seres humanos. A proibição em si é grave.”
Vai em grande a polémica...
Não tendo nada a ver com o tema, mas sendo uma nota de humor relacionada com a raça, cá vai uma das ultimas de Rodrigo Moita de Deus no blogue 31 da Armada:
“Leio no Diário de Notícias que um deputado Angolano foi eleito para o parlamento Suiço. Suiça, repito. Em Portugal, país dos pantones, a nossa assembleia é de uma assustadora lividez.”
É sim senhor. E com esta me vou, para voltar amanhã.
publicado por PRD às 01:21
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Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

O povo retirado da equação?

“Teremos referendo ou o povo vai ser retirado da equação?” – a pergunta, assim colocada por Miguel Portas no blog Sem Muros, dá o mote ao amplo debate que vai na blogoesfera sobre a ratificação do Tratado de Lisboa.
Como se não bastasse a delicadeza do tema em si, chegou agora o distinto Vital Moreira no blog Causa Nossa e escreveu:
"Os que defendem o referendo sobre o Tratado de Lisboa já experimentaram
lê-lo? E acham que algum cidadão comum consegue passar da segunda página? Não será tempo de deixar de brincar aos referendos?"
E pronto: caiu-lhe meio mundo em cima. Rui Cerdeira Branco no blog Adufe chamou-lhe paternalista e comentou:
“Serve essa complexidade agora de pretexto para desvalorizar e ridicularizar o exercício político por via referendária. O caminho que cegamente se trilha levará invariavelmente a um "Fiquem lá com a Europa que nós vamos por outro lado."
E remata: “Haja referendo porque SIM é cada vez mais uma excelente razão
. Tão boa como porque NÃO”.
Paulo Pinto Mascarenhas no blog da revista Atlântico concorda:
“Sem euroexcitamentos ou eurodepressões, acho que o referendo, agora que o tratado está aprovado, seria uma belíssima oportunidade para se discutir que lugar quer ocupar Portugal. Na Europa e no Mundo. Para votar “Sim”, porque não vejo a soberania em risco.”
Procurei alguém que dissesse não ao referendo e encontrei: Sebastião, no blog o Conserto das Nações, dá 3 razões para não referendar o Tratado:
Primeira, “a proliferação de referendos não me parece muito recomendável numa democracia representativa”. Segunda, “as campanhas referendárias tendem a assumir a forma de debates partidários e não de discussões sobre o que se pretende ratificar”. Terceira, “a política externa é tradicionalmente uma área opaca, que a generalidade da população conhece mal”.
Lá está a velha teoria: deixemos o povo em paz, ele não sabe do que fala...
Sofia Loureiro dos Santos tenta, no blog “Defender o quadrado”, explicar a lógica do Governo:
“Sócrates prometeu o referendo
em campanha eleitoral; nos últimos tempos tem tentado recuar, com receio que o resultado do referendo seja desfavorável, estando aliás em acerto com o Presidente da República”. Mas depois atira-se às contradições do habitual Abrupto:
“Para Pacheco Pereira, se Sócrates não quiser referendar está mal, pois desrespeita o povo que o elegeu, diminui a democracia e afasta os cidadãos dos governantes; se Sócrates referendar também está mal, porque o faz apenas e só porque daí tirará dividendos políticos internos, ganhando pela dúbia posição do PSD. Pacheco Pereira entrou em delírio, em plena esquizofrenia (ou desonestidade?) intelectual”.
E é assim que estamos, debatendo o referendo antes mesmo de debater o tratado.
publicado por PRD às 22:31
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Terça-feira, 23 de Outubro de 2007

