Era inevitável: Scolari, e a cena final no jogo com a Sérvia, ontem à noite, domina as atenções da blogoesfera. Ultrapassa o Dalai Lama e o começo do ano escolar em atenção e interessa. Num país onde há 10 milhões de candidatos a treinadores da selecção nacional, aqui está um pasto verde para todos...
“Sempre defendi que fosse despedido”, escreve Bruno Sena Martins no blog “Avatares de um desejo”, “mas uma decisão certa pelas razões erradas é uma decisão errada. Pacifista que sou, a minha solidariedade é pelo homem desesperado que desata ao sopapo. Por uma vez não contem comigo para o deitar abaixo”.
Nem comigo, acrescento eu. Deitado abaixo já está na pena de Bruno santos no blog “Baixa Autoridade”: “Scolari dá por terminada a sua carreira na selecção nacional e assinala o momento com um gancho de esquerda sobre um estranho e muito alto atleta sérvio”.
João Reis Ribeiro, no blog “Nesta Hora”, usa a expressão óbvia - “Entre o bestial e a besta”. E escreve: “A palavra mais suave que os jornais encontraram foi "vergonha" para o "Mister". Então o homem que nos encheu de orgulho, levando-nos a estimar (e a exibir) a nossa bandeira, já não serve para nada? Torna-se irritante esta prática jornalística que transforma, nuns dias, um indivíduo em génio e, noutros, o mesmo indivíduo em subespécie. A imprensa glorificou Scolari; a imprensa tem-no pressionado; a imprensa derrota Scolari. Quem pede à imprensa que seja juiz?”
Eis uma boa pergunta – a que uma resposta empírica diria: são os leitores, quem sabe...
Por exemplo, o politico Jorge Ferreira, no seu blog “Tomar partido”, não hesitou um segundo ontem à noite: “Uma vergonha. Obviamente, espero que amanhã já não seja o seleccionador nacional”.
Nelson Marques, no blog “Tribo do futebol”, prefere analisar o tema pela lógica dos públicos e dos treinadores e parece pensar que a cena de violência não seria condenatória se porventura Portugal tivesse ganho...
“O divórcio do público em relação ao seleccionador não traz nada de novo. Scolari, como qualquer treinador, será sempre bestial quando ganha e besta quando perde. Mais grave será um eventual divórcio com a equipa e, para isso, era bom que Scolari voltasse a convocar a Nossa Senhora do Caravaggio para que o ajude a unir as tropas em torno do objectivo”.
Salva-nos de desgraça, então, a ironia e o humor. Encontro primeiro no blog “Irmão Lúcia” com Pedro Vieira: “Se o scolari interrogasse a kate mccann a verdade saltava toda cá para fora”
E melhor ainda para fechar a loja, com Rodrigo Moita de Deus no “31 da armada”: “Empatar jogos fáceis, deixar o apuramento para a última jornada, bater nos adversários no final do jogo. Depois de tantos anos por cá, o único problema de Scolari é estar a aportuguesar.”
E assim ficamos. Volto amanhã com mais notícias do mundo de lá......