“Nunca vos apeteceu fotografar alguém? A mim já. Não acham que há pessoas que têm o dom de vestir bem ou a audácia de o fazer de forma diferente? Eu acho. A ideia não é original. Talvez já nem venha a tempo de ser inovadora. Mas porque as boas ideias não se têm apenas mas também se aproveitam, decidi criar O Alfaiate Lisboeta”.
Ai está então o dinâmico, moderno e excelente observador blog Alfaiate Lisboeta – em oalfaiatelisboeta.blogspot.com. nasceu em Janeiro deste ano e acumula por lá um portfólio muito interessante de imagens e textos sobre pessoas com quem o autor se cruza na rua, e a quem pede para fotografar porque vê nelas tendênia, moda, criatividade, ousadia.
O primeiro post, por exemplo, exibia um adulto, em pleno Inverno, com uns calções e esta legenda simples:
“Porque é que o uso de calções haverá de ser prerrogativa de crianças e escuteiros?”
O Alfaiate mistura muitíssimo bem moda, roupa, e tendência, modernidade. Aqui há dias escrevia, debaixo de um conjunto muito dinâmico e criativo de fotografias de casais, um post notável sobre Lisboa, o romance e a distancia:”Lisboa é destino romântico é destino de engate. É spot gay é spot hetero. Viajantes cruzam-se e lisboetas encontram-se. E de cada ano que passa a cidade fica mais cosmopolita e globalizada e mais cosmopolitas e globalizados ficam também os casais que por aqui se avistam. Nos meus tempos de faculdade tinha um estranho fetiche em torno de me apaixonar por uma estudante Erasmus. (...) Encarava de forma romântica aquele dia da separação em que talvez (...) se chegasse à conclusão que merecia a pena continuar e validar uma relação por correio, e-mail, msn, skype e viagens esporádicas nas quais se poderia matar a saudade, consolar a libido e alegrar o coração. E só mais tarde percebi que a separação e a distância têm mais de tramadas e lixadas que românticas ou encantadas e (...) que era uma graça divina apaixonarmo-nos por alguém que paire perto de nós”.
O Alfaite Lisboeta pede sempre autorização para fotografar os seus modelos de rua. Na semana passada encontrou Diogo, a primeira pessoa com quem se cruza e que curiosamente conhecia o blog: “É uma sensação engraçada, diz ele. Por mais gente que aqui venha existe uma vida para além da blogosfera e é engraçado pensar que nesse mundo real feito de pessoas de carne e osso com quem me cruzo na rua, (...) haja também quem por aqui passe. O Diogo estuda Design de Moda e isso, cliché ou não, nota-se. É natural esperar-se de alguém que estude Moda que a veja – e sai outro cliché – para além do horizonte que os outros a avistam. Mas os clichés, note-se, existem por algum motivo. Existem porque fazem realmente sentido. (...) O Diogo quanto mim, estude lá o que ele estudar, é um miúdo muita giro. E sem querer parecer antidemocrático, para mim...é ponto final parágrafo”.
O Alfaiate lisboeta é divertido, modista, inteligente, e olha quem passe por Lisboa com olhos fora do comum. Só por isso, já merecia o destaque.