Estranhos ruídos ruidosos

Ruídos estranhos - estará o auditório da Antena Um a ouvir ruídos estranhos neste preciso momento? Esperemos que não.
Mas fica o aviso: além do Procurador Geral da Republica, a blogoesfera também anda a ouvir ruídos estranhos desde que, no sábado, numa entrevista de imprensa, o Dr. Pinto Monteiro confessou que não estava seguro de que o seu telefone não possa estar sob escuta...
José António Barreiros, no blog Revolta das palavras sugere que o Procurador se queixe... a ele próprio. E pergunta: “Mas será que ele acredita que o PGR tem força e poder para conseguir evitar que lhe ponham o telefone sob escuta?”
Mais irónico ainda, José Teófilo Duarte, no Blog operatório, não acredita na tese da escuta: “Não estará com certeza a ser escutado, escreve. Sempre é o Procurador-geral da República. Em vez de se ir queixar para a comunicação social, não fazia melhor figura se fosse pôr o telemóvel a reparar?”
Rui Costa Pinto acha da “maior gravidade”, no blog Mais actual, a declaração do procurador e escreve: “A Lei não permite que os serviços de informações, ainda que dependentes do primeiro-ministro de Portugal, façam escutas. O que quererá dizer o PGR? Que os serviços de informações fazem escutas ilegais? (...) A entrevista de Pinto Monteiro não pode cair em saco roto. Não é normal um Procurador-Geral da República vir a público manifestar tal dúvida e fazer questão de dizer que não tem medo de ninguém”.
David Dinis, no blog O Insubmisso, nota uma coincidência relevante:
“O mais estranho na entrevista de Pinto Monteiro ao "Sol" não são os duques que ele diz que lhe saíram na rifa, nem as escutas que garante não controlar. É o facto de dizer isso apenas uns dias depois de ter ido a Belém conversar com Cavaco Silva. Ninguém me convence que não há uma carta escondida neste poker à Monteiro”.
Que carta pode ser essa?
Não sei, sinceramente. Mas não posso deixar de estar de acordo com Miguel Abrantes quando, no blog Câmara Corporativa, e sobre este tema, alarga a questão às ideias gerais do Procurador e escreve;
“Maior consternação está a causar a referência do procurador-geral da República ao baronato do Ministério Público, sempre sequioso de mordomias, rebelde à hierarquia e, em muitos casos, altamente preguiçoso (...). Apesar de estar há um ano à frente do Ministério Público, foi nesta magistratura que Pinto Monteiro começou a sua carreira e certamente sabe do que fala. Feito o diagnóstico, só resta esperar pela terapêutica”.
A saber: a questão das escutas é mais soundbyte do que matéria de fundo, mas nesse caso como no do funcionamento do Ministério Publico, se o Procurador tem o diagnóstico, o povo aguarda a cura dos males maiores.
publicado por PRD às 14:46
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"Porreiro, pá!". Porreiro, pá?

Uma busca de Internet rapidamente chegaria a essa obtusa conclusão: a expressão mais usada em língua portuguesa neste fim de semana na blogoesfera foi, obviamente, “Porreiro, pá!”.
Um descuido feliz – raro acontecer, não é? – dizia, um descuido feliz do primeiro ministro depois de uma longa maratona diplomática originou essa propagação imediata da expressão que José Sócrates segredou a Durão Barroso mas foi ouvida por todos.
Vamos ver o que encontro na blogoesfera…
Bruno Alves no blog Insurgente desvaloriza os acordos europeus:
“Sócrates quer fazer da “sua” Presidência da UE um sucesso aos olhos da “Europa”, para mais uma vez se engrandecer aos olhos dos eleitores nativos. Veja-se o que se passou esta semana: Portugal perde poderes no quadro institucional da UE, e não há uma palavra do Primeiro-Ministro sobre o assunto. A UE dá um gigantesco salto em frente, e não há uma reflexão do Primeiro-Ministro. Apenas se ouvem da sua parte (…) a sua habitual frase de que “este é um momento histórico”
Bruno Cardoso Reis no blog Amigo do Povo é mais optimista e crédulo. Escreve:
“Sinto-me tentado a acreditar (…) que Portugal nunca teve tanto peso efectivo no coração Europa como hoje. (…) Ilusões, dirão. Independência, independência - soberania mesmo face à Europa - era com Salazar. Tal seria, suponho, quando a tropa portuguesa andava a combater em África com camiões e metralhadoras alemãs e helicópteros franceses. Ou então talvez, logo depois, quando o pessoal revolucionário, que agora se reciclou em bloco, rebentou soberanamente com a economia de tal maneira que pôs o FMI a mandar cá em vez do BCE. Bons tempos, dirão! Talvez. E que tal fazer um referendinho sobre o assunto?”.
Valupi, no blog Aspirina B, certamente concordaria porque acrescenta: “A bebedeira da imbecilidade não vai conseguir entornar o facto: a presidência portuguesa esteve à altura do desafio, ou terá superado as expectativas, mostrando capacidades técnica e política irrepreensíveis”
O jornalista João Pedro Henriques, no blog Glória Facil, observa que
"José Pacheco Pereira já produziu 27 posts intitulados "A fuga em frente da Europa", mas nada de comentar o Tratado de Lisboa". Aliás, vai-se ao blog Abrupto e o que se encontra por lá são opiniões dos leitores do blog. Um exemplo, o de Telmo Martins que aproveita o blog de Pacheco para pedir de joelhos:
“Afinal alguém me aclara quantos Tratados foram assinados nestes dois últimos dias!? A julgar pela massiva difusão televisiva parece tratar-se de vários! Quais as implicações que acarretam para a vida dos povos europeus em geral, e para os portugueses em particular, para os 200 mil que estiveram na rua e para os outros que não estiveram”… Perguntas, tantas perguntas…
Na verdade, parece evidente que o Tratado de Lisboa é documento que ninguém conhece. Também parece óbvio que, ainda assim, merece palpites e opiniões de todos.
Por mim, vou estar atento à blogoesfera - a ver se por ela saberei melhor e mais claramente o que por ali se passou no Parque das Nações. Até agora, nada de nada.
publicado por PRD às 13:21
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Domingo, 21 de Outubro de 2007

Blog da semana: não um, mas três...

