Está na hora de começar a olhar o ano que passou, 2009, neste universo específico em que me movo diariamente e que passa pela Internet, mais especialmente pelos blogues.
Hoje e amanhã, vou tentar desenhar aqui o que foi o ano nesta plataforma. E é incontornável começar pela politica – 2009 foi um ano de eleições diversas, de combates duros na politica, de um PS vitima do desgaste governativo, de um PSD perdido e de liderança duvidosa. Como sempre, desde que nasceu o blog, o debate politico exacerba-se na rede. Os apoiantes tornam-se mais militantes, os críticos são ainda mais críticos – e os confrontos são, muitas vezes, de violência desmedida.
Blogues como o Câmara Corporativa, claramente colado ao Governo e ao PS, ou Arrastão, claramente próximo do Bloco de Esquerda, ou o 31 da Armada, á direita, protagonizam um 2009 de permanente troca de argumentos. A estes se juntam os blogues individuais de um Pacheco Pereira ou de um Santana Lopes, num ping pong permanente.
Este ano, com eleições legislativas e autárquicas, os próprios partidos tinham de ganhar protagonismo no mundo dos blogues – e lá vieram os sítios de apoio a cada um dos concorrentes, como vieram também os blogues presumivelmente independentes, colectivos, de apoio a uma força ou outra.
Entre as muitas criticas que recebo por esta Janela, destaca-se o facto de recorrentemente falar de alguns blogues. Como se só houvesse aqueles, ou os outros não interessassem. É óbvio que isso não sucede, mas é verdade que há alguns blogues com passe social aqui na casa - e se isso ocorre, deve-se ao protagonismo, à iniciativa, e à atitude desses blogues. Nessa medida, falar de 2009 e não falar do eterno e mais que repetido 31 da Armada seria uma injustiça – foi este blog, convêm não esquecer, que reabriu o debate sobre republica e monarquia substituindo a bandeira nacional pela bandeira monárquica na Câmara Municipal de Lisboa. E foi tb este blog que no dia 25 de Novembro colocou no Campo Pequeno uma estátua de 2 metros representando Jaime Neves em homenagem ao militar estrela dessa data de 1975... Não só comandou estas operações, como as trabalhou em vídeo e em posts que ajudaram a dar ainda mais visibilidade às acções.
À medida que os anos passam e os blogues crescem, amadurecem, e a própria plataforma ganha consistência a riqueza, até do ponto de vista dos recursos disponíveis, é evidente que a politica e os políticos acabam por lhe reconhecer mais relevância.
2009 mostrou isso mesmo – e por isso, simbolicamente, a imagem que me fica deste tempo na relação entre blogues e politica é de José Sócrates candidato a primeiro-ministro em campanha, aceitar uma tertúlia em Lisboa com bloggers de todas as origens. O homem que antes se tinha referido ao mundo dos blogues como uma espécie de seita mafiosa, ou o inferno em versão 2.0, acaba por dar o braço a torcer e reconhecer o meio como válido para fazer passar a sua mensagem. Políticos e blogues? Se não os podes vencer, junta-te a eles.