“Junte numa panela, água, vários nomes aleatórios, grandes quantidades de “diz que disse”, misture bem em lume “médias”. Aos poucos adicione falta de pudor, idiotices e falta de carácter em boa quantidade. Não prove e deite fora. Cozinhou um belíssimo “Pressionador”” – assim fala Daniel Santos sobre a palavra do dia: a pressão. Fala-se de pressão por causa do caso Freeport, houve procuradores que investigam o caso e se queixaram, e o Procurador Geral Pinto Monteiro fez um comunicado a dizer que ninguém se pode deixar pressionar...
Os blogues, esses, pressionam que se fartam: Carlos Abreu Amorim, no Blasfémias, pressiona quando escreve “quer o Procurador queira quer não, toda esta turbulência já abala os alicerces do regime, quer no plano político quer no que toca ao sistema de Justiça”.
Pressiona Marta Rebelo, no Babel, quando escreve no Pais das incompletas maravilhas: “pessoas que exercem cargos relevantes para a paz da comunidade e construção do tecido social, não devem contribuir para a sua desconstrução. Devem ser livres e falar. Mas ponderar, também. Ou provar, em alternativa. Pronto, ao menos completar as frases”.
Pressiona Coutinho Ribeiro no Delito de Opinião quando manifesta desconfiança e nota que “vindo as divergências sobre a matéria do mesmo corpo de magistrados, alguma coisa me diz que isto vai acabar mal”.
Também pressiona Carlos Nunes Lopes, no 31 da Armada, mesmo dizendo “Ai de quem se deixar pressionar por alguém. Ai de quem disser a alguém que está a ser pressionado. Ai de quem se deixar pressionar por aqueles que dizem que vós estais a ser pressionados”. Ou Nuno Goveia, no mesmo blog, quando se interroga: “Dizer que esta investigação apenas existe por força das intervenções de forças ocultas, que manipularam os factos de forma a conduzir a investigação num determinado sentido, não será uma pressão sobre quem investiga?”.
Outra forma de pressão, a de Daniel Oliveira no Arrastão em quatro linhas apenas: “Olhando para a forma como reage a cada notícia desagradável e as suaspeitas que lança sobre todos os órgãos de informação que não lhe prestam vassalagem, alguém acredita que o governo seria capaz de qualquer tipo de pressão sobre os investigadores do caso Freeport?”
Pressionar, pressionar, pressionar. De nada serve a memória do blog Catarse, que junta para cima de uma dezena de depoimentos de magistrados dados em Fevereiro ao Procurador. Por exemplo,
Hortênsia Calçada (DIAP do Porto): “Tenho a honra de informar que nunca me foi apresentada qualquer queixa relativamente a pressões ou intimidações”. Ou
Alcides Rodrigues (DIAP de Évora): “Nenhum magistrado do Ministério Público me deu conhecimento de alguma intromissão ou pressão sobre a sua actividade”.
E como estes, muito mais. Mas isso agora não interessa nada: João Gonçalves concorda comigo e diz que “as pressões estão, pois, na moda”. Vivemos sob o regime da pressão. Um dia destes, entramos no domínio da pressão de ar...