Não um, nem dois, mas três – três blogs que junto para a minha escolha da semana. Não é por acaso que o faço, obviamente: cada um à sua maneira, eles representam um tipo de presença na blogoesfera que demorou tempo a chegar, mas começa enfim a despertar, sem vergonha e com propriedade: falo dos blogues pessoais de políticos.
Toda a gente fala sempre de Pacheco Pereira, o piomeiro da coisa, e logo parece que mais nenhum politico anda na blogoesfera. Mas anda, andam mesmo mais, todos os dias mais. Do que observo, da qualidade e do estilo dos diversos blogs, escolhi três que se completam na sua diversidade: os de António José Seguro, do PS, Miguel Portas, do Bloco de Esquerda, e Pedro Santana Lopes, do PSD.
Para já, todos têm o nome próprio no endereço, apesar de Miguel Portas depois chamar ao seu blog “Sem Muros”. Assume que é um blog pessoal, “embora conte com outras colaborações que serão assinadas. Durante o segundo semestre de 2007 acompanhará, em registo diário, as Europas de que a Europa se faz”
E assim é efectivamente: um blog muito preocupado com a Europa no momento em que Miguel é euro-deputado – mas sem deixar de reflectir e pensar outros temas. Ainda há dois dias lá encontrei um rasgado elogio ao documentário “Guerra”, de Joaquim Furtado.
Noutro registo, porventura mais pedagógico, mas por outro lado com elementos de marketing e e imagem apurados, encontro o blog do deputado socialista António José Seguro. Faz pedagogia explicando o que faz um deputado, marca a actualidade elegendo o positivo e o negativo de cada semana (noto, por exemplo, que deu nota negativa aos dois policias que abalaram a transacta semana sindical...). Tem design - e esse design apura a imagem do politico ao lado da mensagem. Eu diria que é meio blog, meio site. Mas permite conhecer as suas ideias, o seu trabalho, e aferir da sua relação com quem o lê.
Por fim, o blog de Pedro Santana Lopes. É, na minha modesta opinião, o “mais blog” dos 3 blogs – porque reúne em si as melhores características de um meio de comunicação deste tipo: impressionista, imediatista, muito opinativo, absolutamente pessoal, escrito na primeira pessoa. É igual ao seu autor: com repentes, com ataques, com paixão. Santana Lopes pode ter muitos defeitos, mas tem essa qualidade (que na política em geral se paga cara): não vira as costas e é repentista. Um blog é um pouco isso – e nesse sentido o blog dele é exemplar. Um exemplo apenas, no fim do Congresso do PSD. Escreve Santana:
“Domingo, depois de um Congresso muito cansativo, apesar de não ter feito qualquer intervenção. Mas essa foi uma das maiores dificuldades. Explicar às pessoas o porquê dessa decisão. Não é fácil estar presente, sendo ex- Presidente. Ser um militante comum, mas, ao mesmo tempo, ter a noção da responsabilidade especial que se tem de respeitar, sempre. Falar, não falar, estar, não estar, participar, não participar. Ainda por cima, com as constantes, permanentes, solicitações dos jornalistas. Simpáticos e afáveis, mas com uma pressão tal que deve irritar quem vê".
É assim Pedro Santana Lopes, é assim o seu blog.
Os três que escolhi são fáceis de encontrar:
www.miguelportas.net
www.antoniojoseseguro.com
pedrosantanalopes.blogspot.com

São as minhas escolhas para uma semana cheia.
publicado por PRD às 02:51
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Sexta-feira, 19 de Outubro de 2007

Domingo no rádio

No próximo domingo, entre as 11 e as 12:00, Na Antena Um, converso com Daniel Carrapa, arquitecto, autor do blog "A Barriga de um Arquitecto" (http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com).
publicado por PRD às 12:25
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Estes textos são escritos para serem “falados”, ou “lidos”, pelo que não só têm algumas marca de oralidade (evidentemente, propositadas...) como é meu hábito improvisar um pouco “em cima deles” no momento em que gravo a rubrica. Também é relevante dizer que, dado tratar-se de uma “revista de blog’s” – e uma vez que os blog’s não se preocupam com a oralidade ou com a eventual citação lida dos seus textos -, tomo a liberdade de editar minimamente os textos que selecciono. Faço-o apenas para que, em rádio, não se perca a ideia do blogger pelo facto de escrever frases longas e muito entrecortadas. Da mesma forma, não reproduzo palavrões nem frases pessoalmente ofensivas, assim como evito acusações cuja possibilidade de prova é diminuta ou inexistente. Sendo uma humilde crónica de rádio, tinha ainda assim de ter alguns princípios. São estes. Quem tiver razão de queixa, não hesite!

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